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 | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Só com muita promoção os lojistas conseguirão impulsionar as vendas do Dia das Mães, a segunda data mais importante para o varejo depois do Natal. O comércio da cidade de São Paulo encerrou abril com queda de 2,3%, em média, no número de consultas para vendas a prazo e à vista em relação ao mesmo mês de 2014. Em março, a retração havia sido de 3,1% ante o ano passado, segundo levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

À primeira vista, a impressão que dá é que houve uma melhora no quadro, porque a queda foi menor em bases anuais em abril em relação a março. Mas o economista da ACSP Emílio Alfieri lembra que a base de comparação é fraca. Em abril do ano passado, as vendas tinham recuado quase 7% em relação ao ano anterior.

“Enquanto a inflação estiver em alta, o juro elevado, o crédito escasso, a confiança em baixa, a renda recuando e o consumidor sentindo os efeitos do tarifaço, que não deixa sobrar dinheiro para ir às compras à vista e a prazo, vai ser difícil reverter esse quadro”, diz o economista.

Ele explica que o que está pesando hoje no desempenho das vendas são os efeitos negativos da macroeconomia e que só medidas microeconômicas, como promoções, podem mudar esse quadro, mas apenas temporariamente. “Os negócios podem ter uma melhora na semana do Dia das Mães, mas não devem se sustentar no restante deste mês.”

A ACSP projeta crescimento de até 3% nas vendas por conta da data. Mais cautelosa, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) espera crescimento de 0,5% para a data neste ano.

CNC prevê o pior Dia das Mães em vendas dos últimos 10 anos

Data é a mais importante para o comércio depois do Natal

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Shoppings

Otimismo mesmo só existe nos shoppings, ainda assim com ressalvas. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), que representa 525 empreendimentos em funcionamento, espera uma expansão de, no mínimo, 5,5% nas vendas do Dia das Mães deste ano em relação à mesma data de 2014. “Nossa projeção é bem conservadora”, diz Adriana Colloca, superintendente da Abrasce.

De toda forma, como essa previsão de crescimento é nominal, se for descontada a inflação acumulada nos últimos 12 meses até março pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 8,13%, o faturamento esperado para o setor terá queda de quase 2,5%.

“Estamos esperando para o Dia das Mães algo parecido com o que ocorreu no ano passado, apesar de o varejo estar mais lento neste ano. Os shoppings vêm ganhando participação no varejo”, diz Adriana. Os shoppings respondem por 19% das vendas do comércio varejista. No ano passado, os shoppings cresceram 10,14% em vendas o ano inteiro e, para 2015, é esperado um avanço de 8,5%.

Inadimplência

Com menos crédito disponível na praça e a um custo maior, por causa do aumento da taxa de juros para conter a inflação, a inadimplência continua sob controle. Em abril, o número de financiamentos com prestações em atraso acima de 30 dias caiu 8% em relação ao mesmo mês do ano passado, aponta a ACSP.

Mas essa retração não pode ser comemorada. Segundo Alfieri, a tendência é de o calote aumentar nos próximos meses porque, com a alta dos juros, a recuperação do crédito está cada vez mais difícil. Em abril, o número de financiamentos em atraso renegociados caiu 10,2% em bases anuais. Além disso, a alta do desemprego piora esse quadro.

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