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Famílias com renda mais apertada e indústria retraída pela queda do consumo fizeram com que a economia encolhesse 0,81% no primeiro trimestre deste ano. Somente em março, a retração foi ainda mais forte: 1,07%, de acordo com os cálculos do Banco Central, divulgadas nesta quinta-feira (21). As contas já consideraram as mudanças metodológicas do cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) feitas pelo IBGE. Como os economistas do mercado financeiro não sabiam como o BC atualizaria o método de calcular o IBC-Br, o índice de crescimento criado pela autarquia, fizeram projeções com os dados antigos.

A aposta média geral dos analistas era de uma retração econômica de 0,7% nos três primeiros meses do ano. As previsões variavam entre uma queda de 0,4% a 1% da atividade econômica. Essas expectativas foram feitas depois de o IBGE divulgar, na semana passada, que o comércio registrou uma queda de 0,8% nas vendas no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado: o pior resultado dos últimos 12 anos. Com menos dinheiro no bolso – por causa do aumento do desemprego, desaceleração do crescimento da renda, inflação que corrói cada vez mais o salário do trabalhador e juros mais altos – as famílias consomem menos.

Indústria

Na hora de calcular o IBC-Br, a autoridade monetária também usa o desempenho da indústria. Com o consumo em queda, os empresários ficam mais cautelosos e produzem menos. A produção do setor caiu nada menos que 5,9%.

O Banco Central revisou para cima o desempenho do IBC-Br em fevereiro: de crescimento de 0,36% divulgado anteriormente, para alta de 0,59%. Já o índice de janeiro foi recalculado para baixo: de contração de 0,11% para recuo de 0,30%. Nos últimos 12 meses, o índice do BC revela que a economia brasileira encolheu 1,18%. É praticamente o resultado que os analistas esperam para o ano.

Quadro grave

Para o economista do Banco Espírito Santo Flávio Serrano, as mudanças metodológicas feitas pelo BC só alteraram levemente os dados, mas não mudam a história vivida pelo país: a maior contração da atividade econômica vista desde os anos 90. Ele lembra que na crise de 2009, o país teve recessão, mas a recuperação veio logo. “É importante destacar que tem uma revisão de dados do BC. Mudou um pouco os dados, mas não muda a história. Temos um quadro de desaceleração que está se agravando”, frisou o analista que espera uma retração ainda maior no segundo trimestre deste ano e uma recuperação mais lenta depois.

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