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 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Em meados de 2002, quando o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva subia nas pesquisas eleitorais, o Brasil entrou em um dos momentos mais críticos da economia depois do lançamento do real. Houve uma maxidesvalorização do real, os juros dispararam e o país precisou de apoio do FMI.

Diante do medo do que poderia acontecer com a economia – inflação fora do controle, câmbio louco e afins – o governo que assumiu em 2003 foi um grande sucesso. E essa carta está na manga de Lula para concorrer em 2018 e para construir a imagem de perseguição política.

Abri o texto lembrando de 2002 porque é preciso colocar esse sucesso em perspectiva. O início do governo Lula foi surpreendente porque ele chamou para o Banco Central um então deputado do PSDB (o hoje ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ironicamente trabalhando para um dos grandes inimigos públicos de Lula atualmente). A Fazenda ficou com o pragmático Antonio Palocci, o futuro Italiano das planilhas da Odebrecht.

A história econômica não teria sido muito diferente se José Serra tivesse levado a eleição (e talvez nem a história criminal do país, já que Serra também está enrolado na Lava Jato). O Brasil em um ano voltou ao normal, com um crescimento moderado para o padrão de nações emergentes. Fomos muito beneficiados pelo crescimento acelerado da China, que elevou suas compras de commodities brasileiras. E também pela ampliação de investimentos permitidos pela leva anterior de desestatização (telefonia, estradas, indústria etc.). Aqueles anos de 2004 a 2008, quando estourou a crise internacional iniciada no mercado imobiliário americano, teriam sido bons e qualquer forma, desde que mantida a estabilidade. Não é, em resumo, o presidente que gera empregos.

Foi em um contexto de inflação controlada, contas públicas em trajetória positiva, crescimento da arrecadação e atividade econômica forte que houve espaço para políticas sociais e econômicas que Lula usa como capital político. Algo que ele sabe ser tão valioso a ponto de precisar citar em seu depoimento ao juiz Sergio Moro.

Essas políticas também precisam ser avaliadas em perspectiva. Algumas abriram o caminho para o aprofundamento dos problemas fiscais que atropelaram o governo de Dilma Rousseff – os repasses para o BNDES para seus investimentos em campeãs nacionais, agora investigados pela Polícia Federal, estão nesta categoria. Outras surtiram efeito limitado no desenvolvimento – o crédito para consumo melhorou, deu acesso a mais qualidade de vida a muita gente, mas não houve um salto tecnológico na produção nacional.

Na área social, o Bolsa Família é o sucesso mais óbvio, que funciona até hoje como uma marca. Houve outros avanços, como a ampliação de vagas em universidades, e coisas duvidosas, como a transposição do Rio São Francisco. Nada messiânico, porém.

Lula fez sua imagem a partir de um fenômeno econômico que ele não construiu sozinho e de um avanço social que não dependeu apenas de sua vontade. Mas é uma imagem na qual ele vai investir até o ano que vem. Mesmo que a plateia seja Sergio Moro.

Em alta

Petrobras

Em seu primeiro balanço limpo de contas extraordinárias provocadas pela corrupção, a Petrobras entregou aos acionistas um lucro de R$ 4,4 bilhões no primeiro trimestre do ano.

Em baixa

Inflação

O IPCA caiu abaixo do centro da meta em abril pela primeira vez em quase uma década. Com isso, as apostas são de que o Banco Central vai acelerar o ritmo do corte da taxa básica de juros.

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