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Na sexta-feira as cooperativas anunciaram uma prévia do faturamento do sistema no Paraná em 2016. Pelo menos por enquanto – o ano ainda não terminou –, a receita tem potencial para atingir R$ 70 bilhões. Para você não ficar em dúvida: é isso mesmo. Eu não escrevi errado e, portanto, você não está lendo errado. São R$ 70 bilhões. Em plena crise política e econômica, em mais um ano de recessão, período em que o Produto Interno Bruto (PIB) será negativo em pelo menos 3,5%, o cooperativismo segue na contramão.

Na verdade, nada contra a maré. Porque apesar de positivo, com uma receita bruta 17% acima do ano anterior, o setor também sobre os efeitos colaterais das barbáries políticas protagonizadas em Brasília.

O sistema não está imune. Em um ambiente econômico mais favorável o desempenho seria ainda melhor. E mais sustentável. O resultado líquido, estimado em R$ 2,3 bilhões, é R$ 300 milhões menor em relação ao exercício anterior. Ou seja, os custos aumentaram. O custo Brasil aumentou. É o setor produtivo pagando um alto preço por uma crise que, infelizmente, não é de conjuntura. Ela é mais profunda e estrutural. É política, é econômica, é cultural. É de falta de comando e liderança. É de falta de vergonha na cara. Um ambiente moralmente insalubre, onde nem mesmo o Judiciário passa ileso. Quem dirá, então, o Executivo e o Legislativo. É o jogo de interesses do poder. Ou melhor, dos três poderes.

Mas ok. Vamos voltar ao tema que motiva esta coluna. Falar de um Brasil que dá certo. De um segmento que gera emprego e renda. Que é forte e resiliente o suficiente para suportar e fazer frente ao revés que castiga o país. Esta sociedade de pessoas, premissa primeira das cooperativas, está fazendo a sua parte. Se as instituições estão abaladas, para não dizer falidas, que cada cidadão faça a sua parte, não espere que a solução venha de cima. Seja pró-ativo, ajude a encontrar a saída. No conceito mais amplo da palavra, seja como um cooperativista. Incorpore o cooperativismo, no seu dia a dia, na sua vida pessoal e profissional. Exercite princípios, seja solidário. Afinal, é o que está dando certo.

Atualmente, pelo menos 1/3 da população paranaense tem alguma relação, direta ou indireta, com as cooperativas. São mais de 3 milhões, em sua grande maioria produtores rurais, cooperados ou então colaboradores, funcionários do sistema. Na semana passada, mais de 2 mil pessoas participaram o Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses em Curitiba.

Esse foi o segundo evento de encerramento do ano que reuniu milhares de pessoas na capital. Em uma demonstração da força que vem do campo, há dez dias a Federação da Agricultura (Faep) trouxe a Curitiba mais de 5 mil produtores rurais. No caso das cooperativas, a maioria também é produtor rural. Mas também tem cooperados de crédito e saúde, entre outros ramos do sistema.

PIB Agro

O agronegócio amplia sua presença no PIB brasileiro. Estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Pesquisa e Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) apontam para um aumento na participação do agronegócio no PIB este ano, que foi de 21,5% em 2015. A projeção considera um crescimento de 2,5% a 3% do PIB setorial do agronegócio, o que, por consequência, faz aumentar a sua presença nos indicadores macroeconômicos internos da recessão brasileira.

Ninguém está imune. É preciso acreditar que vai melhorar. Efeitos a crise sempre tem. Mas em conjunto dá para superar melhor.

José Roberto Ricken presidente do Sistema Ocepar.
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