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Quando Henrique de Campos Meirelles assumiu a presidência do Banco Central, em janeiro de 2003, a taxa de juros básicos (a Selic) era de exatos 25% ao ano. Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária que ele comandou, no mesmo mês, veio uma alta de meio ponto porcentual. No mês seguinte, veio outra elevação, para 26,5% ao ano. Não foi nenhum recorde – quatro anos antes, a meta da Selic estava em assombrosos 45% a.a. Quando Meirelles deixou o cargo, em janeiro de 2011, os juros eram de 10,75%

O que Meirelles fez à época foi alinhar a ação do BC com as expectativas do mercado. Fez o possível para tornar tudo mais previsível – uma atitude bem-vinda porque os investidores, sabemos, não costumam gostar de surpresas.

Dito isso, fica mais fácil entender porque as medidas anunciadas na terça-feira (24) para domar as finanças nacionais foram tão pouco impactantes. O ministro da Fazenda não quer surpreender ninguém. A questão, entretanto, é que todos esperam um programa que permita reverter a sangria do déficit fiscal e inverter rapidamente a curva de crescimento. O pacote de terça-feira foi uma meia resposta a essas expectativas (e isso de uma perspectiva otimista).

Todos continuamos à espera. Politicamente, o governo interino começou mal, com um gabinete repleto de gente suspeita e pelo menos um defensor comprovado do petrolão, conforme percebe-se pelo caso Jucá. Economicamente, ele ainda nem começou.

BNDES

Com os adiantamentos de R$ 100 bilhões previstos pelo governo, a fonte de recursos do BNDES não estará tão disponível como no passado. O país também está curioso para saber como esses recursos serão distribuídos.

Um rodapé

Reportagem desta semana do José Carlos Fernandes, aqui nesta Gazeta, me chamou atenção. A discussão, trazida à baila pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, era sobre as razões que afastam o brasileiro dos livros. Um dos dados dizia que 30% dos pesquisados nunca compraram um livro. Entre os cidadãos leitores, 5% disseram que o motivo para não ler mais é não ter dinheiro para comprar livros.

Como o meu território é o das finanças, fui atrás da variação dos preços dos livros. Surpreendentemente, a associação dos editores contabiliza meticulosamente as vendas feitas ao governo, pelo Plano Nacional do Livro Didático, mas seu website não contém dados sobre vendas ou preços. O IBGE, no entanto, inclui livros no levantamento de preços para o IPCA. Segundo essa fonte, entre dezembro de 2011 e abril de 2016 o preço dos livros subiu, em média, 22,14%.

Mas isso é muito ou é pouco? Comparei com o índice geral do IPCA, que, no período, acumulou 36,29%, e com os ingressos de cinema, que subiram 41,17%. O resultado é favorável aos livros. Diversão barata, ainda.

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