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O economista Hyman Minsky descreveu em seus trabalhos, nos anos 60 e 70, a ideia de um ciclo para o aparecimento de crises financeiras. Ele destacou as variações no fornecimento do crédito: elas aumentavam quando a economia estava bombando e minguavam nas épocas em que ela desacelerava. Com isso, em momentos de expansão havia dinheiro de sobra para investimentos – inclusive para aqueles que embutiam uma dose de risco elevada. Nas fases de vacas magras, faltava até o básico. No limite, esse comportamento de extremos afoga o mercado de crédito por alguns meses e seca-o até a desidratação no período seguinte.

No Brasil, esses ciclos vêm se alternando com velocidade extrema. Mais um motivo de preocupação para a nossa agenda.

Se você olhar os números, verá que o crédito vem crescendo a um ritmo impressionante. O Banco Central estima que, só em 2013, o crescimento do crédito total deve ter alcançado 15% sobre o ano anterior – em 2012, esse aumento havia sido de 16,2%. O ritmo, portanto, está quase estável.

Você pode perguntar: mas 2013 não foi um ano complicado? Não tivemos até recuo no PIB no terceiro trimestre? Pois é, foi assim mesmo.

Esse crescimento não é uniforme em todas as áreas. Os empréstimos para pessoa física estão muito mais aquecidos do que a os financiamentos para empresas. O que não é surpreendente, dado o baixo nível dos investimentos (chamados em financês de "formação bruta de capital fixo", um dos componentes do Produto Interno Bruto). De julho a setembro do ano passado, eles recuaram 2,2%.

As empresas, na maior parte das vezes, têm mecanismos mais razoáveis de prever risco que as pessoas físicas. Uma loja ou uma indústria percebe que teve um mês ruim de vendas e começa a tomar suas precauções: reduz compras para não ficar com estoque sobrando, corta despesas desnecessárias, por exemplo. Já o indivíduo assalariado demora mais a perceber o risco aparecendo. Com isso, se há estímulo para a compra e o crédito, continua comprando. O resultado é inadimplência, nome sujo e as essas coisas que incomodam tanto.

Quem ganha com isso? Pouca gente. Nem mesmo essas financeiras que prometem "crédito para negativados" – em bom português, empréstimos caros para gente que tem histórico de mau pagador. Esse tipo de operação precisa mesmo cobrar juros mais altos, porque a instituição está assumindo um risco que seus concorrentes tiveram medo de aceitar. Para seduzir o consumidor, só mesmo colocando um bizarro cão falante nas propagandas de tevê.

No cenário que está se desenhando, a cautela é uma boa companheira. Não desgrude dela.

Patrimônio líquido

Em financês, o patrimônio líquido de uma empresa corresponde aos seus bens. Simplificando bastante, é aquilo que ela venderia para fazer dinheiro se fosse fechar hoje. Não leva em conta sua capacidade de produzir e gerar lucros, por exemplo. Ou seja, é uma conta mínima mesmo, uma empresa em operação sempre vale mais do que o seu patrimônio líquido.

Mas, na bolsa de valores, às vezes isso não é assim. Em razão dos maus humores do mercado, pode ocorrer de algumas empresas estarem sendo negociadas abaixo de seu patrimônio líquido. Na virada do ano, 21 das 66 empresas que fazem parte do índice Ibovespa estavam nessa situação. Teoricamente, comprar esses papéis deve ser um bom negócio.

É claro que ninguém sabe quando os preços vão se recuperar, mas às vezes vale a pena esperar...

Quer saber quais são? Pesquise e procure uma corretora que preste bons serviços e tenha uma boa área de análise. Ela poderá ajudar em seus negócios.

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