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Enquanto os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o da Fazenda não se entendem em Brasília em relação ao volume de recursos e às taxas de juros que serão aplicados nas linhas de custeio, investimentos e comercialização do novo Plano Agrícola e Pecuário (PAP), o produtor planeja às escuras a próxima temporada. Ao mesmo tempo em que aumentam as especulações sobre as novas regras ao crédito oficial, fica mais longe uma definição sobre quando elas serão conhecidas.

O setor já trabalha, inclusive, com a possibilidade concreta de o PAP 2017/18 ser conhecido apenas em junho, quando já terá oficialmente iniciado o novo ano agrícola. Se não for em junho, virá nos últimos dias de maio, aos 48 minutos do segundo tempo. Ou seja, atrasado. No ano passado o anúncio foi realizado em 4 de maio. Em 2015, dia 2 de junho.

Salvo uma agradável surpresa, ao que parece o Ministério da Agricultura já considera o fato de o lançamento do Plano Safra ficar para junho. Um forte indicador dessa tendência é uma viagem internacional programada pelo Mapa, com a presença do ministro Blairo Maggi, para o período de 14 a 21 de maio. Isso mesmo, o chefe do ministério deve se ausentar do país em um momento crucial de definições políticas que vão impactar o novo ciclo produtivo.

A missão oficial à Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Kuwait, para a qual estão sendo convidadas empresas e lideranças do agronegócio, com certeza tem o seu valor na relação comercial com o Brasil. Mas o momento, ministro, parece ser outro. A prioridade é outra. É seguro que a ausência do ministro Blairo fará mais falta nas negociações do PAP do que na missão ao exterior, que pode ser organizada para um momento mais adequado.

Enquanto isso, dentro e fora da porteira o campo se vira como pode na tentativa de controlar e proteger o risco. Comprar insumos, travar em dólar ou em real, trocar sementes, fertilizantes e defensivos por produção, eis a questão. Quase que um exercício de adivinhação. Apostas cada vez mais arriscadas, mas que precisam ser feitas. Assim, fica o desafio ao ministro: garante o anúncio do Plano Safra antes da viagem e surpreende o campo. Cancela sua presença nessa missão ao exterior e expressa solidariedade e lealdade ao setor que representa. Ou então paga o preço político de suas escolhas.

A expectativa no setor produtivo é com relação ao volume de recursos em 2017/18, que podem superar os R$ 190 bilhões e retomar um viés de alta depois da queda no ano passado. E também do montante de crédito a juros controlados, para que não seja menor que em 2016/17. Por fim, e talvez o mais importante, é qual será o custo desse recurso. Será que há espaço para uma redução na taxa de juros anual aplicada ao agronegócio. No exercício anterior os juros ficaram entre 8,5% e 12%. E é justamente nesse ponto que está o principal impasse entre Agricultura, que propõe uma redução, e a Fazenda, que defende no mínimo a manutenção das taxas que vinham sendo praticadas.

Retomada nas máquinas

Importante indicador do desempenho econômico do agronegócio, o setor de máquinas e equipamentos agrícolas vive a expectativa de uma retomada nas vendas em 2017. O clima na Agrishow, a maior feira de tecnologia de mecanização do país, realizada na semana passada em Ribeirão Pretro (SP), era de que enfim as vendas do segmento voltaram a crescer. O balanço do evento segue na mesma linha. Conforme os organizadores, o movimento financeiro foi 13% maior que em 2016 e atingiu R$ 2,2 bilhões.

Estatísticas da Anfavea, Associação Nacional de Fabricantes dos Veículos Automotores, revela que em abril as vendas de máquinas agrícolas foram 7,7% menor que o desempenho verificado em março. Na comparação com abril do ano passado, no entanto, o resultado foi 14,3% maior. A boa notícia, e que de certa forma aponta para uma retomada mais sustentável nas vendas, são os dados do acumulado do ano. Em relação a igual período de 2016, o comércio de máquinas agrícolas em 2017 cresceu incríveis 33%.

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