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Ok, sabemos que as coisas não vão bem com a Grécia. Em consequência, toda a União Europeia anda preocupada. Afinal, os cidadãos de outros países cujas finanças estão prejudicadas estão de olho nas soluções que vierem de Atenas. Mas, na nossa economia local, nós também não temos muitas boas notícias. Será que a Grécia traz alguma preocupação adicional para os brasileiros?

Imagino que o leitor de finanças pessoais seja um sujeito um pouco mais pragmático, que está preocupado com a situação tensa da União Europeia, mas também quer saber se essa crise terá alguma influência sobre os recursos que ele tem por aqui. Será?

Há aqui uma má notícia e uma boa notícia. A má é que, com o grau de interligação que as economias têm hoje em dia, um impasse em uma economia do tamanho da europeia certamente vai gerar impacto em todo o mundo. A boa é que uma boa parte desse impacto já foi absorvido.

Não é de hoje que se espera que o governo grego tome alguma medida drástica em relação à sua enorme dívida. Em 2012, a reestruturação dessa mesma dívida resultou no que foi, à época, classificado como “o maior calote do mundo”: cerca de 107 milhões de euros deixariam de ser pagos. Perto daquela situação, os números desta semana são fichinha. Assim, o mercado já se preparou para o pior. As projeções de bancos e consultorias internacionais já levavam em conta, há pelo menos dois anos, a possibilidade de a Grécia desistir dos pagamentos.

Mesmo assim, segundo o economista Hugo Meza Pinto, doutor em Integração Econômica, ainda é cedo para ter certeza da extensão do abalo. Entretanto, é possível imaginar que algumas consequências irão bater à nossa porta. Uma delas virá pela via do câmbio. “Certamente vai haver gente (empresas e investidores) buscando comprar moedas fortes, como o dólar e o euro, para se proteger de eventuais variações no preço de ativos”, diz. Assim, a demanda global por essas moedas deve crescer, fazendo com que elas se valorizem mundo afora. E aqui também, é claro.

Qual será o fôlego dessa alta do dólar e do euro? Pouco, de acordo com Meza Pinto. “Imagino que em agosto ela já estará acabando. Em três meses, a situação deve voltar ao normal.”

Será o suficiente, no entanto, para afetar os preços de alguns produtos cujos preços seguem mais ou menos a cotação do dólar, mesmo no mercado interno do Brasil. Pode-se esperar, então, pressão sobre o preço dos combustíveis e de alguns alimentos, como o óleo de soja.

Investimentos

Sobre os investimentos, deve haver pouco ou quase nenhum impacto adicional – exceção possível para o mercado de ações, que pode experimentar alguns dias de hesitação. Nesse caso, o cenário interno e o ajuste fiscal brasileiro têm muito mais relevância e devem diluir o impacto da crise grega.

Azeite?

Uma das razões para a crise da dívida grega ter implicações limitadas para o mercado internacional é a fragilidade da economia de lá. O turismo é a principal fonte de recursos. Mas há mais que azeite na pauta de exportações dos gregos. De janeiro a maio, por exemplo, o principal produto importado deles pelo Brasil foi a nafta petroquímica, que somou US$ 19 milhões. Depois vem o clínquer (matéria prima para o cimento), o mármore e, aí sim, o azeite de oliva. Que não lá tão relevante, não: em cinco meses, respondeu por coisa como US$ 976 mil.

Trocadilhos

O uso das palavras “tragédia” e “grega” na mesma frase, no noticiário sobre os problemas econômicos daquela nação é, no mínimo, um sinal de falta de imaginação. As contribuições gregas à civilização são grandes demais para ficarem resumidas a esse chavão.

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