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 | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Retrospectiva 2009

Veja os fatos que marcaram o ano em:

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Caderno G

  • Uma palavra nova
  • Bons sinais
  • Gigante alimentícia
  • Bilhete premiado
  • Tudo escuro
  • À francesa

CriseOs antidepressivos do EstadoO ano que começou depressivo, com desemprego e paralisação do setor produtivo, foi marcado pela forte intervenção estatal na economia. O governo iniciou sua série de ajustes já ao fim de 2008, com a desoneração de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, protegendo uma das maiores cadeias produtivas do país. As primeiras avaliações da desoneração foram positivas – os números setoriais de produção e emprego já mostraram reação em abril –, o que credenciou o governo a assumir as rédeas da sua vocação estatizante e promover novas séries de desoneração em outras cadeias.Ao custo de R$ 25 bilhões em incentivos, segundo o ministério da Fazenda, o governo assumiu o mérito por fazer o país sair antecipadamente do quadro de recessão mundial já no segundo trimestre. No entanto, este montante não foi suficiente para fazer brilhar o PIB do terceiro trimestre, que jogou água fria em todas as expectativas do mercado de crescimento positivo em 2009.Ao mesmo tempo e não menos importante, com inflação controlada e ameaçado pela recessão, o ano também foi marcado pela diminuição nos juros, protagonizada pelo Banco Central. A série de cinco quedas consecutivas na taxa colocou a Selic pela primeira vez em um dígito.

* * * * * * * *

Janeiro

O início da queda

Com um quadro de recessão à frente e a desaceleração consistente de índices inflacionários, os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciaram o processo de redução dos juros básicos da economia. O processo de queda levou, entre janeiro e julho, os juros de 13,75% para 8,75% ao ano. Apesar das críticas – muitos economistas e empresários defendiam mais ousadia nos cortes –, mais tarde a atuação do BC brasileiro foi avaliada como positiva por organismos internacionais.

Fevereiro

Uma palavra nova (foto 1)

Anticíclicas. Assim o ministro da Fazenda, Guido Mantega (acima, com o presidente do BC, Henrique Meirelles) definia as medidas fiscais, como a desoneração tributária, para estimular a economia, neutralizar a crise e atingir o maior nível de crescimento possível. Como pano de fundo do seu discurso estavam a maior queda desde 1991 na produção industrial, de 14,5% em relação a dezembro de 2008, e a demissão em massa de 20% do efetivo da Embraer – mais de 21 mil empregados.

Março

Marolinha ou tsunami?

O anúncio da queda de 3,6% no PIB brasileiro do último trimestre de 2008 cai como uma bomba no cenário econômico. O desastre provocado pela crise global, até então tratada como uma "marolinha", causou apreensão – desde 2004 o Brasil vivia um círculo virtuoso de crescimento. O resultado ofuscou até mesmo o consolidado do ano, que apresentou crescimento em 5,1%. Os investimentos tiveram uma retração de 9,8%, o pior resultado da série histórica do IBGE. Sob o impacto desses números, o governo anunciou a prorrogação por mais três meses da redução do IPI para veículos novos.

"Essa crise não foi gerada por negro, índio ou pobre. Foi feita por gente branca, de olhos azuis."

Lula, durante encontro com o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, em Brasília.

Abril

Bons sinais (foto 2)Após o fomento do governo, alguns indicadores produtivos começam a frear sua queda. Números da Anfavea confirmam a recuperação das vendas de veículos em março, decorrente da redução do IPI, e o índice de emprego também dá sinais de retomada, ainda que modesto – um saldo líquido de março positivo, com 34,8 mil empregos com carteira assinada. Na esteira dos automóveis, Mantega amplia a redução de IPI para produtos da linha branca. No mês seguinte, os principais fabricantes de geladeiras, fogões e máquinas de lavar afirmariam que já retomaram os níveis de produção pré-crise.

95 mil Itens de consumo popular tiveram seu ICMS reduzido de 18% para 12% no Paraná. A minirreforma tributária implantada pelo governador Roberto Requião atingiu principalmente alimentos e farmacêuticos. Na outra ponta, aumentou em dois pontos porcentuais o imposto sobre gasolina, energia elétrica, telefonia, bebidas alcoólicas e cigarro.

Maio

Gigante alimentícia (foto 3) As empresas Perdigão e Sadia oficializam acordo que prevê a união das duas companhias, criando uma empresa gigante do setor de alimentos, a Brasil Foods. A Sadia precisava se capitalizar após as perdas de R$ 2,6 bilhões com derivativos, em 2008, e em maio já acumulava 970 demissões apenas no Paraná – 71 na capital e as demais na unidade fabril de Toledo. Os grandes acionistas das duas empresas continuaram presentes na nova sociedade, mas a Perdigão ficou com a fatia majoritária de 68% da Brasil Foods.

Cerco à poupançaO novo cenário de juros e investimentos fez com que o governo anunciasse tributação sobre contas-poupança acima de R$ 50 mil. De acordo com o projeto, a cobrança teria início em 2010, mas o pagamento do tributo ocorreria na declaração do ajuste de Imposto de Renda de 2011. O objetivo do governo foi impedir que grandes investidores migrem para a caderneta em razão da falta de atratividade dos fundos.

Junho

Adeus, emprego

Em 18 de junho a Bosch anunciou demissão de 900 empregados da fábrica na Cidade Industrial de Curitiba. A empresa reduziu sua capacidade produtiva em 25%, a fim de adequar-se à menor demanda do mercado de produtos para veículos comerciais, caminhões e ônibus. As demissões da Bosch engrossaram o saldo de desempregados das cinco principais empresas da indústria automotiva paranaense, que do início da crise até o momento haviam demitido cerca 2,8 mil pessoas.

Julho

Casas sem crise

Com financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal batendo valores recordes, o Sindicato da Habitação de São Paulo informa que o nível de emprego da construção civil no Estado de São Paulo retornou ao nível pré-crise.

Agosto

Bilhete premiado (foto 4)

Sessenta e três anos depois da criação da Petrobras, o governo Lula revisitou a campanha "o petróleo é nosso" com o lançamento do marco regulatório das reservas do pré-sal. No projeto, a essência da mudança é presença do Estado como único operador. Em tom ufanista, o presidente chamou as reservas de pré-sal de "bilhete premiado" e "dádiva de Deus". E todo o discurso foi pontuado insistentemente pelo refrão: "O petróleo e o gás pertencem ao povo e ao Estado, ou seja, a todo o povo brasileiro."Setembro

Acabou!

Após dois trimestres encolhendo, a economia brasileira cresce 1,9% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro trimestre. O resultado do PIB divulgado no dia 11 pelo IBGE confirma que o Brasil saiu da recessão técnica; no entanto, em relação ao segundo trimestre de 2008, o PIB teve queda de 1,2%.

Greves

Cerca de 6,5 empregados paranaenses da Volkswagen, Renault e Volvo cruzam os braços simultaneamente por um dia durante a campanha salarial de 2009. A greve na Volvo durou apenas um dia, na Renault durou 12 dias, e na Volks, 18. O movimento dos sindicatos de metalúrgicos do país culminaria na série de melhores reajustes da década, segundo o Dieese. Na região de Curitiba, trabalhadores conquistaram aumento real (descontada a inflação) entre 3% e 3,7%.

Pirataria

O Tribunal de Justiça do Paraná julgou ilegal o desenvolvimento e manutenção de programas para troca de arquivos pela internet. O julgamento de recurso foi considerado inédito na Justiça brasileira, e pode passar a influenciar as discussões sobre tecnologia e direitos autorais.

Outubro

Quer dinheiro?

Abrindo vantagem na recuperação pós-crise frente aos outros países, o Brasil começa a se reposicionar no mercado internacional. Com a moeda em constante valorização, o governo oficializa o empréstimo de até US$ 10 bilhões para o FMI.

"Colocamos uma espécie de pedágio para a entrada excessiva."

Guido Mantega, ministro da Fazenda, ao anunciar cobrança de IOF em capital externo aplicado em rendas fixa e variável.

Novembro

Tudo escuro (foto 5)

Um apagão na noite de 10 de novembro deixou às escuras, por quatro horas, mais da metade do país. Ao todo, 18 estados e 70 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica. Grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro mergulharam no caos às 22h15. No dia seguinte, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, atribuiu o apagão ao mau tempo, que teria provocado um curto-circuito que em efeito dominó levou à queda nas linhas de transmissão de energia da Hidrelétrica de Itaipu. O anúncio foi feito após mais de 20 horas de informações contraditórias do governo.

À francesa (foto 6)Depois de uma disputa com os espanhóis da Telefônica, o grupo francês de mídia Vivendi deu uma cartada de bastidores e anunciou a aquisição do controle da GVT, companhia com sede em Curitiba. Em um comunicado que supreendeu o mercado, a Vivendi divulgou ter comprado 57,5% das ações da operadora, por R$ 3,88 bilhões. Segundo analistas do setor de telecomunicações, a aquisição da GVT pelo grupo francês mostra um panorama positivo para o consumidor.

Dezembro

Devagar, devagarinho

O PIB do terceiro trimestre cresceu 1,3% em relação ao trimestre anterior, abaixo das projeções do mercado financeiro, que variavam entre 1,6% e 2,9%. A novidade negativa diminuiu as projeções de crescimento para o ano e também adiou as apostas para o início do aperto monetário, que deve aparecer quando a economia voltar a apresentar maior dinamismo.

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