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Alta carga tributária, inflação e energia cara estão entre os problemas apontados pela indústria. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Alta carga tributária, inflação e energia cara estão entre os problemas apontados pela indústria.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A crise está freando investimentos, provocando demissões e ampliando o pessimismo entre os industriais do Paraná. Pesquisa encomendada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) revela que 78,8% das empresas industriais paranaenses já foram afetadas de alguma forma pelo cenário econômico desfavorável. Outras 14,4% acreditam que sentirão o impacto da crise até o fim do ano.

INFOGRÁFICO: confira os problemas de maior impacto apontados pelos empresários

Entre os maiores problemas apontados pelo setor produtivo no levantamento, que entrevistou representantes de 1.002 empresas do estado de 29 segmentos diferentes, estão a carga tributária (97,2%); a inflação (93,8%); e os elevados custos de energia (92,6%) e matéria-prima (81%).

Sem boas perspectivas para os próximos meses, as indústrias já sentem o efeito no caixa e procuram reduzir custos. De acordo com a pesquisa, devido ao pessimismo, 77% das indústrias cortaram ou reduziram os investimentos com relação ao ano passado. A maioria espera um cenário de recessão ou estagnação econômica em 2015.

“Além do que já impactava o setor, como a carga tributária elevada, apareceram na pesquisa a alta da energia e a inflação, que eleva o custo dos insumos. A indústria fica entre a cruz e a espada, se repassa o custo, sofre com a pressão da concorrência, se não repassa, sente o efeito no caixa”, diz o presidente da Fiep, Edson Luiz Campagnolo.

Confiança do setor cai ao pior nível da série histórica

O Índice de Confiança da Indústria de Transformação do Paraná chegou em julho a 30,9 pontos, uma queda de 10% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 4,9% em relação a junho. É a confiança mais baixa registrada na série histórica que teve início em 2012. Até então, o índice de março deste ano havia sido o mais pessimista.

De acordo com o levantamento, o índice foi puxado negativamente sobretudo pelo índicador de condições atuais das empresas, que caiu 5,8%. “Boa parte das indústrias considera que há uma recessão, as vendas estão caindo e a produção, sendo reduzida”, diz Edson Campagnolo, presidente da Fiep.

Emprego

Com 85%, a indústria química é o setor mais pessimista, segundo o levantamento, resultado da queda nas vendas. “O mais crítico é manter o nível de empregabilidade do setor, pois com a baixa demanda não há necessidade do mesmo número de pessoas e não temos incentivo do governo para mantê-lo”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Paraná (Sinqfar), Marcelo Melek.

Para as indústrias, o Programa de Proteção ao Emprego anunciado pelo governo federal recentemente pouco ajuda, já que algumas medidas são restritas a empresas que já demitiram e que estão sem débitos tributários, o que exclui justamente as que têm maiores dificuldades.

“O programa não atende grande parte do setor, principalmente os pequenos que, quando em dificuldades, deixam de contribuir com os impostos e se veem sem saída. Ouso dizer que o desemprego só não está maior porque as empresas não podem arcar com a verba rescisória”, afirma o presidente da Fiep. De acordo com a pesquisa, 54,3% das indústrias do estado dizem que tentarão manter o nível de emprego em 2015.

Medidas

A principal medida sugerida pelos entrevistados para melhorar a atividade industrial é fazer uma reforma tributária (48,6%), seguida de qualificação da mão de obra, de políticas de incentivo e de mais crédito e financiamento, grande parte atribuição do governo. “A indústria paranaense não precisa mais de medidas pontuais, mas de condições macroeconômicas favoráveis pra progredir. Sem elas, as ações locais não terão efeito”, analisa Julio Takeshi Suzuki Júnior, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Na tentativa de se adequar ao cenário, as empresas recorrem a medidas internas como redução de custos, negociação de prazos e cobrança de inadimplentes. “É o que temos à mão. É preciso inovar e encontrar alternativas, mas investir, nem pensar. Não há boas perspectivas futuras”, explica Melek, do Sinqfar.

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