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Leiloeiro Helcio Kronberg  vende imóveis liberados pela Justiça, em Curitiba | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Leiloeiro Helcio Kronberg vende imóveis liberados pela Justiça, em Curitiba| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Os mesmos indicadores que evidenciam a gravidade da crise econômica do país são os que ensejam o crescimento do setor de leilões no Brasil. De acordo com dados da Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial aumentaram 95% em maio de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado e os pedidos de falência subiram 14% no mesmo mês. Consequentemente, há maior oferta de maquinário, frota e mobiliário a serem leiloados. Em relação aos consumidores, a consultoria divulgou que a inadimplência atinge 60 milhões de pessoas. Essa é a maior marca já registrada pela instituição desde o início da série histórica, em 2012. Isso também aumenta a oferta de itens para leilão na medida em que bens cujas parcelas do financiamento não foram pagas são tomados pelas financiadoras para serem revendidos.

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Lava Jato

A operação Lava Jato também tem contribuído para movimentar o mercado de leilões. Entre outros bens, já foram leiloados o Porsche Cayman da doleira Nelma Kodama, vendido por R$ 206 mil e imóveis que pertenciam ao doleiro Alberto Youssef, que foram arrematados por R$ 4,2 milhões.

Uma lancha que pertencia ao ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa também foi à leilão, mas não foi arrematada. A embarcação foi avaliada em R$ 3 milhões.

Por outro lado, a procura pelas compras em leilões também tem crescido. Consumidores que perderam poder de compra nos últimos meses recorrem aos leilões em busca de melhores preços para os bens desejados.

Esse crescimento pode ser constatado nas leiloeiras que atuam em Curitiba. Helcio Kronberg, da Kronberg Leilões, que atua em leilões judiciais e extrajudiciais, percebeu este aquecimento já em 2015. “Tivemos um aumento significativo a partir de meados de outubro do ano passado. Aumentou em pelo menos 300% a quantidade de leilões feitos”, afirma.

Segundo ele, este crescimento também gerou uma mudança no perfil do público comprador. “Antes, em leilões de veículos a maioria dos participantes era o pessoal de revenda de automóveis usados, hoje isso já mudou e temos uma procura equilibrada entre lojistas e consumidores finais”, analisa.

Este crescimento também está sendo registrado pelo leiloeiro Claudio Cesar Kuss. Nos últimos dois meses estão sendo leiloados 250 veículos por semana e 90% deles estão sendo arrematados. Ele relata que os leilões têm sido realizados com a casa cheia e o aumento da oferta tem sido absorvido pelos consumidores. “Ano passado eram três leilões por mês, agora fazemos todas as terças-feiras”, diz. Segundo ele, os veículos são vendidos, em média por 68% do valor da Tabela Fipe.

A Sold Leilões Online, que tem sede em São Paulo mas atua em todo o país também percebeu o aquecimento do mercado mesmo sem trabalhar com bens retomados. A leiloeira vende ativos de empresas que atuam em diversos ramos. O aumento na oferta de produtos tem ocorrido em decorrência do fechamento de empresas e também da reestruturação de muitas companhias, que por conta da crise estão diminuindo suas operações e vendendo ativos. “Em 2016 tivemos um crescimento de 29% em leilões realizados se comparado ao mesmo período do ano passado. Se compararmos ao ano de 2014, o crescimento foi ainda mais agressivo chegando a 61%”, relata Regiane Stoffelshaus, coordenadora de marketing da Sold.

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