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A taxa média de desemprego no país aumentou para 8,1% no trimestre encerrado em maio, informou o IBGE nesta quinta-feira (9). O índice foi de 7% no mesmo período do ano passado e de 7,4% no intervalo imediatamente anterior (dezembro a fevereiro).

Os dados são da Pnad Contínua mensal, pesquisa de abrangência nacional sobre mercado de trabalho divulgada pelo IBGE. Trata-se da maior taxa de desemprego da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2012.

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O desemprego aumentou porque 1,566 milhão de pessoas entraram no mercado de trabalho, mas apenas 297 mil encontraram emprego. O número de pessoas desempregadas no país aumentou, assim, em 1,269 milhão na comparação ao mesmo período do ano passado.

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Com a desaceleração da economia (o PIB encolheu 0,2% no primeiro trimestre deste ano), o mercado não está sendo capaz de absorver esses trabalhadores.

A população desempregada no trimestre encerrado em maio cresceu 18,4% frente ao mesmo período do ano passado. São 8,157 milhões de desempregados. Na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro, o aumento foi de 10,2%.

O número de pessoas ocupadas, por sua vez, teve um crescimento de 0,3% frente ao mesmo período de 2014, considerado estabilidade pelo IBGE. São 92,104 milhões de brasileiros empregados. Houve queda de 0,2% na comparação ao período encerrado em fevereiro, também considerado estabilidade pelo IBGE.

Já o número de pessoas fora do mercado de trabalho – em idade para trabalhar, mas que não procuram emprego – aumentou 1,4%, para 63,696 milhões.

Renda

Uma das razões para o aumento da procura por emprego no país é a queda da renda. Mais pessoas voltam ao mercado de trabalho buscando recompor a renda da família. O rendimento médio dos trabalhadores do país ficou em R$ 1.863 nos três meses encerrados em maio, com queda de 0,7% em relação ao período terminado em fevereiro.

Na comparação com o período terminado em maio de 2014, houve queda de 0,4%. A massa de rendimento real habitualmente recebido em todos os trabalhos para o trimestre encerrado em maio (R$ 166,1 bilhões) não apresentou variação significativa.

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Atrasos na pesquisa

A Pnad Contínua é a mais abrangente pesquisa de emprego do IBGE. A PME (Pequisa Mensal de Emprego) investiga as seis principais regiões metropolitanas. A Pnad Contínua coleta dados em todo o país.

Por se tratar de uma pesquisa nova, iniciada em 2012, a Pnad Contínua tem sido incrementada ao poucos pelo instituto, com novos temas absorvidos pela pesquisa com o tempo.

O IBGE informou na terça-feira (7) que vai atrasar a divulgação da Pnad Contínua de junho deste ano a janeiro do ano que vem. O tempo de atraso vai variar de 14 dias a 43 dias, dependendo do mês de referência.

Pelas novas datas, a taxa de desemprego de junho, por exemplo, será conhecida em 25 de agosto, e não mais em 6 de agosto. A de julho sairá em 29 de setembro, em vez de 3 de setembro.

O IBGE informou que o atraso ocorre por causa de novos temas que serão incorporados à pesquisa (trabalho infantil, habitação, migração e fecundidade) e troca do tablet que os técnicos usam no campo.

Desemprego levará demanda a ficar dentro da capacidade da oferta, estima Sicredi

A elevação do desemprego no país fará com que a demanda fique dentro da capacidade da oferta, na visão do economista Pedro Ramos, do Banco Cooperativo Sicredi, ao comentar a taxa de desemprego de 8,1% acumulada até maio pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Ramos, pela curta série histórica dos dados e pela dificuldade de dessazonalização das informações, a avaliação da Pnad Continua ainda não é uma tarefa fácil de se fazer. Mas dá para se ter uma ideia geral do que está ocorrendo em nível nacional. Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, Ramos projeta para este ano uma taxa de desemprego de 7,4%. Em 2014, a taxa fora de 4,3%.

De acordo com ele, o nível (elevado) do desemprego é parte do ajuste macroeconômico e trará, mais à frente, ganhos de produtividade para a economia brasileira. Fará também com que o consumo se ajuste à oferta, disse.

Inflação

Ao avaliar ainda a primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de julho, de 0,65%, ante 0,47% no primeiro decêndio de junho, o economista do Sicredi disse que a aceleração dos preços no começo deste mês surpreendeu pela elevação a um ritmo maior da inflação agropecuária.

De acordo com Pedro Ramos, a combinação de dois eventos - desvalorização do real e valorização dos preços dos produtos agropecuários - explica o fato de o IGP-M ter ficado acima da sua projeção, de 0,49%. “Só o preço da soja subiu muito rápido”, disse, ao se referir à passagem do preço grão de uma queda de 1,07% no fim de junho para uma alta de 2,48% no começo deste mês.

“Essa pressão dos agropecuários deve continuar”, explicou. Além disso, de acordo com o economista, há ia inflação de julho reflexos dos ajustes salariais, que normalmente se encerram em maio e junho. Para ele, houve alguns atrasos, o que estendeu a sazonalidade para julho.

De acordo com o economista do Sicredi, a pressão que se observa agora no atacado pode chegar na ponta do consumidor, ou no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - que mede a inflação oficial -, em até três meses.

Quando o choque vem de preços de produtos in natura, que são consumidos praticamente frescos (da colheita até os supermercados levam no máximo três a cinco dias) o repasse é rápido. Mas os preços que mais estão pressionando os IGPs são os grãos, como a soja, por exemplo, que demoram mais para atravessar toda a cadeia até chegar ao consumidor.

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