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De bem com o clima, que segue relativamente favorável, o campo tenta tirar o atraso para se restabelecer de um ano de quebra. Entre uma chuva e outra o plantio segue acelerado e avança para porcentuais acima da média para o período.

O produtor antecipa como pode os trabalhos com a soja e o milho de primeira safra, de olho não apenas no cultivo de verão do ciclo 2016/17. Ele quer ganhar tempo, aproveitar um La Niña até então amigável e garantir a janela adequada para, no início de 2017, atrás das colheitadeiras, renovar a aposta e imediatamente entrar com as plantadeiras para uma segunda safra de milho, o milho safrinha, ou então de feijão.

Mas é preciso cuidado. Antecipar o plantio, com o objetivo de determinar a melhor época para cultivo da segunda safra, também significa risco maior. Não dá para pensar no resultado econômico e esquecer das recomendações agronômicas. A orientação, nem sempre seguida no campo, é de manejo adequado e não apenas diversificar culturas e variedades, como melhor distribuir a época de plantio. Possíveis veranicos ou chuva em excesso podem comprometer tanto quem planta cedo para fugir das intempéries como quem planta tarde. Ótimo se o clima, o mercado e as recomendações técnicas permitirem duas safras. Caso contrário, é preciso fazer escolhas. Melhor uma safra bem feita do que duas mais ou menos.

Exemplo interessante e bastante responsável vem da Coopertradição, cooperativa do Sudoeste do Paraná, visitada na semana passada pela Expedição Safra do Agronegócio da Gazeta do Povo. Os cooperados vão dedicar 50 mil hectares para soja e 10 mil para milho no verão. Neste momento, contudo, essa área está dividida em três fases diferentes, com parte do trigo (cultura de inverno) da safra passada ainda por colher, lavouras de verão recém-plantadas e outras já em fase de crescimento. É uma maneira de respeitar e mitigar os efeitos do clima e sua imprevisibilidade. Como não possível afirmar ou garantir qual será o clima nas diversas fases do ciclo de inverno e verão, melhor distribuir o período de plantio.

Responsáveis por mais de 45% da produção nacional de soja estimada para 2016/17, Paraná e Mato Grosso invertem as posições quanto ao ritmo do plantio. Normalmente o estado do Centro-Oeste está na dianteira. Só que agora não.

Com pouco mais de 60% da área destinada à oleaginosa semeada, quem está adiantado é o Paraná. O Mato Grosso realizou pouco mais de 50% do trabalho de plantio. No milho, os paranaenses estão por concluir o plantio, com mais de 90% da área já coberta. O Mato Grosso praticamente não produz o cereal no verão, embora seja o maior produtor na safrinha, com potencial para 20 milhões de toneladas. Juntos, os dois estados devem responder por quase 40% do milho brasileiro em 2017.

A história mostra que a expressão máxima da tecnologia está nas condições adequadas de clima e manejo das lavouras. E se não dá mais para plantar sem investir em tecnologia, também é preciso ser responsável e sustentável para se manter competitivo na atividade. O clima a Deus pertence. Mas a decisão dentro da porteira cabe exclusivamente ao produtor. Então, não basta plantar. É preciso plantar bem.

Expedição Safra

Uma nova equipe do levantamento técnico-jornalístico do Agronegócio Gazeta do Povo, fonte primeira desta análise/coluna, segue nesta segunda-feira (31) para o Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Nas últimas duas semanas a Expedição Safra cumpriu roteiros no Corn Belt, o Cinturão do Milho nos Estados Unidos, e pelas regiões produtoras do Paraná. Agora, arremata o acompanhamento da América do Sul pelo Mato Grosso do Sul e confere a aposta do Mato Grosso, o maior produtor de grãos do país. A projeção inicial é para uma safra brasileira de 215 milhões de toneladas, sustentada em soja e milho, que devem somar juntos em torno de 85% do volume a ser produzido.

Enquanto acompanha o plantio por aqui, a Expedição Safra não perde a atenção aos Estados Unidos, em fase final de colheita. Os norte-americanos colocam no mercado uma safra de 500 milhões de toneladas de soja e milho.

Somado ao volume a ser adicionado pela América do Sul, em especial pelo Brasil, são safras cheias que acendem a luz vermelha para as cotações e impõem uma preocupação constante. Temor que no Brasil se intensifica diante da instabilidade cambial.

Para acompanhar o diário de bordo da Expedição, conferir como está o plantio no Brasil, a colheita nos Estados Unidos e os rumos do mercado, acesse www.expedicaosafra.com.br.

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