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Dois anos de recessão foram suficientes para reduzir o padrão de vida dos brasileiros e, como consequência, aumentar a demanda por serviços públicos. É o que diz uma pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O aprofundamento da crise econômica fez com que quase metade dos entrevistados (48%) passasse a usar mais transporte público, 34% deixaram de ter plano de saúde e 14% mudaram seus filhos da escola privada para a pública. A entidade ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios entre 24 e 27 de junho.

“O aprofundamento da crise econômica levou a mudanças nos hábitos de consumo e à perda do padrão de vida de parte significativa da população brasileira”, diz uma nota da CNI.

Pelo levantamento, 24% das pessoas tiveram de vender bens para pagar dívidas e 19% mudaram de casa para reduzir o custo com habitação. A turbulência econômica também afetou as escolhas dos consumidores, que passaram a trocar produtos por similares mais baratos (78%), a esperar as liquidações para comprar bens de maior valor (80%) e a poupar mais para o caso de necessidade (78%). Foi, ainda, verificado maior sacrifício para quitar débitos — 67% disseram que estão com dificuldades de pagar as contas ou as compras a crédito.

“A crise afeta toda a população brasileira. As medidas mais simples, relacionadas ao consumo, ocorrem em todas as faixas de renda, mas as medidas mais extremas, como mudar de casa, são tomadas principalmente pelas famílias de menor renda. O Brasil precisa de reformas estruturais para conseguir recuperar a confiança, animar os empresários a investir e gerar mais empregos, o que movimenta a economia em um círculo virtuoso”, disse o presidente da CNI, Robson Andrade.

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Para se ter uma ideia de como ficou mais difícil deixar as contas em dia, em setembro de 2012, o total de entrevistados que afirmavam estar nessa situação era de 45%, subindo para 60% em 2015 e 67% em 2016. Também se verificou aumento do percentual de pessoas que relataram que entes da família que não trabalhavam tiveram de entrar no mercado de trabalho para ajudar nas despesas. Em junho de 2015, eram 40% e, em junho de 2016, o índice cresceu para 48%.

De cada cem entrevistados, 57 disseram que alguém da família ficou sem emprego. O volume é superior ao verificado na pesquisa anterior, de 44%. Com isso, o medo do desemprego é cada vez maior. Um total de 80% dos entrevistados disseram que se preocupam, muito ou pouco, em perder o emprego, ficar sem trabalho ou ter de fechar o negócio nos próximos 12 meses, e 84% se preocupam em perder o atual padrão de vida. Mais da metade dos brasileiros (56%) buscam trabalho extra para complementar a renda.

Ainda de acordo com a pesquisa, os brasileiros percebem piora na situação econômica do país. Para 71% das pessoas, o cenário do Brasil está ruim ou péssimo. Em junho de 2015, o percentual era menor, de 66%, e em 2013, de 21%. Mas, para 73% das pessoas, a crise chegou ao fundo do poço, e 43% acreditam que a economia estará melhor em 12 meses.

Pesquisa de preços

Para contornar a situação, os economistas da CNI afirmam que os brasileiros trocam seu local de consumo por estabelecimentos mais baratos (80%), trocam produtos por similares mais em conta (78%) e reduzem a impulsividade nas compras. As pessoas estão pesquisando mais antes de adquirir bens e serviços (93%).

Mesmo com a demanda por produtos mais baratos, a CNI destaca que isso não significou aumento da compra de produtos piratas. O percentual de entrevistados que adquirem estes itens caiu de 37% em novembro de 2013 para 31%.

“Cabe ressaltar que, enquanto as medidas mais simples, como pesquisa de preços, são adotadas por famílias de todos os níveis de renda analisados, as medidas mais extremas de equilíbrio de orçamento são mais comuns quanto menor a renda familiar”, diz a CNI.

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