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O Bradesco ficou vendo por anos rivais crescerem no Brasil por meio de grandes aquisições. Mas nesta segunda-feira, o segundo maior banco privado do país anunciou a compra das operações brasileiras do HSBC em uma transação que aumentará seus ativos em 16 por cento.

Agora vem a parte difícil: Integrar o negócio, incluindo as 851 agências do HSBC, cinco milhões de clientes e 21 mil funcionários no Brasil em meio à pior recessão em 25 anos.

O presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, superou rivais ao oferecer pagar 17,6 bilhões de reais (5,2 bilhões de dólares) pela deficitária operação do HSBC Brasil, em uma transação que avaliou o banco comprado em 1,8 vez seu valor contábil.

Analistas e investidores disseram que a aquisição, a maior dos 74 anos do Bradesco, testará a habilidade de Trabuco para absorver as atividades de gestão de ativos, bancárias e de seguros em um período de inflação alta, queda na demanda por crédito e aumento do desemprego no país.

A capacidade do Bradesco em fazer a aquisição se pagar depende de quão rápido Trabuco poderá atingir mais de 6 bilhões de reais em economias de custos prometidas, disseram analistas.

Estas economias dependerão amplamente de como o Bradesco cortará milhares de empregos sem entrar em conflitos trabalhistas e cair no crivo de autoridades políticas que podem desacelerar o processo.

Trabuco, 63 anos, ganhou reputação de manter os custos baixos. O executivo começou sua carreira como estagiário no Bradesco 40 anos atrás e é conhecido por evitar os holofotes.

As despesas desconsiderando juros do Bradesco cresceram abaixo da inflação anual nos últimos 14 trimestres, rivalizando com o Itaú Unibanco, que os analistas largamente consideram como o banco brasileiro mais eficiente em custos.

Trabuco se esquivou de questões sobre se corte de empregos será parte dos planos de economia de custos e o maior sindicato da indústria financeira do Brasil já esteja planejando manifestações de âmbito nacional para lutar contra qualquer tentativa do Bradesco de reduzir os quadros do HSBC.

Ele também terá trabalho em convencer os investidores depois que as ações do Bradesco encerraram em queda de mais de 3 por cento nesta segunda-feira, após o anúncio da compra do HSBC Brasil.

“Trabuco fez um grande trabalho superando os rivais que tradicionalmente competiram nos negócios de grande porte com eles, mas a tarefa de integrar o HSBC Brasil à plataforma do Bradesco me parece uma batalha difícil”, disse Carlos Daniel Coradi, sócio na empresa de consultoria bancária EF&C, baseada em São Paulo.

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O HSBC Brasil consistentemente apresentou performances mais fracas que de seus pares no Brasil conforme os executivos do banco optaram por dar preferência às relações com clientes corporativos ante a lucratividade, mantiveram agências com muitos funcionários e falharam em proteger o lucro da instituição de uma economia em deterioração.

Eduardo Nishio, um analista do Banco Brasil Plural recentemente estimou que até 40 por cento da folha de pagamento do HSBC teria que ser cortada para que uma sinergia de custos considerável possa ser obtida.

A extração de “sinergias pode ser difícil. A entrega delas será fundamental para justificar o negócio”, disse Eduardo Rosman, um analista do banco BTG Pactual. O HSBC tinha cerca de 157 bilhões de reais em ativos no final de junho.

Trabuco disse que a compra do HSBC Brasil se encaixa no plano do Bradesco de aumentar a venda cruzada de serviços financeiros como gestão de fortunas e de ativos para grandes corporações. Além disso, a aquisição ajuda o tamanho do Bradesco a se aproximar do Itaú, assim como dos estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Falando em uma teleconferência, Trabuco reconheceu que há um grau de risco em qualquer grande aquisição, mas minimizou os desafios de integração com HSBC Brasil, primeira grande compra do Bradesco desde 2009. Ele estimou que a compra começará a ajudar os resultados do Bradesco em 2017.

“Fizemos nossa lição de casa”, disse Trabuco, adicionando “estamos confiantes de que atingiremos nossas metas dentro do prazo”.

Vencendo na compra do HSBC Brasil, o Bradesco também evitou a expansão do único banco estrangeiro entre os maiores internacionais no Brasil, o Santander Brasil, que também tentou levar as operações.

Com a exceção de diversos bancos chineses e o Grupo Financiero Inbursa, o banco mexicano controlado pelo bilionário Carlos Slim, os bancos estrangeiros têm se mantido cautelosos sobre entrada no Brasil, onde as seis maiores instituições financeiras controlam quase 90 por cento dos ativos bancários do país.

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