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Fiquei com a pergunta do título na cabeça quando li a carta do engenheiro Rodrigo. Desde que começou a estagiar em sua área de atuação, no começo da década passada, ele colocou em prática uma estratégia de poupança. A primeira meta era custear seu casamento e o as primeiras despesas do casal. Já em 2002, ele e sua esposa (à época, ainda noiva) começaram a procurar imóveis para comprar. Tinham cerca de R$ 20 mil para investir, incluindo aí o carro de Rodrigo, que poderia ser vendido. Os apartamentos que despertaram o interesse do casal custavam entre R$ 90 mil e R$ 95 mil. Depois de analisar valores, eles decidiram não comprometer o primeiro momento da vida a dois com prestações. "No ritmo que eu economizava e investia, em pouco mais de dois anos teríamos mais de 50% do valor do imóvel e as prestações do financiamento não ficariam tão salgadas", conta ele.

As coisas, no entanto, não correram bem do jeito que ele esperava. A estratégia de poupança de Rodrigo perdeu feio da valorização dos imóveis. De 2003 a 2010, os imóveis de três dormitórios se valorizaram em quase 200%. Ou seja: triplicaram de preço. E Rodrigo acha que não dá mais para comprar. Mora em um imóvel alugado por um parente – o preço é bom, a localização também, mas o lugar está ficando pequeno agora que o herdeiro nasceu. Ele está desanimado e acha que os imóveis não valem o que estão custando. "De qualquer forma", diz ele, "não consigo ver onde erramos, talvez eu devesse ter sido um pouco mais agressivo nos investimentos..."

Antes de mais nada, é bom observar que muitos especialistas em finanças não recomendam a compra de um imóvel para casais jovens. Isso porque uma característica dessa fase da vida é a possibilidade de fazer grandes mudanças. Digamos que Rodrigo (ou sua esposa) tivesse recebido uma excelente proposta para trabalhar em outra cidade ou de estudar em outro país. É bom ter liberdade para decidir. Nesse caso, uma poupança em dinheiro daria condições de o casal ter autonomia para bancar a decisão. Uma boa razão, portanto, para não se sentir culpado a essa altura da vida.

A boa notícia para Rodrigo é que nem tudo está perdido. O melhor momento para começar a investir é sempre agora – mesmo que esse "agora" pareça meio tardio. Principalmente para quem está, como diz o leitor, sem nenhuma dívida. Como gasta pouco com habitação hoje em dia, ele pode procurar com calma até achar algo que esteja dentro dos seus objetivos, e que possa parcelar de forma a não comprometer mais do que 30% de sua renda mensal. É, pode ser que em alguns momentos seja necessário apertar o cinto e reduzir alguma despesa. Mas economizar é assim mesmo: é abrir mão de algo hoje para obter um benefício no futuro.

É bolha?

Rodrigo também pergunta se os preços de imóveis em Curitiba estão inflados demais, como numa bolha.

Essa é uma ideia que tem pairado por aí, mais na boca de consumidores do que na de economistas. Estes falam em desaceleração de preços – e isso já está começando a ocorrer.

Aos que esperam pelo estouro uma bolha para que os preços baixem, como se ela fosse uma liquidação de inverno, um alerta: bolhas são ruins. Empresas quebram, pessoas perdem dinheiro, a economia toda sofre. A normalidade do mercado é bem mais segura.

A missão da ANS

Segundo o site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a missão da instituição é "promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais – inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores – e contribuir para o desenvolvimento das ações de saúde no país" (o negrito está no original).

Está mais do que na hora, então, de transformar essa frase em prática. Médicos (que são os prestadores da frase acima) e operadoras de plano de saúde estão em pleno conflito e, até agora, a agência está se fingindo de morta. A paralisação marcada para a semana que vem é a prova definitiva de que o desentendimento das partes em relação aos honorários médicos está, sim, prejudicando o consumidor.

No passado, o governo precisou atuar para disciplinar as coberturas – se dependesse das administradoras de planos, um grande número de procedimentos e tratamentos ficaria de fora – e os reajustes. Está na hora de trabalhar de novo.

Semana que vem...

... tem mais. Enquanto isso, envie sua dúvida ou sugestão para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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