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| Foto: Marcello Casar Jr/ Agência Brasil/Fotos Públicas

O dólar disparou mais de 3% e encostou em R$ 3,90 nesta terça-feira, 13, fechando a sessão com a maior alta diária em mais de quatro anos, refletindo as fortes incertezas em torno da eventual abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e o ambiente de aversão a risco nos mercados externos.

O dólar avançou 3,58%, a R$ 3,8935 na venda, maior avanço diário desde 21 de setembro de 2011, quando subiu R$ 3,75. Na máxima da sessão, foi a R$ 3,8962. Na semana passada, a moeda norte-americana havia acumulado perdas de 4,74%.

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“O cenário local está muito nebuloso, muito incerto. Isso faz o mercado assustar”, disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

Política interna

O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu nesta terça liminares que, na prática, seguram momentaneamente o desenvolvimento de eventual processo de impeachment de Dilma, que ganha mais tempo em meio à intensa disputa política que trava no Congresso.

Se a decisão do STF não interfere no poder do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de deliberar sobre os pedidos do impeachment, na prática deixa incerto o plano da oposição de apresentar recurso em plenário para eventual rejeição de Cunha ao pedido de impeachment, como era o script elaborado pelos oposicionistas.

A perspectiva de que o Congresso deve demorar para votar os vetos presidenciais que têm impacto sobre as contas públicas também provocou apreensão entre os investidores. O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que “não é prudente” convocar sessão do Parlamento nesta semana para analisar os vetos, após tentativas de reunir deputados e senadores naufragarem na semana passada.

“A semana começa quente em Brasília”, resumiu o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.

Mercados externos

A incerteza local somou-se ao mau humor nos mercados externos. Uma queda mais forte nas importações da China, importante referência para investidores em mercados emergentes, em setembro deixou economistas divididos sobre a performance do setor comercial do país, apesar de as exportações terem caído menos que o esperado. Com isso, o dólar subia cerca de 1% contra moedas como os pesos chileno e mexicano.

O Banco Central deu continuidade nesta manhã à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou US$ 4,094 bilhões, ou cerca de 40% do lote total, que corresponde a US$ 10,278 bilhões.

Bovespa recua 4% e tem maior queda porcentual desde 1.º de dezembro

A Bovespa interrompeu uma sequência de nove altas consecutivas e teve nesta terça-feira, sua primeira - e forte - queda em outubro.

Depois de ter acumulado ganhos de 12,24%, o Índice Bovespa terminou o dia em 47.362,63 pontos, com queda de 4% - a maior perda porcentual desde 1.º de dezembro de 2014.

Não faltaram argumentos para justificar a onda vendedora de ações, mas uma realização de lucros já era esperada, diante dos ganhos acumulados nos últimos dias. Mesmo com o resultadohoje, o índice contabiliza alta de 5,11% no mês.

A bolsa brasileira já abriu em queda, em sintonia com os mercados acionários da Ásia e Europa. Nesses continentes, as ações recuavam em reação à divulgação dos dados das importações da China, que caíram 20,4% em setembro, quando os analistas esperavam um recuo de 16,5%.

A notícia teve impacto direto nos preços das commodities e, por consequência, nos preços das ações de empresas produtoras de matérias-primas.

As ações do setor bancário também se destacaram entre as quedas do dia na Bovespa, refletindo as incertezas políticas e ainda a divulgação de alguns relatórios de análise com previsões negativas. O Ifinanceiro, índice que reúne somente ações do setor financeiro e de seguros, fechou em queda de 4,24%, acima da média do mercado.

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