• Carregando...
Loja no centro de Curitiba: movimento normal ontem | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Loja no centro de Curitiba: movimento normal ontem| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Ações em queda

Ontem, os papéis da TIM caíram 8,77%, enquanto o Ibovespa fechou em alta de 1,4%. A empresa também foi penalizada na bolsa italiana. Suas ações tiveram queda de 7,1% no pregão. Oi e Vivo, que não recebeu sanção, tiveram ganhos.

TIM recorre à Justiça hoje

Folhapress

A TIM entra hoje com um mandado de segurança para tentar reverter a medida da Anatel e não ser impedida de vender novos chips a partir da próxima segunda-feira. A companhia foi a mais afetada pela decisão da agência, que proibiu as vendas de novos produtos da operadora em 18 Estados e no Distrito Federal. A empresa informou que vai entrar com a medida na Justiça Federal, mas não revelou em qual tribunal deverá submeter o mandado de segurança.

A opção pela medida judicial ocorreu diante do que a empresa considera uma "punição excessiva, que prova um desequilíbrio na competitividade do mercado". Segundo a TIM, a suspensão das vendas foi baseada em dados e indicadores diferentes dos estabelecidos pela Anatel para acompanhar o desempenho da rede.

Ainda de acordo com a companhia, desde julho de 2011, a TIM é a operadora menos demandada nos Procons integrados ao Sindec (órgão ligado à Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça).

A TIM informou que está se preparando para apresentar o plano solicitado pela Anatel no início da próxima semana.

Anatel deu "freada de arrumação"

Confira a entrevista com Paulo Bernardo, ministro das Comunicações

Leia a entrevista completa

A conta é simples. Entre 2011 e 2012, cerca de 40 milhões de linhas de celulares foram habilitadas em todo o Brasil. Os novos aparelhos, cada vez com mais recursos, geram mais tráfego de dados – um smartphone, por exemplo, pode gerar 35 vezes mais tráfego que um celular comum –, demandando ainda mais as já sobrecarregadas antenas. Um número insuficiente delas e o descompasso no ritmo de investimentos em infraestrutura armaram a bomba que explodiu nesta semana: TIM, Oi e Claro foram proíbidas de vender novas linhas, em diferentes estados, a partir de segunda-feira. Embora a desproporção entre rede disponível e base de clientes já tenha sido apontada como razão para a punição de abrangência inédita da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) às três operadoras, a saída, segundo especialistas, não é nada simples.

Um dos primeiros obstáculos – já alardeado pelas operadoras – está na regulação urbana existente para a instalação de antenas nas cidades: são 254 regras diferentes no país, segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil). Em Curitiba, a Lei 11.535/05 proíbe a implantação de antenas em 18 regiões, entre elas as zonas residenciais dos bairros Batel, Alto da Glória, Mercês e Santa Felicidade, além do Setor Histórico. A colocação de novas antenas é permitida em 20 áreas e torres de iluminação e edifícios com três ou mais pavimentos de nove regiões.

Pré-pagos

Somada a essa limitação municipal, está a mudança de estratégia das operadoras sobre os telefones pré-pagos, que até pouco tempo eram apenas uma ferramenta de popularização dos celulares e tinham altas tarifas. O custo para as empresas, segundo os especialistas, é quase zero nas ligações entre linhas da mesma empresa e foi para aproveitar essa vantagem que elas lançaram promoções para gerar receita com os pré-pagos – os usuários, que antes falavam rapidamente devido ao alto custo do minuto, puderam papear à vontade e acessar a internet com uma tarifa fixa, congestionando ainda mais as antenas.

A TIM foi pioneira neste movimento, segundo Bruno Henrique Ceccatto, consultor na área de telecomunicações da NextComm, e ajudou a popularizar os planos ilimitados entre as operadoras. "Uma das razões para a proibição de vendas da TIM no Paraná foi o produto Liberty, que permite às pessoas ligar e utilizar a internet ilimitadamente com o pagamento de uma tarifa única. O problema do plano, que fez com que as pessoas passassem a utilizar mais os seus pré-pagos, é que ele acaba canibalizando a antena".

Ainda ontem, a Claro foi a primeira a entregar à Anatel um plano de investimentos – que ainda sofrerá mais exigências por parte da Agência. A operadora prevê R$ 3,5 bilhões neste ano, metade já realizado. A Oi também diz que já iniciou as discussões com Anatel e reforçou a previsão de investimentos de R$ 6 bilhões para este ano – R$ 250 milhões no Paraná – e R$ 24 bilhões no período de 2012 a 2015. A TIM, cuja cúpula tem reunião com a Anatel hoje, informa investimento de R$ 95 milhões no estado, com mais 58 novos sites 2G e 164 com a tecnologia 3G.

Saída exige novas leis e tecnologias

O Procon de Porto Alegre foi o órgão que derrubou a primeira peça que gerou um efeito dominó em todo o país. Suspendeu na segunda as vendas da TIM, Claro, Oi e Vivo. De acordo com a OAB gaúcha, há 500 buracos na cobertura na cidade. Uma das soluções para resolver a situação a nível nacional seria uma legislação federal sobre o tema.

A proposta é defendida pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) e pode ganhar celeridade por conta da suspensão, mas também pode criar mais conflitos sem resolver nada. "As leis precisam ser feitas por órgãos técnicos e as discussões não podem ser politizadas. Uma lei nacional das antenas poderia prejudicar os consumidores de regiões onde hoje não há legislação específica e que contam com boa cobertura", diz Tiago Nunes da Costa, consultor da Evolucomm.

Uma das saídas seria ampliar a utilização de antenas em edifícios – a medida, entretanto, também traz desvantagens. "As operadoras utilizam o topo de prédios para aumentar a margem de conexão, mas os próprios edifícios colaboram para fazer sombras de sinal. Não existe solução óbvia", pondera.

Outro tema que demanda regulamentação, na opinião de Bruno Henrique Ceccatto, da NextComm, é o atrelamento do aumento da base de clientes ao investimento das operadoras. "Não existe hoje nível mínimo de investimentos", ressalta.

As novas tecnologias também poderiam desafogar as antenas. Uma opção é expandir os pontos de acesso wi-fi, os chamados hotspots. Claro, Oi e Tim já possuem planos de instalação de antenas em locais com grande circulação de pessoas, com capacidade média de 400 usuários.

Outra tecnologia é a dos femtocells, pequenas estações que funcionariam dentro de residências, como um roteador, mas o sinal a ser compartilhado seria o de celular. "O consumidor receberia um desconto por permitir que a operadora utilizasse a sua conexão e ele teria um ponto de sinal de celular dentro de casa e que funciona a alguns metros. Essa tecnologia já é usada na Europa e está sendo testada no Brasil", explica o consultor da Evolucomm.

ParanáApesar dos problemas, TIM cresce mês a mês no estado

Pedro Brodbeck

Mesmo com as reclamações e problemas que levaram a TIM a ser proibida de vender novos chips no Paraná a partir de segunda-feira, a operadora cresce mês após mês no estado. De janeiro de 2010 até maio deste ano, foram 2,5 milhões de novas contas, sendo cerca de 2 milhões de planos pré-pagos e 500 mil de outros planos no estado.

A operadora também cresceu sua participação no mercado local, ampliando a diferença frente às demais e reforçando a liderança histórica no estado. Há dois anos, a operadora italiana tinha 45% do mercado paranaense e a Vivo, segunda colocada, contava com 22% das contas locais. Atualmente, a TIM detém 49% do mercado do estado contra 19% da Vivo e Claro, cada. "Como muita gente tem TIM, acabo me prendendo às promoções entre clientes da mesma operadora. Além do mais, todas apresentam problemas" justifica a estudante Amanda Keppeller, que muitas vezes não consegue completar chamadas ou enviar mensagens, mas não pensa em mudar de operadora.

Em nota, a TIM informou que está investindo para atender à esta explosão de clientes. A empresa considerou a medida da Anatel extrema, que "de forma desproporcional bloqueou a venda de novas linhas em 19 estados". A operadora alega que investiu cerca de R$ 3 bilhões ao ano na melhoria de sua capacidade e expansão de atuação.

Para o Paraná, a empresa pretende investir R$ 95 milhões em infraestrutura até o final do ano. Parte das atividades que se concentram em Curitiba e região metropolitana devem ser concluídas no segundo semestre e compreendem a troca total dos equipamentos, com aumento de mais de 60% da capacidade de rede. Para Curitiba, a empresa também afirma que prevê a instalação de uma rede de 107 quilômetros de fibra ótica para ampliar a capacidade de transmissão das torres existentes. Também no projeto estadual da operadora, a rede 3G receberá 27 novas estações na região metropolitana, principalmente em Araucária, Pinhais, Rio Branco do Sul e litoral.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]