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Roberto e Genaro, sócios do Clube do Matchê: residência no exterior moldou a ideia do negócio. | Divulgação
Roberto e Genaro, sócios do Clube do Matchê: residência no exterior moldou a ideia do negócio.| Foto: Divulgação

Quando morava na Austrália, o administrador de empresas Roberto Vieira, 33 anos, matava a saudade do Brasil tomando um bom e velho chimarrão. A erva mate vinha pelo correio, direto do Rio Grande do Sul, sua terra natal, despachada por parentes e amigos. Era a única alternativa, já que encontrar o produto no país dos cangurus era uma tarefa praticamente impossível.

A dificuldade o estimulou a abrir um negócio inédito quando voltou ao Brasil: um clube de assinatura para apreciadores de chimarrão. Para isso, convidou o amigo Genaro Viera, 34 anos, estudante de Direito e que já havia trabalhado nos Estados Unidos domando cavalos, para ser seu sócio na empreitada.

Surgia assim o Clube do Matchê, um serviço que entrega mensalmente em casa ou na empresa um kit contendo três variedades de erva mate selecionadas, uma revista com dicas culturais, turismo e gastronomia; e um doce típico gaúcho, entre outros brindes. A assinatura custa R$ 59,90 por mês (mais o custo do frete para quem não mora na Região Sul). A iniciativa já atraiu 150 associados em 15 estados e no Distrito Federal. Só no Paraná são 40 clientes. Até o fim do mês, conta Roberto, o clube começará a fazer entregas no exterior.

“O negócio foi pensado a partir dessa necessidade das pessoas de encontrarem uma erva de qualidade para consumir”, diz ele, que teve a ideia final para batizar a empresa em Curitiba, cidade onde morou e trabalhou por um tempo. “O nome foi inspirado no Clube do Malte, de cervejas. Primeiro pensei em Clube do Mate, mas como no Rio de Janeiro a palavra ‘mate’ é muito associada ao chá, fiz essa brincadeira com o ‘tchê’.”

Rede social

O clube foi lançado primeiro na internet, em setembro de 2014, em uma página no Facebook. “A primeira ideia foi testar a proposta nas redes sociais, até para ter um feedback dos clientes. A meta inicial era alcançar 5 mil curtidas. Para nossa surpresa, foram 50 mil em dois meses”, diz Genaro. Hoje, são quase 70 mil, de 45 países diferentes.

“Com a resposta positiva, passamos a nos dedicar 100% ao clube, testando embalagens, verificando a logística e produzindo a nossa própria revista”, completa Roberto, que teve a preocupação de traçar um perfil dos associados para atendê-los ainda melhor. “70% do nosso público tem de 18 anos a 44 anos. E a divisão por sexo é rigorosamente igual: 50% mulheres e 50% homens.”

190 mil toneladas

de erva mate são processadas por ano no Brasil, que é o segundo maior produtor do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Erva Mate. O Uruguai é o maior consumidor, com uma média de 11 quilos por pessoa ao ano. No Rio Grande do Sul, a erva é degustada mais verde. Nos demais estados do país, o hábito é consumir o produto mais envelhecido. No Brasil, o maior produtor é o Paraná.

A escolha do modelo de negócio é um caso à parte. Roberto já conhecia clubes de assinatura de vinhos e cervejas, por exemplo, mas não havia nada parecido com chimarrão. Abrir uma loja física foi algo nem passou pela cabeça. “O objetivo sempre foi garantir que a erva chegue direitinho para o cliente. Claro, é uma comodidade, mas é mais do que isso. O que fazemos é levar um pedacinho do Rio Grande para gaúchos que estão longe de casa”, explica Genaro. “E todo mundo gostou muito da ideia. Recebemos contatos de pessoas dos mais diversos lugares do mundo. É muito gratificante”, concorda Roberto.

Kit corporativo

A empresa criou também as opções “kit presente” para familiares e amigos e “kit corporativo” para empresas que queiram beneficiar seus funcionários. “Aqui no Rio Grande é muito comum as pessoas tomarem chimarrão enquanto trabalham. Hoje temos dez clientes corporativos”, diz o administrador de empresas.

A proposta deu tão certo que o Clube do Matchê pretende dobrar o número de sócios a partir do mês que vem e chegar ao fim do ano com mil associados. Em breve, também, será lançada a versão digital da revista. Mas tudo isso com calma, sem atropelos. “Queremos dar o passo conforme o tamanho da nossa perna. A maior preocupação é atender bem os sócios que já temos e crescer aos poucos”, diz Roberto, que emprega hoje dez pessoas e mantém um estagiário no escritório em São Leopoldo (RS).

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