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“Ilha da Magia” foi eleita a melhor cidade para geração de negócios de alto impacto, segundo levantamento da Endeavor em 14 capitais | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
“Ilha da Magia” foi eleita a melhor cidade para geração de negócios de alto impacto, segundo levantamento da Endeavor em 14 capitais| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

Uma cidade é considerada um polo de criação de startups quando oferece um ambiente favorável ao desenvolvimento dos empreendedores. A região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, é o exemplo mais bem-sucedido de apoio a negócios inovadores. No Brasil, os holofotes têm se voltado para Florianópolis, eleita a melhor cidade para geração de negócios de alto impacto, segundo levantamento feito pela Endeavor em 14 capitais do país.

O que faz da capital catarinense um lugar propício à inovação é a existência de diversos atores de incentivo ao empreendedorismo, fruto do planejamento de longo prazo para fortalecer a área de vocação da cidade: o segmento de tecnologia. O setor é o maior arrecadador de impostos municipais e espera faturar, em todo o estado, R$ 2,5 bilhões neste ano, de acordo com a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate).

Startup curitibana encontrou mão de obra e custos mais baixos

A Rede Frete Fácil é um exemplo de startup que saiu de Curitiba em busca do ecossistema de Florianópolis. O empreendimento, em funcionamento há mais de dois anos, é uma plataforma de encontro para caminhoneiros e transportadoras. Nele, os motoristas se cadastram e indicam quando estão livres. As empresas entram em contato direto com o profissional para fechar a viagem. São 10 funcionários tocando o negócio que possui 100 mil caminhões cadastrados.

A decisão de ir para a capital catarinense foi motivada pelo custo de infraestrutura mais baixo da região e pela facilidade em captar talentos, principalmente programadores. ‘É difícil contratar desenvolvedores em Curitiba. Como há grandes empresas de software aqui (em Florianópolis) é mais fácil encontrar mão de obra qualificada. A qualidade de vida da região também atrai profissionais”, comenta o fundador da Rede Frete Fácil, Murilo Domingos.

O empreendedor destaca, também, outra diferença entre as duas cidades. Em Curitiba, há mais eventos de startups para quem está começando o negócio. Já a capital de Santa Catarina oferece um ampla rede de encontros com discussões mais aprofundadas para quem já está no mercado.

Durante o ano de 2013, o negócio esteve incubado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mas,a falta de infraestrutura de serviços motivou a mudança da sede para outro local.

Para apoiar as startups, Florianópolis tem dois parques tecnológicos (Tec. Alfa e Sapiens Parque), duas incubadoras (Midi Tecnológico e Celta), a Acate, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapesc), o Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Fundação Certi) e o sistema Fiesc.

Estes atores atuam em diversas frentes, priorizando o desenvolvimento dos negócios locais. A Acate, por exemplo, divulga quais são os recursos existentes para inovação via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e oferece auxílio de consultores para o envio do projeto.

Origem

Essa rede de suporte começou a atuar na década de 1980, com a criação da primeira incubadora da cidade. Como a economia de Florianópolis era baseada no funcionalismo público e no turismo de veraneio, não havia empresas para absorver os engenheiros formados na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Os estudantes começaram a montar seus próprios negócios e os representantes do setor público viram a possibilidade de desenvolver o setor de tecnologia para diversificar a economia local.

“Conseguimos ao longo dos últimos 30 anos corrigir os erros e fortalecer os acertos para consolidar o ecossistema local”, afirma o presidente da Acate, Guilherme Bernard. A importância dessa rede parte de um princípio claro: em uma região com um ecossistema menos desenvolvido até podem surgir empresas com alto potencial de crescimento, mas, na primeira oportunidade, elas acabam indo para outras cidades que ofereçam melhores condições.

Foi o que aconteceu com a Neoprospecta, empresa de biotecnologia idealizada no Rio Grande do Sul e com sede no Sapiens Parque. Marcos de Carvalho, fundador da empresa, diz que não encontrou em outra cidade da região Sul uma densidade de recursos e oportunidades para desenvolver o negócio como a que existe na capital catarinense.

Quando a Neoprospecta chegou à Florianópolis, em 2013, passou por um processo de aceleração e, um ano depois, recebeu um aporte financeiro de R$ 4 milhões de um fundo de investimento.

Curitiba busca integração de ações de fomento

Se Florianópolis começou a construir uma rede de apoio a negócios inovadores há 30 anos, Curitiba ainda busca a maturidade, por meio de uma integração maior das ações de fomento ao empreendedorismo local. O primeiro passo já foi dado, com o mapeamento do ecossistema de inovação do estado realizado pelo Sebrae-PR no ano passado.

O levantamento identificou quais são as aceleradoras, coworkings, entidades de apoio, incubadoras, instituições de ensino superior, investidores, movimentos locais e startups que existem em Curitiba e região. A partir disso, o Sebrae lançou programas para potencializar as startups locais e capacitar os empreendedores.

“Já existiam diversas instituições e negócios na cidade, mas eles não trabalhavam de foram integrada. O objetivo agora é conectar a atuação desses atores”, diz o coordenador do Programa de Startups do Sebrae-PR, Rafael Tortato.

No ranking das melhores capitais para empreender, elaborado pela Endeavor, Curitiba aparece na quarta colocação, com resultados sólidos em todos os índices analisados (infraestrutura, acesso a capital, ambiente regulatório, mercado, capital humano e cultura).

Na opinião do coordenador da aceleradora Hotmilk, Leonardo Tostes, Curitiba tem todas as características essenciais para virar polo de atração de startups, mas falta ainda uma cultura empreendedora. “O empreendedor curitibano é conservador e investir em inovação é um risco. A cidade precisa aprender a ser colaborativa”, diz Tostes.

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