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Escritório da Movile em São Paulo: startup tem hoje mais de 1,4 mil colaboradores | /Divulgação
Escritório da Movile em São Paulo: startup tem hoje mais de 1,4 mil colaboradores| Foto: /Divulgação

No recém-inaugurado escritório da Movile, na zona sul de São Paulo, há uma estante cheia de champanhes. Para cada uma das garrafas, uma meta. Algumas das rolhas já voaram pelo escritório quando a empresa superou metas de faturamento e de usuários – uma das comemorações mais recentes aconteceu em março, quando o aplicativo de conteúdo para crianças PlayKids superou 6 milhões de usuários no mundo.

A empresa pode passar, em breve, a marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado, embora nenhum champanhe esteja reservado à ocasião – ao menos não à vista. Se isso acontecer, a Movile pode se tornar o primeiro unicórnio (apelido dado a essas empresas bilionárias) brasileiro.

Segundo fontes do mercado, a Movile não é a única startup a estar próxima do feito. Depois de anos de amadurecimento do ecossistema de startups – nome dado ao conjunto de empreendedores, investidores, aceleradoras e startups em plena atividade – o Brasil está começando a ver resultados.

“É estranho que nenhuma empresa de tecnologia grande tenha saído daqui”, diz o colombiano David Vélez, cofundador e presidente executivo da brasileira Nubank. “Na América Latina, temos o Mercado Livre e a Decolar, mas nenhum no Brasil.”

A Nubank, que oferece um cartão de crédito roxo, também tem sido citada frequentemente como uma das prováveis candidatas, além da empresa de segurança PSafe, que oferece um aplicativo de antivírus para smartphones.

Para Vélez, a Nubank faz parte de uma nova geração de startups brasileiras que criou negócios a partir de problemas específicos dos brasileiros. “Antes, muitos empreendedores olhavam os EUA”, diz Vélez, “e criavam clones, que imitavam modelos de negócio gringos no Brasil.”

Além de os empreendedores passarem a inovar mais e a criarem mais startups, o número de aceleradoras – empresas que apoiam as startups em seu ciclo de crescimento – cresceu no Brasil. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), há mais de 800 aceleradoras em operação no país que, em conjunto, já investiram mais de R$ 50 milhões em startups.

“As coisas estão mudando”, diz Fabricio Bloisi, fundador e presidente executivo da Movile. “Ainda falta capital, mas vários fundos vieram para cá nos últimos anos e há uma perspectiva positiva.”

Causa e efeito

Quem não quer estar à frente de uma empresa de US$ 1 bilhão? Um dos empreendedores mais conhecidos do país por ter criado o aplicativo Easy Taxi, Tallis Gomes, lamenta ter saído da empresa sem ter conseguido fazê-la chegar a esse valor de mercado. “Eu poderia ter ido morar na Tailândia (depois da Easy), mas eu gosto muito de trabalhar”, diz Tallis. “Fiquei muito mordido por não ter sido o primeiro unicórnio brasileiro.”

Nas conversas com os executivos das empresas citadas, não é possível sentir o mesmo entusiasmo de Gomes. “Eu nunca fui fã de animais fantásticos”, desconversa o cofundador e presidente executivo da PSafe, Marco DeMello, ao ser questionado sobre a vontade de se tornar o primeiro unicórnio brasileiro. “Queremos ser um caso de sucesso claro, que mostre que o Brasil não precisa ter síndrome de vira-lata.”

Para Vélez, da Nubank, transformar uma startup em um unicórnio nada mais é do que “uma métrica de vaidade”. “É uma medida falsa”, diz o empreendedor. “Ela pode nos fazer sentir como se já tivéssemos ganhado, mas ainda falta muito para nós chegarmos lá.”

A PSafe, a Movile e a Nubank não informaram sua estimativa de valor de mercado quando procuradas pelo Estado.

Reconhecimento

Os empreendedores são unânimes em reconhecer que, independentemente de qual empresa seja o primeiro unicórnio brasileiro, a fama poderia ajudar o Brasil a se projetar no cenário global. Como símbolos de sucesso, os unicórnios podem inspirar a criação de novas startups no país, além de atrair novos fundos de investimento para olhar empresas locais e colocar essas empresas no radar de gigantes do setor – tanto para novos negócios, como para possíveis aquisições.

“Eu acho que estamos pensando muito pequeno quando planejamos criar empresas de US$ 1 bilhão, enquanto grandes empresas americanas valem US$ 500 bilhões”, diz Bloisi, da Movile, que mira o Google como um de seus principais exemplos de sucesso. “Temos espaço no Brasil para criar muitas empresas com valor de mercado de US$ 10 bilhões.”

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