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Quinze contêinerres foram usados para construir quartos, cozinha e até a piscina do Tetris: reaproveitamento do material é apenas uma das preocupações ambientais | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Quinze contêinerres foram usados para construir quartos, cozinha e até a piscina do Tetris: reaproveitamento do material é apenas uma das preocupações ambientais| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Hostel-conceito atende hóspedes que querem economizar na diária

O modelo de hostel-conceito – ou hostel design – já está consolidado na Europa, mas surgiu no Brasil há menos de 10 anos. Apesar de muito similar aos albergues tradicionais, possui alguns diferenciais importantes de qualidade.

Cyntia Braga, proprietária do Concept Design Hostel & Suites, é uma das pioneiras do setor. Antes de iniciar o projeto em Foz do Iguaçu – cidade que possui o 6.º maior parque hoteleiro do Brasil –, ela desenvolveu uma ampla pesquisa no Brasil e em outros países como Espanha e Portugal. "Estes empreendimentos dão maior ênfase aos elementos de arte, individualidade e interatividade, ao mesmo tempo em que continuam a oferecer uma tarifa mais atrativa em relação aos hotéis", explica.

Segundo Cintya, este tipo de empreendimento tem um diferente perfil de hóspede. "Hoje, profissionais liberais, casais e até empresários mais descolados, viajantes com suas economias consolidadas, preferem ficar em hostels pela proposta do novo, da liberdade e da atmosfera de poder conhecer facilmente pessoas de todas as partes do mundo."

No empreendimento que administra, além do design e da sustentabilidade, outro diferencial oferecido está na alimentação.

O hostel dispõe de opções variadas para diabéticos, vegetarianos, veganos e celíacos, facilitando a vida dos viajantes que têm algum tipo de restrição alimentar.

De R$ 8 mil a R$ 12 mil

é o preço de um contêiner sem adaptações, de acordo com o gestor do Tetris Hostel Ralf Smaha, Mas, segundo ele, próximo do litoral até é possível encontrar contêineres mais baratos, porém é preciso estar atento à procedência. "Não podemos utilizar peças que transportaram materiais radioativos ou agrotóxicos por exemplo", alerta.

Os contêineres são usados em todo o mundo para o transporte de cargas, seja pelo mar ou pelos trilhos. Mas em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, as caixas de metal ganharam uma nova utilidade: serviram de estrutura para o primeiro hostel do Brasil – e o maior do mundo – construído com este tipo de material.

Localizado no corredor turístico da cidade, o Tetris – uma homenagem ao famoso (e viciante) game de empilhar e encaixar peças – conta com 15 contêineres que foram adaptados e transformados em cômodos como quartos, uma ampla cozinha compartilhada e até mesmo a piscina para os hóspedes se refrescarem. "A ideia foi realmente mostrar esse reaproveitamento. Fizemos questão de deixar aparecendo pequenas imperfeições e amassados para todos saberem a origem das peças", destacou Ricardo Nisiide, gerente geral do hotel.

Inaugurado em dezembro, o hostel está operando com 30% de sua capacidade total, que deve chegar a de 70 hóspedes até abril, prazo previsto para o término das obras e adequações. Ao todo serão dez quartos: cinco privativos e cinco coletivos, que terão tamanhos diferenciados para comportar entre quatro e 12 pessoas cada.

Todos os quartos oferecem ar-condicionado, iluminação e tomadas individuais. Os banheiros dos quartos privativos possuem cabines individuais de chuveiro, sanitário e pia. Além disso, entre as comodidades oferecidas está um lounge compartilhado, varanda, jardim interno, depósito para bagagem e um bar na área de lazer. O estacionamento é gratuito.

Por se tratar de um hostel-conceito, as diárias são um pouco mais caras que as de albergues tradicionais, com estadias custando entre R$ 45 (quarto coletivo) e R$ 120 (quarto privativo). Além de servir como meio de hospedagem, outra intenção do hostel é promover atividades culturais, musicais, gastronômicas e artísticas, envolvendo não apenas os hóspedes como também o público local.

Preocupação ambiental

O conceito de sustentabilidade é um grande diferencial do hostel. Todo o projeto foi construído levando em consideração alternativas para reduzir os impactos ambientais. Além dos próprios contêineres utilizados para dar forma ao empreendimento, o reaproveitamento de materiais está presente em grande parte do mobiliário e da decoração.

As medidas vão desde as mais simples – como a transformação de caixas de fruta em prateleiras e de carretéis de madeira em mesas do lounge – até soluções mais complexas, como o sistema de tratamento de esgoto realizado por meio de um sistema eco-friendly, em que plantas fazem a filtragem da água que, na sequência, é usada para regar os jardins.

Além disso, a água da chuva é captada por meio de uma cisterna de 15 mil litros de capacidade e direcionada para as descargas dos banheiros; o telhado verde reduz a temperatura interna e a piscina é aquecida por meio de placas solares. Outra novidade é o piso drenante na parte externa, que evita o acúmulo de água e possibilita que ela seja escoada mais rapidamente aos lençóis freáticos. Quem visita o local também não imagina que a lã extraída de cerca de 110 mil garrafas pet faz parte do isolamento termoacústico dos ambientes.

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