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A forte alta da taxa de desemprego em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, está relacionada ao aumento da chamada população desocupada | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
A forte alta da taxa de desemprego em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, está relacionada ao aumento da chamada população desocupada| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A taxa de desemprego ficou em 6,9% em junho, informou o IBGE nesta quinta-feira (23). O dado faz parte da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que engloba seis regiões metropolitanas do país –Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre. Em junho de 2014, a taxa havia sido de 4,8%. O resultado é o pior para o mês desde 2010, quando ficou em 7%.

Em maio, o desemprego havia ficado em 6,7%. A variação de um mês para o outro, de alta de apenas 0,2 ponto percentual, é considerada estabilidade estatística pelo IBGE.

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A forte alta da taxa de desemprego em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, está relacionada ao aumento da chamada população desocupada — ou seja, aqueles que estão em busca de trabalho, porém não encontram. No mês passado, esse grupo somava 1,7 milhão de pessoas nas seis regiões acompanhadas pela pesquisa, o que representa uma alta de 44,9% (522 mil pessoas) em relação a junho de 2014.

Emprego com carteira assinada recua 2,0% em junho, diz IBGE

O número de empregados com carteira assinada no setor privado diminuiu 2,0% em junho em relação a igual mês de 2014, informou nesta quinta-feira (23) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) referente ao mês passado. Isso significa que foram fechados 240 mil postos de trabalho formais no período, considerando as seis principais regiões metropolitanas do país.

Isso não significa que o número de empregados sem carteira no setor privado aumentou, pelo contrário. Esse contingente encolheu 0,8% em junho ante igual mês do ano passado, o que representa um corte de 16 mil vagas.

Houve ainda redução de 53 mil no número de empregadores no período, um corte de 5,3% em relação a junho do ano passado. As únicas modalidades de emprego que cresceram na comparação interanual foram conta própria (+9 mil) e militar ou funcionário público (+106 mil). Mesmo assim, o saldo foi um fechamento de 298 mil postos de maneira geral no mercado de trabalho dessas regiões.

Já a população ocupada encolheu, no mesmo período, 1,3% (equivalente a 298 mil pessoas), passando a somar 22,8 milhões de trabalhadores.

Na comparação com maio, tanto a população ocupada como a desocupada ficaram estáveis, segundo o IBGE. O instituto informou ainda que a população não economicamente ativa — pessoas que não estão à procura de emprego e, dessa forma, não pressionam o mercado de trabalho — ficou em 19,3 milhões, estável tanto em relação a maio como a junho de 2014.

Rendimento

Já o rendimento real (já descontando a inflação) ficou em R$ 2.149 em junho. O valor é 0,8% maior em relação ao registrado em maio, porém 2,9% menor que o de junho de 2014.

Com a queda na renda frente ao ano passado, caiu também a chamada massa de rendimento médio real — formada pela soma dos rendimentos dos trabalhadores. Em junho, esse indicador ficou em R$ 49,5 bilhões, queda de 4,3% em relação ao mesmo mês de 2014. Frente a maio, foi registrada estabilidade.

Depois de ter fechado 2014 em 4,3% — menor patamar da série histórica —, a taxa de desocupação medida pela PME tem subido constantemente neste ano. O aumento reflete a piora no mercado de trabalho, impactado pelo ambiente recessivo na economia.

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Caged

Na semana passada, o Ministério do Trabalho informou que o país fechou 111.199 postos de trabalho em junho, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Foi o pior saldo líquido (admissões menos demissões) para o mês desde 1992. Diferentemente da PME, que considera emprego informal em seus cálculos, o Caged registra apenas as vagas com carteira assinada.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, levantamento mais abrangente do IBGE, que contém informações de todas os estados brasileiros e do Distrito Federal, também têm mostrado deterioração no mercado de trabalho. Segundo os números mais recentes, de maio, a taxa de desemprego nacional chegou a 8,1%, a maior desde 2012.

Demissões se alastram para serviços e comércio nas regiões metropolitanas

As demissões nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras, antes concentradas nos setores de indústria e construção, se alastraram para as atividades de serviços e comércio, informou o IBGE nesta quinta-feira (23).

A população ocupada nas seis principais regiões metropolitanas encolheu em 1,3% em junho, na comparação ao mesmo mês do ano passado. Foi a maior queda nessa base de comparação da série histórica, iniciada em 2002. São 298 mil demissões.

“Antes tínhamos um aumento da taxa de desemprego pela maior procura. Agora, estamos vendo dispensas mais acentuadas”, afirma Adriana Araújo Beringuy, técnica do IBGE. “Isso porque temos agora mais setores contribuindo com a redução do emprego”.

Os cortes foram maiores no segmento chamado “outros serviços”, que inclui alojamento, alimentação e recreação. Foram 114 mil pessoas a menos trabalhando no setor em junho na comparação ao mesmo mês do ano passado, queda de 2,7%.

Uma parte dessas demissões pode estar relacionado ao crescimento de 4,5% que serviços de alojamento, alimentação e recreação teve em junho do ano passado, em base anuais. O mês foi marcado pela Copa do Mundo no Brasil.

Comércio

O comércio também teve um desempenho bastante ruim em junho deste ano. O setor demitiu 95 mil pessoas entre junho de 2014 e de 2015. O contingente de ocupados no comércio encolheu assim em 2,2% nessa comparação.

“O comércio foi um dos que mais resistiu à crise porque existe custo de demissão. Agora começa a reduzir seu pessoal afetado pela queda na receita e aumento de custos, como energia. Com o cenário ruim, o comércio está fazendo seu ajuste”, disse Vitor França, assessor econômico da FecomercioSP.

Indústria e construção continuaram seu processo de demissões iniciado já no ano passado, mas não foram os maiores no mês. A indústria cortou 20 mil vagas em junho e a construção, 88 mil vagas, informou o IBGE nesta quinta-feira.

O aumento do desemprego tem sido maior, sobretudo, entre a população de 18 a 24 anos. São jovens que se mantiveram fora do mercado no ano passado, apoiados em uma maior renda familiar.

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