A crise e a insegurança levaram os brasileiros a mudar hábitos de consumo e a evitar despesas mais altas. O fenômeno afeta não só quem perdeu emprego ou viu a renda corroída pela inflação; também há muita gente economizando por precaução.
Caos político põe economia do país na defensiva
Leia a matéria completaAs principais vítimas da tesourada no orçamento doméstico foram as atividades de lazer. Esse foi o tipo de gasto mais reduzido por 39% da população, segundo pesquisa realizada em fevereiro pelo serviço de crédito Boa Vista SCPC. Outro levantamento, da consultoria de consumo Kantar Worldpanel, revela que 1,6 milhão de famílias deixaram de comer fora no ano passado.
A dentista Sandra Sgarbi faz parte desse grupo. “Na minha família, deixamos de ir a restaurantes, como fazíamos anteriormente. E as viagens de lazer também foram cortadas”, diz. Sandra dá aula em duas universidades. Numa delas, pública, ela tem estabilidade no emprego. Na outra, particular, viu vários colegas serem demitidos nos últimos meses.
A crise também deu as caras no consultório da dentista. Ela reduziu o estoque de materiais ao mínimo necessário. “Sinto que os pacientes estão adiando tratamentos mais caros, principalmente protéticos, por medo de ficar sem dinheiro no futuro”, conta.
O professor de Física Nestor Saavedra Filho, que coordena uma pós-graduação em uma universidade federal, tem emprego estável. Mas diz que o momento recomenda prudência a começar porque o aumento do salário não acompanha, necessariamente, os reajustes de suas despesas fixas. A instabilidade na política e na economia também o fizeram desistir de uma viagem que planejava para julho, para visitar uma irmã que mora na Suécia. “Corre-se o risco de assumirmos despesas com o dólar a R$ 3,60 e, na hora da fatura, arcar com uma cotação mais alta”, diz.
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