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Há algumas semanas, eu e minha esposa andamos dando uma olhada em imóveis para comprar. Depois revimos nossos planos e decidimos que não era hora de investir nisso. Informamos os corretores que estavam nos ajudando nessa busca e demos essa empreitada por encerrada.

Nós, sim, mas os corretores não. Nos últimos dias, tendo se passado mais de um mês desde que decidimos não comprar, eles voltaram a ligar. Com algumas variações, a abordagem é sempre parecida:

— Meu gerente autorizou um desconto especial de 35% sobre estas unidades.

— Recebi uma tabela promocional em que alguns apartamentos estão 30% abaixo do preço.

— Vamos fazer um evento e teremos descontos agressivos.

O leitor andou passando por algo semelhante? É bem provável que sim. Movimentos desse tipo são um sinal dos tempos. O mercado retraiu-se, e poucos se arriscam a fazer um grande investimento nesse momento. Começa a fase dos feirões, que – atente, leitor! – é uma forma de estabelecer um equilíbrio provisória entre oferta e demanda. Isso ocorre porque a publicidade do evento traz público ao feirão e esse volume extraordinário de compradores permite que o vendedor fixe um limite que lhe pareça razoável para os descontos. De outra forma, ele seguiria recebendo propostas cada vez mais baixas.

A procura por imóveis está conectada à disponibilidade de crédito, à renda disponível e ao otimismo em relação ao futuro,entre outros fatores. Todos eles andam em baixa. Dias melhores virão – só não dá para enxergar quando.

Vem aí...

Mais inflação. Lembra que o assunto da coluna da semana passada foi a inflação e os impactos que ainda estavam por vir? Pois então: as revisões de tarifa aprovadas na sexta-feira passada, que resultaram em aumento para as contas de energia elétrica já a partir do domingo (dia 1º) estão entre eles. Em média, os aumentos no país foram de 23,4%. Com isso, apenas o item Energia Elétrica Residencial deve contribuir com 0,81 ponto porcentual para a inflação de março.

No Paraná, a tarifa da Copel subiu 31,88% para os consumidores residenciais (incluindo outros segmentos de consumo, a média é mais alta, de 36,7%). Isso significa 1,01 ponto porcentual a mais na inflação de Curitiba em março. Ou seja: se todos os outros preços pudessem ser mantidos inalterados por 30 dias, ainda assim o IPCA de Curitiba ficaria em 1,01%

Vale lembrar que, em janeiro, o item energia elétrica já havia impactado com força o índice com a entrada em vigor das bandeiras tarifárias.

Numa analogia, para simplificar o entendimento: se as suas finanças fossem um jogo de futebol, em março você teria entrado em campo já perdendo de 1 a zero.

Dois anos depois

Interessante lembrar que, em 23 de janeiro de 2013, a presidente Dilma Rousseff entrou em rede nacional de rádio e tevê para falar de medidas cujo objetivo seria baixar a tarifa de energia elétrica. A principal delas foi a revisão das concessões de usinas, que provocou uma tremenda gritaria entre as companhias do setor. A ideia, na época, era baixar imediatamente a tarifa em 18%.

Passados dois anos, estamos em uma situação estranha. Março mal acaba de começar e a energia já subiu duas vezes. E há o risco de um terceiro aumento, cuja raiz está nas medidas de 2013.

Para sustentar a queda nas tarifas, foi necessário que o Tesouro fizesse repasses às concessionárias. Esse dinheiro saiu dos cofres públicos e deve voltar, porque será incluído nas contas de luz – o plano é que isso ocorra em 2015.

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