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O Banco Central corre o risco de prejudicar desnecessariamente a economia brasileira se continuar a subir os juros nos próximos meses. Economistas de sete dos principais bancos do país demonstram desconforto com a possibilidade de que a taxa Selic suba além do atual patamar de 13,25% ao ano.

Embora as expectativas de inflação continuem acima do centro da meta de 4,5% para o fim de 2016, há dúvidas sobre a confiabilidade dos modelos estatísticos usados para as projeções, que podem estar subestimando o efeito do aumento do desemprego sobre os salários e os preços de serviços. Em vez de continuar a subir os juros, o BC deveria coordenar as expectativas de inflação, sinalizando com mais clareza que não pensa em reduzir a Selic no futuro próximo, disseram os economistas.

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana e deve elevar a Selic em mais 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Com base na comunicação atual do BC, vários economistas acreditam que a Selic pode continuar subindo em julho e setembro, chegando talvez a 14,50%.

A continuidade da alta dos juros contrasta com a piora da economia. Em abril, a taxa de desemprego subiu a 6,4% e quase 100 mil postos de trabalho foram fechados. “Já tem uma pressão [inflacionária] muito fraca por conta da recessão. Nesse sentido, [subir os juros] é um exagero”, disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, afirmou recentemente que o discurso de continuidade da alta dos juros diante do aumento do desemprego é “caricato”. “É compreensível e legítimo que o BC tenha a ambição de chegar ao centro da meta, mas dadas as circunstâncias bastaria manter a taxa de juros inalterada por um determinado período”, disse. A Selic subiu 3,25 pontos percentuais desde outubro.

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