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As evidências de que a desaceleração na China está afetando a Ásia em geral cresceram nesta terça-feira, após a divulgação de uma queda forte nas exportações da Coreia do Sul.

O recuo nas exportações sul-coreanas em agosto foi de 14,7%, na comparação com igual mês do ano anterior. O dado foi o primeiro sinal regional do comércio no mês passado, após a desvalorização do yuan por Pequim em 11 de agosto. A ação chinesa provocou turbulências nos mercados financeiros e o temor sobre o crescimento chinês, apesar dos esforços de Pequim para fortalecer a economia. As ações asiáticas caíram novamente nesta terça-feira.

O dado sul-coreano veio no mesmo dia em que novas leituras confirmaram o enfraquecimento da economia da China. A atividade industrial desacelerou à mínima em três anos e o setor de serviços mostrou nova fragilidade.

A desaceleração da China e o resultante declínio global nos preços das commodities são sentidos de maneira abrangente, segundo o economista Frederic Neumann, do HSBC. “A Coreia não está apenas exposta diretamente à demanda chinesa mais fraca, mas também indiretamente através da deterioração global do setor de commodities”, afirmou o economista.

A Austrália, um dos países mais dependentes do apetite chinês por commodities, enfrenta agora sua primeira recessão após 24 anos, segundo alguns economistas. Esses analistas preveem que a Austrália deve registrar contração no segundo trimestre, dado que sai na quarta-feira (hora local). Em um sinal de estresse entre as empresas, a gigante mineradora BHP Billiton cortou neste ano centenas de empregos em uma grande mina de cobre, ouro e urânio.

A economia do Japão contraiu no segundo trimestre e aumentam as preocupações de que ocorra o mesmo no terceiro trimestre, com as empresas sofrendo com a queda na demanda da China. As exportações japonesas ao país recuaram 10,8% entre janeiro e junho e devem enfraquecer mais no restante do ano, diante da desaceleração nos embarques de equipamentos para a fabricação de smartphones, segundo a agência afiliada do governo de Tóquio que monitora o comércio.

Duas outras economias regionais, a Malásia e o Vietnã, anunciaram nesta terça-feira uma queda no setor industrial para agosto, após a desvalorização do yuan reduzir o custo dos produtos chineses, criando maior dificuldade para esses países competirem.

As exportações sul-coreanas ficaram em US$ 39,33 bilhões em agosto, seu oitavo mês consecutivo de declínio, incluindo uma queda de 8,8% nos embarques para a China, que absorve um quarto das exportações totais da Coreia do Sul. As exportações para a zona do euro, outro foco persistente de fraqueza, caíram 20,8%. As exportações são responsáveis por cerca de 50% da produção econômica sul-coreana.

A China busca garantir que o crescimento econômico do país atinja a meta de cerca de 7% neste ano, nível que ainda representaria o pior desempenho em mais de duas décadas. Até agora, a China cortou a taxa de juros cinco vezes desde novembro e adotou ações repetidas para permitir que os bancos emprestem uma parcela maior de seus depósitos. Também ofereceu isenção fiscal para empresas e acelerou a aprovação de projetos de infraestrutura.

Ainda que alguns economistas afirmem que os dados da indústria da China foram agravados pelo fechamento temporário de empresas, para controlar a poluição diante das celebrações do 70º aniversário do fim da Segunda Guerra, os principais motores da economia claramente não operam com velocidade máxima. “Há um ritmo de crescimento insuficiente no setor manufatureiro do país”, afirmou Zhao Qinghe, economista do Escritório Nacional de Estatísticas.

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