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Aplicativo da central Faixa Vermelha e o dispositivo “Button Táxi”, que permite chamar um carro apertando apenas dois botões. | Fotos: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Aplicativo da central Faixa Vermelha e o dispositivo “Button Táxi”, que permite chamar um carro apertando apenas dois botões.| Foto: Fotos: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Surpreendidas pela migração de clientes para aplicativos de celular, as centrais de táxi esboçam uma reação para manterem-se relevantes em um negócio em constante transformação. Em Curitiba, as maiores empresas do ramo desenvolveram seus próprios apps e passaram a utilizar recentemente o WhatsApp para receber pedidos de corridas – a intenção, ao fim, é facilitar o acesso do usuário ao serviço e manter taxistas conveniados.

O movimento ocorre após a popularização de aplicativos de empresas como a 99taxis e a Easytaxi, que permitem ao usuário encontrar taxistas nas redondezas e solicitar chamadas com alguns cliques na tela do celular, sem necessidade de intermediação com centrais. A saída encontrada por radiotáxis da capital, como a Curitiba, Faixa Vermelha e Sereia, foi lançar seus próprios apps para os sistemas iOS e Android, que trazem funcionalidades semelhantes às da concorrência.

Eduardo Fernandes: tecnologia facilita a vida dos usuários.

A Faixa Vermelha, que completa 40 anos de existência em 2016, chegou a criar este ano um setor específico dentro da central para desenvolver soluções de tecnologia, composto por um taxista e dois programadores. O app da rádiotaxi passou de 414 corridas solicitadas em junho para 1.029 em setembro e ganhou uma integração com o serviço de voucher eletrônico, voltado para empresas – o funcionário registra a corrida direto pelo aplicativo, que fornece informações em tempo real para o gestor, como o mapa do percurso e o valor da viagem.

A equipe também está testando no momento um novo produto para o setor corporativo, chamado de “button taxi”. Trata-se de um dispositivo que permite solicitar um táxi para um endereço pré-definido usando apenas dois botões – um para escolher a forma de pagamento e outro para confirmar a chamada. O foco são estabelecimentos como clínicas, hotéis e casas noturnas, onde a demanda dos usuários por táxis é maior. O aparelho será fornecido para essas empresas sem custo algum.

“As chamadas por telefone ainda são nosso ponto forte. Queremos que os clientes continuem ligando, mas também tenham à disposição o aplicativo, o button, o WhatsApp, tudo que possa facilitar o acesso ao táxi”, afirma o responsável pelo setor de tecnologia Faixa Vermelha, Eduardo Fernandes.

Interação

O WhatsApp, de fato, já é unanimidade entre as radiotáxis, por ser uma opção barata e de fácil adesão. Neste caso, o pedido ainda envolve a interação com um atendente da central, mas não exige a instalação de outros apps. “Os aplicativos podem ser mais modernos, mas o WhatsApp permite uma comunicação mais rápida. Os usuários ainda gostam de se comunicar com outra pessoa, de haver uma interação, até por sentir mais segurança”, afirma o presidente da radiotáxi Sereia, Jucimar Zambom.

Apesar da adoção da ferramenta ser recente, as centrais afirmam que a resposta já está sendo grande –o suficiente para as empresas constatarem que as novas opções são um caminho sem volta. “Os táxis vinham numa zona de conforto, porque não tinham concorrentes. Até que levaram um chacoalhão e as centrais sentiram a necessidade de se modernizarem. Entendemos que o ramo como um todo só tem a ganhar com isso”, diz Zambom.

Uber começa a operar em Porto Alegre ainda neste ano

A modernização das centrais de táxi também é uma resposta a novas opções de transporte individual que começam a se popularizar pelo país, como o serviço de compartilhamento de carros Fleety, criado por curitibanos, e os aplicativos para contratar corridas de motoristas autônomos –entre eles, o polêmico Uber, que tem sido alvo dos taxistas e dos legisladores.

O serviço, que funciona hoje em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, mesmo à margem da lei, anunciou que atingiu em setembro a marca de meio milhão de brasileiros atendidos, desde que passou a operar no país, em maio do ano passado. “A Uber acredita que cada um desses cidadãos merece ter o seu direito de escolha preservado e que a tecnologia pode gerar infinitas soluções para melhorar a mobilidade urbana. Por isso, é fundamental um marco regulatório que olhe para o futuro e converse com a sociedade”, afirma a empresa, em nota.

A plataforma chegou a anunciar ano passado vagas para profissionais interessados em representar a empresa em Curitiba, mas em agosto deste ano declarou que não havia planos para atuar no Paraná. Por outro lado, já está cadastrando motoristas que queiram oferecer corridos por meio do Uber em Porto Alegre. Em entrevista ao jornal Zero Hora, no início deste mês, o gerente-geral do serviço no Brasil, Guilherme Telles, afirmou que o Uber passaria a operar na capital gaúcha até dezembro. A prefeitura da cidade, porém, já se pronunciou afirmando que, enquanto não houver mudanças na legislação municipal, não permitirá o funcionamento do serviço.

Apps de chamadas se popularizam entre taxistas e usuários

O sucesso dos aplicativos de chamada de táxis, que surfaram na onda do boom dos smartphones e da internet móvel, é evidenciado pelos números que mostram a rápida evolução do serviço.

Pioneira na América Latina, a Easytaxi surgiu em junho de 2011 e lançou seu aplicativo em abril de 2012 – desde então, atendeu mais de 17 milhões de pessoas e está presente hoje em 420 cidades em 30 países. A 99taxis, principal concorrente, lançou seu app em agosto de 2012 e atualmente opera em 300 cidades brasileiras.

Os serviços têm a seu favor o fato de contarem com uma base maior de motoristas do que as centrais – o Easytaxi, por exemplo, diz trabalhar com 70% dos taxistas de Curitiba. O diretor de operações da empresa, Fabio Margulies, reforça, porém, que os aplicativos não chegaram para “matar” as radiotáxis, como se chegou a cogitar no início.

“Se você presta um bom serviço, independente se a chamada é feito via um app ou por uma central, ele vai continuar a existir. A diferença é que por meio dos aplicativos você consegue universalizar esse atendimento, e ele fica mais rápido e prático”, afirma.

Para o especialista em inovação e cofundador do iCities, André Telles, as centrais de táxi passam hoje por uma mudança de paradigmas forçada pelo próprio mercado.

“Elas estão deixando de ver a tecnologia como uma concorrente e passam a ver como uma aliada, que chega para trazer mais conforto, segurança e agilidade para o usuário. E há mercados e ocasiões de consumo diferentes para todos”, resume.

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