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As previsões de crescimento menor da economia chinesa, que se confirmam com os números do PIB (Produto Interno Bruto) nos primeiros meses do ano, têm um efeito devastador: potencializam a crise na Europa e impedem a retomada da saúde financeira dos Estados Unidos. No resto do mundo, os sintomas da redução no consumo norte-americano, o endividamento da União Europeia e o pé no freio da Ásia geram expectativa, insegurança e até retração, diante do temor de uma crise globalizada. No Brasil, o governo dá seus pulos para manter a economia aquecida, controlar a inflação e o câmbio e ampliar oferta e demanda. Mas o desafio é grande. E só não será mais difícil graças ao agronegócio. Apesar da quebra de safra no Sul, a cotação internacional favorece o preço pago ao produtor e o desempenho do setor.

Resultado, aliás, sustentado graças ao apetite da China, hoje um dos principais parceiros comerciais do país. Mais da metade da importação de soja, por exemplo, tem como origem o Brasil, que também manda para o gigante asiático carne de frango, boi e, mais recentemente, suínos, entre outros produtos primários e derivados da produção agrícola e pecuária. Interessante notar, que ao contrário do que ocorre com o PIB dos dois países, os números do agronegócio só crescem, em volume e pauta da balança comercial. Tudo bem que vez ou outra os chineses nos dão uma bolada nas costas, como quando da exportação de feijão, que tem se tornado frequente nos últimos anos. Dieta básica dos brasileiros, o produtor chinês chega extremamente competitivo, prejudicando o produtor e o mercado nacional.

Mas vamos aos números, que de certa forma traduzem a liderança e o posicionamento do agronegócio tupiniquim. De 2010 para 2011 as exportações do segmento para a China cresceram 50%, de US$ 11 bilhões para US$ 16,5 bilhões. Em 2012 o avanço deve ser ainda maior, a julgar a variação ocorrida entre janeiro e março, quando os embarques saíram de US$ 1,60 bilhão para US$ 2,95 bilhões, um crescimento de 84,5% no período. Se olharmos para as exportações totais também fica clara a importância dos chineses na busca pelo equilíbrio da Balança Comercial. Em 2011, os US$ 16,5 bilhões exportados pelo agronegócio brasileiro para a China representaram 37% das exportações totais para o país asiático, que somaram US$ 44,3 bilhões.

Definitivamente, não dá para ignorar ou simplesmente assistir aos movimentos de demanda dos chineses. A considerar os números e o potencial em questão, o Brasil precisa ser mais ativo nessa relação, deixar de ser comprado para começar a vender, ou pelo menos negociar. Temos, queremos e precisamos vender grãos. Mas nós também temos, queremos e precisamos vender carnes. Na soja, por conta da liquidez do produto e a relação de oferta e demanda entre oriente e ocidente, o mercado de desenvolve de maneira natural. Mas em outros produtos não. Com as carnes de boi, suínos e aves, em especial o porco e o frango, enfrentamos o protecionismo chinês e a concorrência de outros países. É aí que temos de nos posicionar e qualificar essa relação comercial. Algo do tipo, garantimos o fornecimento de grãos e China abre seu mercado ou amplia as cotas para nossas carnes. Isso aos poucos vem ocorrendo, mas sem muita segurança ou programação. Transparência e planejamento talvez sejam os pontos onde essa parceria precisa avançar.

De qualquer forma, o fato é que o potencial de ampliação dessa relação comercial no agronegócio tornam as 11 horas do fuso horário, as 24 horas de voo ou os 40 dias de navio um mero detalhe logístico, vencido no dia a dia e encarado como rotina entre os dois países. Apesar dos milhares de quilômetros de distância, pelo céu ou pelo mar, de repente a China ficou logo ali, nunca esteve tão perto do Brasil. E diante da afinidade entre oferta e demanda, característica marcante entre as duas nações, essa relação tem tudo para se fortalecer nos próximos anos, em pauta e volume, de exportação e importação, preservando o saldo positivo na balança comercial.

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