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Pátio da Volks: empresa saiu da lista dos maiores exportadores. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Pátio da Volks: empresa saiu da lista dos maiores exportadores.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Em uma década, as exportações de industrializados do Paraná perderam mercado consumidor e foram substituídas por embarques de produtos com menos valor agregado. Dados de janeiro a agosto de 2005 a 2015 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que a participação de industrializados passou de 64,5% do total exportado pelo estado para pouco mais de 45%, uma queda de quase 20 pontos porcentuais em dez anos.

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Nos primeiros oito meses deste ano, as empresas paranaenses produtoras de industrializados faturaram US$ 4,6 bilhões, dentro de um total de embarques de US$ 10,3 bilhões, considerando produtos básicos e operações especiais. Em 2005, a venda de produtos com maior valor agregado ao exterior gerou US$ 4,3 bilhões, mas a fatia de participação da modalidade era bem maior, considerando um total de embarques estaduais de US$ 6,6 bilhões.

O resultado de 2015 é o segundo pior da última década, ficando na frente apenas do ano passado, quando as exportações estaduais de produtos industrializados representaram pouco mais de 43% do total vendido pelo estado ao exterior. Na série histórica, a perda de competitividade e de mercado dos produtos paranaenses com maior valor agregado se acentuou com a crise econômica global e registrou a maior queda de um ano para o outro em 2009, quando perdeu 9,4 pontos porcentuais de participação nas exportações.

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O encolhimento da participação do segmento ocorreu principalmente por consequência da forte apreciação do real frente ao dólar no período e da perda de competitividade dos produtos brasileiros. “Bem nessa época aconteceu a desindustrialização, quando houve uma quebra das cadeias produtivas no país e no Paraná”, afirma Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Além disso, o boom no preço das commodities também contribuiu para que o segmento dos industrializados cedesse espaço para os básicos. “Até 2011, esse período foi marcado pela alta de preços das commodities. Podemos justificar essa queda dizendo que é uma combinação do boom das commodities e um processo de desindustrialização do país”, diz Julio Suzuki, diretor-presidente do Instituto Paranaense do Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Uma das grandes críticas à condução macroeconômica do primeiro governo de Dilma Rousseff é o excesso de estímulo à demanda após 2010, que promoveu um grande aumento da importação e acentuou ainda mais o processo de desindustrialização pela qual o país já passava.

Brasil cai 18 posições em ranking de competitividade

O Brasil perdeu 18 posições no ranking das economias mais competitivas do mundo, caindo da 57ª colocação para a 75ª, segundo o Relatório Global de Competitividade, divulgado na última semana pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) em parceria com a Fundação Dom Cabral. Esta é a maior queda do país desde o início da série histórica da pesquisa há dez anos.

Após três anos de perdas consecutivas de posição, o Brasil está agora abaixo dos principais concorrentes no mercado externo como o México, Índia, África do Sul e Rússia. Além de estar atrás de economias menores como Hungria, Uruguai, Peru e Vietnã.

A queda do país aconteceu por uma série de fatores básicos, de acordo com a pesquisa: a deterioração de dados macroeconômicos, perda de confiança de agentes públicos e empresários e também os problemas recentes apurados com a operação Lava Jato.

A pior colocação do Brasil até então tinha sido o 72º lugar, registrado em 2007. O melhor resultado foi alcançado em 2012, quando o Brasil ficou no 48º lugar. (TBV)

Montadoras perdem espaço na lista dos maiores exportadores

No ranking dos dez maiores exportadores paranaenses em 2005 figuravam cinco montadoras ou indústrias da cadeia automotiva: Volkswagen, Volvo, Renault, Bosch e a extinta Tritec Motors, a joint venture firmada entre a BMW e a Chrysler em 1997. Dez anos depois, apenas a Renault se mantém na lista, duas posições abaixo do lugar que estava há dez anos.

Nos primeiros oito meses do ano, a montadora francesa de veículos, instalada em São José dos Pinhais, faturou US$ 343,6 milhões, menos que as vendas ao exterior renderam em 2005 (US$ 350 milhões). “O setor automotivo no Paraná cresceu muito a partir da década de 1990, mas os insumos que eram feitos internamente passaram a ser importados, o que prejudicou o segmento. Assim os veículos importados que eram produzidos no México passaram a ser mais baratos do que o próprio produto produzido aqui”, afirma o economista Roberto Zurcher, da Fiep.

A maior perda de participação em dez anos é da Volkswagen, que liderava a lista de maiores exportadores do Paraná em 2005, e aparece agora na 27ª colocação, com embarques de US$ 91,5 milhões, com participação de apenas 0,89% do total exportado pelo estado. Em 2005, a participação da montadora alemã era de 9,61%.

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