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A mudança de rumo na política econômica promovida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a baixa atividade econômica e as paralisações em grandes obras se refletem nos setores de caminhões e de máquinas agrícolas e rodoviárias. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam uma queda de 49% na produção de caminhões no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2014. No segmento de máquinas, a queda foi de 22%.

O fim dos subsídios destinados ao BNDES fez com que empresários do transporte de cargas diminuíssem investimentos. “Esse mercado se tornou extremamente dependente do crédito com taxas baixas do BNDES. Quando o banco não opera, o setor cai”, afirma Orlando Merluzzi, presidente da MA8 Management Consulting Group.

Em paralelo à restrição de crédito e ao aumento dos juros, Merluzzi aponta como fatores de pressão a redução da atividade econômica e a dificuldade de caixa das transportadoras. “Elas já acusaram a redução de demanda e rapidamente a frota ficou ociosa”, diz.

Consultorias projetam retração de até 45% em 2015

A projeção da consultoria automotiva Oikonomia prevê uma queda de 45% do segmento de caminhões em 2015. “É um ano perdido. Quando a economia vai mal uma das primeiras coisas que travam são os investimentos e caminhões é uma das primeiras áreas afetadas”, diz o consultor Raphael Galante.

A previsão da MA8 Management Consulting Group é mais otimista e estima que o setor caia entre 20% e 25% este ano, com relação a 2014. “A queda é menor do que a que ocorreu nos três primeiros meses do ano. Vemos uma tendência de recuperação a partir do segundo semestre. Março, por exemplo, foi melhor que fevereiro”, afirma Orlando Merluzzi, presidente.

A consultoria afirma que para os índices permaneçam dentro da projeção é preciso que o BNDES não seja marcado por nenhuma agenda negativa, como aconteceu por exemplo com a Petrobras após as denúncias de corrupção. (TBV)

Folgas e férias

O recuo nas vendas de caminhões fez com que a Volvo, principal montadora de veículos pesados do Paraná, liberasse por duas semanas 1,5 mil trabalhadores, a partir do feriado de 21 de abril até o fim de semana após o feriado de 1.º de maio. Além disso, pelo menos 1,7 mil funcionários tiveram férias coletivas no mês passado.

De janeiro a março, a empresa vendeu 2.060 caminhões no mercado brasileiro, 54% menos que as 4.513 do início de 2014.

Segundo o consultor Raphael Galante, da Oikonomia, as montadoras que mais sofrem são as que têm como foco caminhões semipesados e pesados, como a Volvo: “A partir do momento em que os escândalos da Petrobras paralisaram as obras de grande porte, isso impactou diretamente na produção e venda de caminhões dessas montadoras”.

A outra fabricante de caminhões instalada no Paraná, a DAF, de Ponta Grossa, completou o primeiro ano de produção em outubro e ainda opera bem abaixo de sua capacidade. A unidade foi planejada para produzir até 10 mil unidades por ano. Mas, no primeiro trimestre, vendeu apenas 83 veículos no Brasil.

Retração no campo

A área de máquinas agrícolas também acusa os efeitos do mau momento econômico, aliado à queda de preço das commodities. A Case New Holland, instalada no Paraná, viu a venda de tratores de roda baixar 35% em comparação aos três primeiros meses de 2014. Em colheitadeiras, a queda foi de 31%.

Em janeiro, a empresa demitiu 270 trabalhadores de sua fábrica na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O objetivo, segundo a empresa, é acompanhar a demanda do mercado.

No Brasil, o segmento viu o mercado encolher 22% no primeiro trimestre do ano, segundo dados da Anfavea. Além disso, as exportações de 2 mil unidades de janeiro a março de 2015 foram 27,8% menor que as 2,7 mil do começo do ano passado.

*Os dados do acumulado do primeiro trimestre deste ano do setor de caminhões foram corrigidos. Antes o infográfico mostrava apenas os números de fevereiro e março.

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