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A série de pacotes, propostas e boatos de propostas que apareceram nas últimas semanas mostra que o Brasil precisa encarar as discussões que ficaram no armário durante a última década. Há desde tecnicismos do Banco Central, até a reforma da Previdência. Em comum, todas essas questões têm o fato de que não resolvem a debilidade da economia, mas formam um conjunto capaz de mostrar ao país um caminho diferente do que o trazido pelo debate viciado da dicotomia entre desenvolvimentistas e ortodoxos. A lista é extensa e estes são os pontos mais importantes:

1. Reforma da Previdência: Passamos muito tempo sem querer encarar o fato de que não é viável um sistema previdenciário com aposentadoria por tempo de serviço. Esse modelo não se paga quando a previdência é custeada por todos, como no Brasil. A proposta apresentada pelo governo avança ao estender a idade mínima para quase todos (com a omissão imperdoável sobre os militares).

2. Papel do Banco Central: Apareceu nas medidas apresentadas pelo BC o debate sobre sua autonomia. Não é uma ação concreta, mas o estabelecimento de uma agenda. Sabe-se que não é uma lei garantido a autonomia do BC que defenderá sua competência, mas precisamos de garantias de longo prazo de que a instituição não passará de novo pelo uso inadequado visto no governo Dilma Rousseff.

3. Juros: Por que se paga no Brasil uma taxa de juros de quase 500% ao ano no cartão de crédito e outros empréstimos? A questão está lançada, com algumas sugestões de ajustes (como o cadastro positivo obrigatório) e a missão para que o governo encontre respostas, inclusive na concentração do sistema bancário.

4. Crédito direcionado: O Estado brasileiro encontrou na mão forte sobre o crédito uma forma de realizar seus sonhos. Tomou metade do mercado de crédito para direcionar à construção civil, infraestrutura, setores selecionados etc. Isso distorce os juros praticados na fatia que sobra. O BC trouxe o assunto à tona e fará estudos para alimentar a discussão.

5. Relação do BC com o Tesouro: As duas instituições têm um canal direto que precisa ser melhor estruturado. O balanço do BC influencia os fluxos das contas públicas e isso deve ser melhorado, segundo o BC. Embora o mercado já faça por conta a separação dos números, o aprimoramento dessa relação vai melhorar nossa visão sobre o resultado fiscal e a gestão da dívida pública.

6. FGTS: o governo prometeu elevar a rentabilidade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). É um primeiro movimento para reduzir a interferência estatal sobre os recursos que pertencem aos trabalhadores. A discussão precisa avançar agora para a gestão do fundo.

7. Relações trabalhistas: Chegamos a um ponto em que até a profissão de repentista é regulamentada pelo Estado. O país terá de encontrar um equilíbrio entre a garantia ao trabalho e as garantias ao trabalhador. Somente o aumento da segurança jurídica para terceirizações e contratos intermitentes pode ser insuficiente. A desregulamentação precisa ser acompanhada de uma revisão sobre os sindicatos.

8. Inserção internacional: O assunto não apareceu nos pacotes, mas precisa ser encarado logo. O Brasil terá de montar uma agenda de abertura econômica e negociações com foco no aumento da produtividade.

Em alta

Itaipu

A hidrelétrica voltou a ser a maior geradora de energia elétrica do mundo, superando a chinesa Três Gargantas. Até o fim do ano Itaipu vai passar da marca de 100 milhões de MWh gerados.

Em baixa

Investimentos

Pesquisa da Pezco mostra que os investimentos neste ano em infraestrutura no Brasil alcançaram o nível mais baixo desde 2000. Foi menos de 1,5% do PIB gasto em estradas, portos e ferrovias.

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