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| Foto: César Machado/Gazeta do Povo

Comércio

Correios e Alibaba assinam acordo de cooperação

O aumento da demanda por produtos chineses levou os Correios a assinar um acordo com o grupo Alibaba para facilitar o comércio internacional entre o Brasil e a China. O documento, que é um memorando de entendimento, visa melhorar os procedimentos de logística entre os dois países e ajudar que empresas brasileiras, em especial as micro e pequenas, tenham acesso ao mercado chinês por meio de plataformas como as oferecidas pelo Alibaba.

A ideia do grupo chinês é incentivar que vendedores brasileiros criem lojas virtuais dentro do ambiente do Alibaba. Por parte dos Correios, o objetivo é agilizar parte do serviço, já que a demanda por produtos vindos do portal chinês mais do que dobrou no primeiro semestre de 2014.

Postagens

O Alibaba também busca um entendimento com o serviço postal chinês. Até os primeiros meses do ano, a maior parte das encomendas enviadas pelos vendedores do site chinês eram entregues pelo correio do país, sem cobrança de frete. A partir de maio, no entanto, boa parte das entregas passou a ser taxada na origem pelo serviço postal chinês. Para fugir da cobrança, vendedores passaram a postar as encomendas em correios alternativos – da Finlândia, Suécia e Taiwan –, onerando os serviços destes países.

R$ 600 milhões foram gastos por brasileiros nos sites chineses no ano passado. A China é o segundo maior vendedor do e-commerce mundial para compradores brasileiros, que devem gastar pelo menos R$ 35 bilhões em compras online ao longo de 2014.

O objetivo era comprar uma camisa da seleção brasileira. Duas horas mais tarde, Sávio Barwick finalizou o pedido, que incluia um jogo de facas de cerâmica, lâmpadas de neon e até um kit de cuecas estampadas. A experiência do engenheiro mecânico pelo site chinês AliExpress é emblemática: o comprador entra nas lojas virtuais para comprar um item em especial, mas dificilmente resiste à variedade praticamente infinita de produtos baratos e curiosos. "É tudo tão barato que vale a pena comprar e só depois ver se é útil ou não", resume.

O comportamento é cada vez mais corriqueiro. Dez pendrives por US$ 1, um colar por 50 centavos, vinte meias por três dólares... Os preços baixíssimos praticamente assediam os compulsivos por comprar on-line. "Eu combinei com o meu marido de só fazermos uma compra por mês. Se o ritmo continuasse o mesmo, iríamos à falência", brinca a analista de marketing Anelise Santini. Nos primeiros pedidos que fez no site, a compradora encomendou dezenas de bijuterias e acessórios. "A dificuldade está em se controlar. É tudo muito barato, direto do fornecedor. Mas, se você não vai com calma, a soma acaba sendo bem pesada no bolso", diz.

Os alvos preferidos são, de fato, os produtos mais baratos. Na lista dos dez mais vendidos para o Brasil, o item mais caro é uma bolsa de US$ 13. De resto, camisetas e vestidos a US$ 8, uma sapatilha a US$ 7 e um óculos de sol por US$ 3. Os alvos da compulsão chegam a estes preços porque são negociados diretamente com os fabricantes ou então não passam de cópias piratas do original. "A descrição nem sempre fica clara, mas, dependendo do valor, eu acabo comprando só para conferir",afirma a advogada Michele Batista, que tem um cortador de maçã e uma torradeira que "escreve" mensagens personalizadas nos pães.

Esse fenômeno começou há cerca de dois anos, quando os primeiros sites chineses de acessórios eletrônicos se popularizaram no Brasil. Na época, enquanto um pendrive comprado no Brasil custava a partir de R$ 50, era possível comprar lotes de dez dispositivos por alguns centavos.

Teste

Hoje, a primeira compra é uma espécie de teste. "O consumidor compra alguns artigos baratos para ver como é feita a entrega, quanto tempo demora e como é o atendimento. Se tudo acontece conforme o combinado, a pessoa passa a comprar mais e com maior frequência", explica o diretor da consultoria em e-commerce Virtual Shop, David Shee.

Blog dá dicas de consumo on-line

A designer Amanda Santiago (foto) é uma cliente voraz dos sites chineses: 90% do seu guarda-roupa é composto por roupas compradas do outro lado do mundo. Até o enxoval do seu casamento está vindo da China. "Se é uma compra planejada, vale muito a pena. Os bons vendedores têm produtos de ótima qualidade e com preços bem mais baixos do que os brasileiros", explica.

Amanda mantém o blog "Troquei o meu guarda-roupa na China" com dicas para pessoas que queiram comprar on-line. "As pessoas têm muitas dúvidas quanto ao tamanho das roupas, modo de pagamento e entrega", afirma. "O ideal é buscar vendedores com boa reputação e que sejam atenciosos", completa.

Compulsão

Brasil recebeu 20,8 milhões de encomendas do exterior em 2013

A febre das encomendas estrangeiras pela internet cresce exponencialmente. Ano passado, o número de encomendas vindas de sites de fora do Brasil atingiu a marca de 20,8 milhões de pedidos – 44% superior do que o registrado em 2012. Estados Unidos e China são responsáveis por mais de dois terços de todo o conteúdo importado pelas compras online. O volume tem chamado a atenção da Receita Federal, que pretende implantar, até 2015, um novo sistema de rastreamento de compras vindas de fora do país. O objetivo, segundo a Receita, é inibir a concorrência desleal e proteger o produtor nacional.

Segundo a consultoria especializada em informações de comércio eletrônico E-bit, os brasileiros devem continuar consumindo cada vez mais pela internet. A expectativa para este ano é que as compras cresçam pelo menos 20%. Ao todo, praticamente R$ 30 bilhões foram gastos neste tipo de comércio no ano passado pelos consumidores brasileiros.

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