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Fábrica da Arauco em Jaguariaíva: maior companhia florestal do Hemisfério Sul | Divulgação
Fábrica da Arauco em Jaguariaíva: maior companhia florestal do Hemisfério Sul| Foto: Divulgação

As nove fábricas da Arauco na América do Sul produzem 50 tipos de painéis de madeira, vendidos em 80 países. Dentre inúmeras combinações possíveis, qual distribuição de tarefas garantirá a maior geração de caixa? Quem dá a resposta, e anda ditando as decisões na empresa, é um programa de computador.

Rogério Latchuk, vencedor do Equilibrista 2016: ferramenta que ele e sua equipe desenvolveram distribui tarefas entre as nove fábricas da Arauco na América do Sul.Albari Rosa/Gazeta do Povo

O EXECUTIVO

Rogério Latchuk tem 49 anos e entrou na Placas do Paraná aos 14, como office-boy. Operou os primeiros computadores da empresa, em meados da década de 1980. Tomou gosto e foi aprender programação. Depois enveredou pelas áreas de Administração (graduação), Finanças (pós) e Gestão Empresarial (MBA). Em 2005, atuou no processo de venda da Placas do Paraná para a Arauco e, mais tarde, na compra da parte florestal da Stora Enso, da Tafisa e da Florestal Vale do Corisco.

Alimentado por informações trazidas pelos funcionários – o custo das matérias-primas, os estoques de cada unidade, o ritmo de produção de cada máquina, as despesas de transporte e os preços de venda nos diferentes mercados –, o software aponta qual o “mix” mais rentável. Ou seja, o que cada fábrica deve produzir, para qual cliente e em que quantidade. Ele é capaz, também, de alertar quando o melhor é recusar um pedido ou mesmo tirar de linha determinado item.

O executivo que liderou o desenvolvimento desse sistema será homenageado na próxima quinta-feira (27) pela seção paranaense do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR). O curitibano Rogério Latchuk, diretor de administração e finanças da Arauco do Brasil, receberá o Troféu Equilibrista, prêmio concedido desde 1985 aos mais destacados profissionais da área no estado.

O MODELO

O software da Arauco usa os princípios da programação linear, na qual problemas são traduzidos em equações matemáticas que, executadas, apontam os resultados “ótimos”. Essa ferramenta começou a ser usada na Segunda Guerra Mundial, para decidir a melhor distribuição de recursos escassos como combustível e alimentos, conforme o posicionamento das tropas.

O que mais chamou atenção dos jurados do Ibef-PR, que escolheram o “case” da Arauco dentre os cinco finalistas deste ano, foi a simplicidade e o baixo custo do projeto. Encomendado pela matriz da companhia, no Chile, o sistema foi desenvolvido por Latchuk e sua equipe sobre um software chamado What’sBest!, que é “embutido” em planilhas eletrônicas do Microsoft Excel.

“É uma ferramenta estrangeira, que custa em torno de US$ 5 mil. Convenci meus superiores de que valia a pena apostar”, diz o executivo. “Esse modelo pode ser aplicado em praticamente qualquer empresa. Pessoas acostumadas a trabalhar com planilhas eletrônicas não terão maiores dificuldades em programá-lo.”

A EMPRESA

Maior companhia florestal do Hemisfério Sul, a Arauco emprega mais de 2 mil pessoas no Brasil. Suas três fábricas no país ficam no Paraná. As unidades de Jaguariaíva e Piên produzem painéis de madeira nus e revestidos, dos tipos MDF e MDP. Em Araucária, uma indústria química produz resinas e outros insumos usados na fabricação dos painéis.

Em operação há dois anos, o “modelo três países” ajuda a Arauco a planejar de forma integrada a produção de quatro fábricas no Chile, duas na Argentina e três no Brasil, todas no Paraná. Ele orienta decisões do dia a dia e outras nada triviais, como a suspensão, por quatro meses, do terceiro turno de uma das unidades brasileiras, em 2015.

Mas o maior ganho, avalia Latchuk, é a quebra de paradigmas. O uso do software mostrou que ações aparentemente óbvias, repetidas ao longo do tempo sem questionamentos, podem não ser as mais rentáveis.

“O modelo desmistificou algumas coisas”, conta o executivo. “Temos um painel de madeira que era fabricado apenas em uma linha de produção, mais produtiva. Mas o modelo indicou que esse produto deveria ser feito em outra linha, menos produtiva. No começo, ninguém entendeu. Mas, analisando a resposta, notamos que esse deslocamento abriria espaço para a produção de outros itens, com mais rendimento, na primeira linha. E, no fim das contas, essa combinação era mais vantajosa.”

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