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As chuvas das últimas semanas favorecem o plantio e o campo renova sua aposta na produção de grãos. Após um ano quebra, o ciclo 2016/17 retoma o viés de alta e quer recuperar a produção perdida para o clima em 2015/16. Puxado por soja e milho, o volume total tem potencial para superar 215 milhões de toneladas, produção igual à inicialmente previsto para a campanha anterior, que teve seu desempenho prejudicado pelo clima.

A diferença este ano está justamente no clima. Mais favoráveis, as condições climáticas devem devolver a produtividade e o potencial produtivo das lavouras. A soja, depois de dois anos de tentativas, deve romper a barreira das 100 milhões de toneladas. E o milho (1.ª e 2.ª safras), depois de um tombo de 8 milhões de toneladas, volta à casa dos 80 milhões de toneladas. No caso da soja, junto com a produção cresce a exportação e a industrialização do grão.

No milho, o investimento é para recompor os estoques e atender à demanda para aves e suínos, que segue em alta. Por outro lado, mesmo que timidamente, é necessário reabastecer as exportações. Em 2015 o Brasil embarcou quase 30 milhões de toneladas do cereal. Em 2016 deve ficar perto de 20 milhões, resultado da escassez provocada pela produção menor. E também pela falta de planejamento do país, no campo e no mercado, que não conseguiu atender à demanda e aproveitar a oportunidade de abastecimento interno e exportação.

Nessa linha, depois de oito anos em queda, resultado da competição com a soja, a área do milho de verão (1.ª safra) volta a ter variação positiva. O cultivo aumenta principalmente no Sul, onde é forte a demanda para a indústria de carnes. Em outras regiões a aposta no milho cresce basicamente por conta das cotações, que continuam sustentadas na relação bastante justa de oferta e demanda.

As previsões iniciais são da Expedição Safra Gazeta do Povo, que volta a campo este mês para estimar, acompanhar e discutir junto com a cadeia produtiva os rumos da nova temporada. O primeiro roteiro irá conferir o resultado da safra dos Estados Unidos, que entra na metade final da colheita. Na próxima semana uma equipe vai percorrer os principais estados do Corn Belt, o Cinturão do Milho norte-americano. Em paralelo, uma segunda equipe inicia o monitoramento do plantio no Paraná e Mato Grosso, em roteiros que seguem por 16 estados brasileiros.

A soja sozinha responde por quase metade da produção total de grãos no Brasil. Junto com o milho, na safra 2016/17 os dois produtos vão representar entre 84% e 86% da produção nacional. Nos Estados Unidos, a soja tem potencial para mais de 110 milhões e o milho 380 milhões de toneladas.

Na Argentina

Vizinhos e concorrentes do Brasil na produção e exportação de grãos, na semana passada os produtores argentinos receberam uma notícia não muito boa do governo nacional. O Poder Executivo suspendeu uma nova redução sobre o imposto cobrado na exportação de soja em grão que seria aplicada em 2017, as chamadas retenciones.

O presidente Maurício Macri resolveu voltar atrás no cronograma de redução da tarifa. Quando assumiu o comando do Executivo, em dezembro de 2015, ele zerou as taxas sobre as exportações de milho e trigo e reduziu o imposto da soja de 35% para 30%. À época o governo tinha anunciado que a soja teria uma redução gradativa com a promessa de o imposto chegar a zero em sete anos.

Com fertilidade natural dos solos, o que reduz o uso de fertilizantes, e uma das logísticas mais favoráveis à exportação entre as regiões produtoras da América do Sul, o país teria uma das agriculturas mais competitivas do continente, não fossem as retenciones.

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