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Cada vez mais baratas, lâmpadas LED vem conquistando o consumidor, diz Camila Feres, supervisora de iluminação do Irmãos Abage. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Cada vez mais baratas, lâmpadas LED vem conquistando o consumidor, diz Camila Feres, supervisora de iluminação do Irmãos Abage.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A crise de energia está transformando o LED na grande estrela do mercado de iluminação. Diante do susto na conta de luz, uma parcela crescente de consumidores está gastando mais com lâmpadas de LED agora para reduzir custos e aumentar a eficiência energética no médio e longo prazo. Resultado: em menos de um ano, o LED passou de tendência à realidade no mercado nacional.

Da fabricação e importação ao varejo, a expansão do LED é um caminho sem volta no país, garantem especialistas. Em 2014, o número de lâmpadas de LED vendidas no Brasil foi de 20 milhões de unidades, seis vezes mais do que em 2011, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Trata-se de uma fatia ainda pequena diante de um mercado de mais de 500 milhões de lâmpadas. Nesse ritmo, contudo, o LED deve abocanhar metade do total de vendas do setor nos próximos três anos, estima a associação.

DIAS CONTADOS

A partir desta quarta-feira (dia 1º), as lâmpadas incandescentes de 60 watts (W) deixam de ser vendidas no mercado brasileiro. A iniciativa atende a determinação da Portaria Interministerial nº 1.007, que fixou os índices mínimos de eficiência luminosa e estabeleceu prazos para a retirada gradual das lâmpadas incandescentes do mercado nacional. Já foram retiradas de circulação as lâmpadas incandescentes de 100W, 150W e 200W. As incandescentes com potência entre 25W e 40W deixam de ser produzidas em 30 de junho de 2016.

Além do impulso da crise energética, a queda de 50% no preço do LED no mercado mundial nos últimos 12 meses barateou o custo das lâmpadas e foi decisiva para que essa tecnologia deslanchasse no país. A explicação está no ganho de escala da indústria mundial de LED, dominada, sobretudo, pela China, origem de 95% dos produtos que chegam ao Brasil, segundo Georges Blum, presidente-executivo da Associação Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminação (Abilumi). Em 2014, foram 25 milhões de lâmpadas importadas, aumento de 50% em relação a 2013.

“Mesmo com o cenário desfavorável do dólar, tivemos uma redução importante do preço para importação. Hoje pagamos entre 25% e 30% do valor que pagávamos há um ano”, afirma Bruno Rossi, diretor comercial da Empalux, de Curitiba. “Em 2014, a participação dos produtos de LED nas vendas totais da empresa fechou em 10%. Este ano esperamos fechar na casa dos 50%. Até o ano quem vem, acreditamos que 60% a 70% do nosso negócio seja LED”, acrescenta.

A tecnologia também está absorvendo uma fatia interessante do mercado nacional de lâmpadas incandescentes, que estão saindo gradualmente dos pontos de venda. “Essa demanda vai migrar para algum lugar. Esperávamos que fosse para as fluorescentes, mas, com o aumento da conta de luz, grande parte dos consumidores está migrando diretamente para o LED”, afirma Eloir Pereira, gerente de marketing da Foxlux, que projeta um crescimento de 10% neste ano, metade disso no segmento de LED.

Mesmo com o cenário desfavorável do dólar, tivemos uma redução importante do preço para importação. Hoje pagamos entre 25% e 30% do valor que pagávamos há um ano.

Bruno Rossi diretor comercial da Empalux.

Na prática, o reflexo mais claro do crescimento dessa tecnologia no país está no varejo. Na Irmãos Abage, a argumentação com o cliente ficou mais fácil, garante Camila Feres, supervisora de iluminação da rede. “Há cerca de seis anos, o marketing do LED era a sustentabilidade. Hoje é a economia”, conta.

A queda do preço tem um apelo forte junto ao consumidor. As lâmpadas dicroicas, que antes custavam entre R$ 80 e R$ 150, custam hoje entre R$ 15 e R$ 36. Com a demanda em alta, a rede teve de reforçar os pedidos juntos aos fornecedores. Os carregamentos saltaram de 6 mil para aproximadamente 12 mil lâmpadas e a empresa já está se preparando para pedidos de até 15 mil lâmpadas.

“Nos perdemos na expectativa de aumento das vendas, pois esperávamos algo em entre 10% e 20% ao ano, mas fomos surpreendidos pela grande demanda”, diz Camila. As lâmpadas halógenas e incandescentes não chegam a 10% do faturamento da rede. O LED, por sua vez, está atingindo uma fatia de 50%.

Indústria nacional importa componentes para fabricar LED

De olho no potencial de um mercado no qual predominam os itens importados, algumas empresas passaram a fabricar produtos de LED no país com o auxílio de componentes importados. Segundo a Associação Brasileira da Indústria da Iluminação (Abilux), existem hoje cerca de 20 fabricantes de LED no país.

Uma delas é a FLC. Importadora e distribuidora de produtos de iluminação até 2014, a empresa inaugurou sua fábrica em meados do ano passado, em São Paulo. Por enquanto, o único modelo produzido no país pela marca é uma lâmpada LED A60, em formato de bulbo. Voltado ao segmento residencial, o modelo é projetado justamente para substituir as lâmpadas incandescentes. Segundo João Geraldo Ferreira, presidente da FLC, em menos de um ano de operação a produção triplicou. “Nos antecipamos a uma tecnologia que há pouco tempo era apenas uma tendência e agora é um caminho sem volta”, afirma. O objetivo, segundo ele, é contribuir para desenvolver uma indústria com DNA local.

“O imposto de importação para componentes de LED é menor do que o produto final [12% contra 18%], o que funciona como um estímulo ao renascimento da indústria de iluminação no país”, afirma Georges Blum, presidente-executivo da Associação Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminação (Abilumi).

Certificação deve garantir a qualidade dos produtos

Em dezembro deste ano termina o prazo para que fabricantes e importadores de lâmpadas de LED concluam o processo de certificação dos produtos vendidos no mercado brasileiro, segundo portaria do Inmetro publicada em 13 de março deste ano. Com isso, importadores esperam que o mercado comece a se consolidar a partir de 2016.

Na ponta, contudo, atacadistas e varejistas terão 24 meses para se adaptar à regra. Eloir Pereira, gerente de Marketing da Foxlux, acredita que a normatização da tecnologia no Brasil deve frear a queda de preço do produto, motivada, entre outros fatores, pelo grande número de fornecedores no país. Segundo ele, a necessidade de adequar os produtos importados à regra do Inmetro tende a afastar os “aventureiros” e deixar apenas os competidores já estabelecidos no mercado.

“O custo da certificação é relativamente alto, mas inibe fornecedores que não têm um nome a zelar. Apesar do dólar alto, tem muita gente sem qualquer embasamento técnico trazendo essa tecnologia para o Brasil”, afirma Bruno Rossi, gerente comercial da Empalux.

A grande vantagem, segundo os importadores, é o ganho de qualidade para a tecnologia. Existe hoje uma infinidade de itens de baixa qualidade que acabam depreciando o LED para o consumidor. “Além de baratear a conta de luz, uma lâmpada LED tem de durar, em média, 25 mil horas. E mais: tem de equivaler a 50 lâmpadas incandescentes ou oito fluorescentes compactas”, explica.

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