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Após anúncio da compra do  HSBC pelo Bradesco, sindicato dos bancários  de Curitiba  fechou sede do  Palácio Avenida, no Centro da capital. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Após anúncio da compra do HSBC pelo Bradesco, sindicato dos bancários de Curitiba fechou sede do Palácio Avenida, no Centro da capital.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O encerramento das atividades do HSBC no Brasil tem impacto direto em Curitiba. Na capital, sua sede administrativa, o banco britânico emprega atualmente 7,1 mil pessoas, sem contar estagiários e terceirizados. O número é equivalente a todos os empregos gerados pela economia da cidade no ano passado, 7.106 vagas, segundo o Ministério do Trabalho.

Em São Paulo, o prefeito Gustavo Fruet conversou com a diretoria do Bradesco, que deve vir a Curitiba ainda nesta semana para uma reunião. “Eles disseram que tem havido muita especulação e boataria. Por isso querem um diálogo aberto e devem tomar todo o cuidado com relação a diferentes temas, principalmente a questão do emprego”, disse Fruet, que deve mobilizar entidades representativas a fim de uma ação conjunta para reduzir o impacto da venda.

Fim das atividades do HSBC não deve preocupar clientes

Órgãos de defesa do consumidor tranquilizam os clientes e dizem que contratos serão mantidos

O anúncio da saída do banco britânico do Brasil deixou milhões de clientes apreensivos sobre o futuro de suas contas bancárias. No entanto, especialistas e órgãos de defesa do consumidor e garantem que a aquisição não deve causar preocupação, pois os contratos serão mantidos e os direitos do cliente, garantidos.

“Os direitos continuam os mesmos e serão preservados, a exemplo da fusão do Itaú e Unibanco. Não há motivo para preocupação, o Bradesco deve adequar os clientes atendendo aos serviços e condições contratados no HSBC. Se houver problemas, o cliente deve reclamar e daremos suporte para garantir seus direitos”, garante Claudia Francisca Silvano, diretora do Procon-PR. Segundo ela, pode haver troca de cartões e de agências

De acordo com Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a aquisição por parte de um dos maiores bancos de varejo do país também deve garantir solidez às operações e maior segurança aos clientes. “A carteira que o HSBC Brasil possui no país, com créditos, investimentos e passivos, continua válida, apenas será assumida por outro banco”, explica.

Segundo ele, em breve a prefeitura deve ter um diagnóstico detalhado sobre a presença do HSBC em Curitiba, incluindo o que representa em termos de emprego, receita, empresas agregadas e situação fiscal.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf) também solicitou nesta segunda-feira (3) uma reunião com a diretoria do Bradesco. “Aconteceu o que mais temíamos. Podemos esperar que o Banco Central faça alguma exigência com relação aos empregos, mas vamos negociar um compromisso por parte do comprador com relação a isso”, diz Elias Hennemann Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba.

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Desde o anúncio da venda do HSBC em junho, o Sindicato dos Bancários de Curitiba articula reuniões junto ao Banco Central (BC) e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), solicitando uma análise do negócio do ponto de vista social, e não apenas mercadológico, além de garantir sua participação no processo enquanto parte interessada.

Greve

De acordo com o presidente do sindicato, com o anúncio da compra, a preocupação da categoria se estende dos cerca de 21 mil bancários do HSBC no país para os cerca de 80 mil bancários do Bradesco, já que não há posição clara sobre o que deve ser feito após a aquisição. “Se não houver garantia na negociação, devemos iniciar um processo de mobilização dos trabalhadores dos dois bancos para avançar e extrair um compromisso por parte do Bradesco”, diz.

Na segunda-feira, Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC pendurou faixas de protesto na fachada da sede e reuniu os bancários da sede do Palácio Avenida, no Centro de Curitiba, para discutir as próximas ações em defesa do emprego. “Em nenhum momento disseram o que aconteceria com os funcionários. A paralisação sempre foi a única maneira pela qual conseguimos discutir questões com o banco, vamos fazer o que for preciso, inclusive enfrentar o poderoso sistema financeiro, que sempre ditou as regras”, diz Cristiane Zacarias, coordenadora nacional da COE.

Receita

Em termos de arrecadação de tributos, a transferência para o Bradesco, cuja sede administrativa fica em Osasco, região metropolitana da capital paulista, deve causar perda significa para Curitiba. No último ano, a operação do HSBC gerou receita da ordem de R$ 85 milhões. “As operações bancárias de pessoa física e jurídica continuam, mas perdemos com a operação da área de TI, responsável por cerca de 40% da receita, além de mais de R$ 10 milhões provenientes de empresas terceirizadas”, diz Gustavo Fruet.

BC diz que não participou de negociações entre Bradesco e HSBC

O Banco Central divulgou nota, nesta segunda-feira (3) sobre a compra do HSBC pelo Bradesco. A autoridade monetária fez questão de frisar que alterações de controle e reorganizações societárias de instituições financeiras são negócios privados e o Banco Central não participa das negociações entre as partes.

“Uma vez que o contrato é fechado, as partes o trazem para a análise do Banco Central com vistas à aprovação da operação, condição imprescindível para que o negócio seja concluído”, explicou o BC.

A instituição ainda disse que, nessa análise, o Banco Central avalia a viabilidade do empreendimento e o impacto da operação sobre a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e sobre a concorrência.

Aprovação

O Bradesco não teme que terá dificuldade de aprovação de reguladores como Banco Central e Cade para a compra das operações brasileiras do HSBC, devido à concentração bancária decorrente da operação, disse nesta segunda-feira o vice-presidente do Bradesco Domingos Abreu.

Em teleconferência com analistas para comentar a aquisição anunciada pela madrugada, o executivo do Bradesco disse acreditar que uma aprovação regulatória final possa acontecer até o fim de 2015.

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