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Se essa é a vocação da América do Sul, não há outra saída que não seja continuar a produzir, estimular o consumo interno e conquistar novos mercados. Mas será preciso fazer isso com muita informação, inovação e tecnologia. Foi-se o tempo do agronegócio para amadores. É preciso ter gestão, ser eficiente e competitivo como condição a se manter na atividade. Esses foram alguns dos destaques do Fórum de Agricultura da América do Sul 2016.

Em sua 4ª edição, na semana passada, o evento levou para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, mais de 500 participantes, entre ouvintes e palestrantes, de 13 países. Um ambiente de interlocutores nacionais e internacionais, a partir do qual foi possível estabelecer, de fato e de direito, um debate globalizado do agronegócio. Uma discussão sobre tendências do agronegócio mundial, balizada pela realidade e potencial dos países sul-americanos.

Durante dois dias, com a colaboração de 30 palestrantes, discutimos questões como produção, mercado, logística, grãos, carnes, bioenergia e agricultura digital. E chegamos à conclusão de que nos falta estratégia. Aliás, não é que nos falte estratégia. Mas que ela deve permanente, constante e estar inserida no dia a dia do negócio. Que é preciso acompanhar e estar pronto para o dinamismo do mercado, as mudanças e inovações tecnológicas e mais do que nunca conectado ao mercado.

Da participação da China, ouvimos que eles vão continuar comprando, que o país deve ampliar seus negócios com a América do Sul e que eles estão dispostos a investir em infraestrutura no agronegócio do Brasil, desde que o governo ofereça algum tipo de garantia ao investidor. Da ONU/FAO, que o mundo precisa dos alimentos produzidos pelo pequeno produtor. E da OMC, a Organização Mundial do Comércio, de que não basta produzir, é preciso se posicionar e conquistar seu espaço no mercado internacional.

Do painel de logística, os questionamentos complementares à China, à FAO e à OMC, de que sabemos produzir, estamos aprendendo a vender, mas que é preciso entregar. É preciso integrar estradas, ferrovias, hidrovias e portos, em uma solução multimodal, para dar mais eficiência e competitividade não apenas ao agronegócio, como à economia dos países sul-americanos. Do Sul ao Norte do Brasil, no Paraguai ou na Argentina, uma variável que segue se estruturando. O desafio estaria na integração dessas rotas de escoamento, assim como da produção e da geopolítica agro da América do Sul.

Sucessão

Na palestra de encerramento, o IICA, o Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola, deu um dos principais recados. De que é preciso formar novos líderes, agrolíderes, como condição à integração sul-americana. O presidente do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Hernán Chiriboga, declarou que “o setor agrícola tem todo o potencial. A única coisa que se requer é o surgimento de novas lideranças, de líderes que lutem pela agricultura de forma consciente, com coragem e entusiasmo. Precisamos de mais líderes jovens que posicionem o setor rural e que permaneçam no campo. É com isso que devemos nos preocupar e é por isso que devemos trabalhar”.

No mesmo painel, o presidente brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek, disse que não há outro caminho no mundo para o desenvolvimento que não seja a integração, independentemente de acordos políticos. “A verdadeira integração ocorre quando um ajuda o outro. O processo de entendimento entre as nações é bastante complexo, principalmente em regiões em que há disparidade econômica, como na América do Sul, lembrou Samek. “Integração significa perder soberania. Quando se tem países pobres e ricos participando da negociação é ainda mais difícil, pois as velocidades são diferentes. Não podemos depender da política que é a arte de procurar defeito.”

Mas por que é preciso discutir e posicionar a América do Sul? Simplesmente porque, juntos, os países sul-americanos lideram, por exemplo, a exportação de soja e milho e respondem por quase 30% da oferta mundial de carnes. Porque estamos tratando de abastecimento e segurança alimentar.

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