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A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Lacerda Prazeres, afirmou nesta segunda-feira (18) que as autoridades brasileiras estão preocupadas com a queda do comércio exterior com a Argentina e admitiu que o governo não está satisfeito com essa situação. No entanto, destacou que o país mantém canal privilegiado de acesso ao governo argentino e espera, assim, resolver os entraves impostos ao comércio bilateral.

"Não estamos satisfeitos, mas esse contato direto pode facilitar o entendimento entre os dois países", disse em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado. A secretária também reconheceu que o governo brasileiro não ignora os prejuízos causados à indústria nacional. Mesmo assim, observou que não houve paralisação das trocas entre os dois países. Apesar da queda de 11% no comércio com a Argentina em 2011, o Brasil exportou para o vizinho US$ 7,5 bilhões neste ano, mantendo um saldo comercial positivo de US$ 1,2 bilhão.

"As barreiras se multiplicam, vêm afetando todos os parceiros comerciais e isso nos preocupa. Mas seguiremos empenhados enquanto houver qualquer empresa brasileira enfrentando obstáculos para vender ao exterior. Estamos absolutamente atentos aos setores intensivos em mão-de-obra e especialmente afetados por barreiras do país vizinho", destacou.

A secretária participou de reunião entre os governos dos dois países em Buenos Aires há dez dias e informou que volta a se reunir na próxima semana com autoridades argentinas para tentar avançar nas negociações. Embora ainda não se tenha chegado a um acordo, Tatiana afirma que o governo argentino entende a preocupação do Brasil em relação à previsibilidade do comércio para a indústria brasileira.

"Eles demonstraram abertura para garantir isso, ou seja, evitar que as barreiras surpreendam empresas brasileiras na fronteira. Há uma abertura do governo argentino, há disposição em discutir um acordo que garanta previsibilidade ao comércio", afirmou.

As arestas com a Argentina devem reduzir os ganhos dos exportadores brasileiros com o novo patamar do dólar. A taxa de câmbio tem mais influência sobre as vendas de manufaturados (as commodities têm cotações definidas internacionalmente) e é para a Argentina que o país vende maior quantidade destes produtos: 22%.

O Brasil entende os problemas enfrentados pela Argentina, mas não se conforma com o fato de as compras China e Europa não estarem caindo também. Esse é um dos argumentos que o governo brasileiro levará aos argentinos. O setor de calçados, por exemplo, é um dos maiores afetados. Dados da Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados) mostram que há 1,4 milhão de pares bloqueados na fronteira argentina dependendo de licença. Pouco mais de 200 mil deles acaba de completar, neste mês, um ano de espera. A associação afirmou que as exportações do setor calçadista brasileiro para a Argentina já registram queda de 55% até abril em volume e 48% em faturamento.

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