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Iára, Romano e as famosas tintas PVA: no início, envase caseiro e rótulos feitos à mão; hoje, fábrica na CIC faz tudo. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Iára, Romano e as famosas tintas PVA: no início, envase caseiro e rótulos feitos à mão; hoje, fábrica na CIC faz tudo.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O faro fino de Iára Capraro é a locomotiva da empresa Daiara Artes, fundada há 30 anos em Curitiba. Foi assim desde o início, no primeiro endereço da loja, na Jesuíno Marcondes, aberta por insistência do marido e do pai da professora de pintura que levava mais de 60 alunas para o apartamento da família.

Foram elas que batizaram o empreendimento: a loja ‘Da Iára’ e a técnica ‘Da Iára’ foram as referências que acabaram na fachada.

Em 30 dias, o número de alunas pulou para cem. Todas faziam fila para comprar matéria-prima e o movimento atraia mais consumidores. Quatro meses de funcionamento foram suficientes para tirar o marido, Romano Capraro, da empresa de postes elétricos em que trabalhava há 18 anos para cuidar das contas da Daiara. Juntos, montaram a estratégia para competir em um mercado que já tinha pelo menos quatro fortes concorrentes na cidade: trazer novidades de fora. Visitas a feiras especializadas e cursos promovidos pelos fabricantes e fornecedores em São Paulo foram fundamentais para pesquisar materiais e técnicas que, aos poucos, foram entrando nas prateleiras da Daiara.

O trabalho de garimpagem logo tornou-se a principal característica da empresa. Para dar conta de abastecer a clientela, Iára e Capraro também investiram em fábricas de objetos para decoração.

Uma de cerâmica e uma marcenaria, onde eram feitos os produtos para pintura em MDF, foram incorporados à empresa e abasteciam a própria loja e outras da concorrência. As fábricas foram vendidas, mas a produção ainda está disponível na Daiara e compõe o catálogo de 35 mil produtos.

Fábrica de tintas

Outro produto que teve boa saída foram as tintas látex que o casal envasava para vender em porções menores para as alunas.

Iára rebatizou os potinhos com a sigla do Acetato de Polivinila, principal ingrediente da fórmula, e o PVA tornou-se sinônimo de tinta para artesanato em todo o país. O que começou com a compra de galões para envase caseiro, com rótulos feitos à mão, foi o início da fábrica de tintas Daiara Cores, hoje administrada pelos filhos e com mais de 1,5 mil clientes em todo o país, além de exportar para Portugal e Espanha.

O desenvolvimento de um produto próprio começou com a contratação de um engenheiro químico incumbido de traduzir a fórmula e ampliar a cartela de cores de uma marca de tinta norte-americana que Iára descobriu em uma das viagens ao exterior.

Depois de algum tempo como compradora da produção, que vinha de São Paulo, os empreendedores decidiram investir na fabricação local.

A indústria foi para a CIC em 2002. O braço químico produz também vernizes, colas, craquelês e componentes.

TV, revista e Youtube são vitrines da empresa curitibana

Ao longo de 30 anos de carreira, a pintura decorativa de Iára Caprano teve diversos canais de distribuição. Após verdadeiras turnês de cursos que promoveu pelo país, dando aulas de norte a sul em salas lotadas, a horários negociados em emissoras com alcance nacional e regional, Iára desfruta de prestígio no mercado de artesanato e goza de boa reputação entre fornecedores e fabricantes.

Seu know-how e habilidade para identificar produtos com bom potencial de venda foram aliados na hora de colocar novas técnicas e materiais no mercado nacional.

Em várias ocasiões, na falta de um similar nacional adequado ao trabalho que desejava realizar, ela mesma partia para a produção, como no caso das tintas látex e também no papel para decupagem. O material era importado da Austrália e nem mesmo o contato direto com o fabricante ajudou a desembaraçar suas encomendas.

Segura de que a técnica seria um sucesso por aqui, Iára desenhou uma coleção personalizada, com 12 gravuras exclusivas, vendidas em feiras especializadas até esgotarem os estoques. “E abriu um novo mercado, onde hoje há empresas especializadas”, diz o marido e sócio, Romano Capraro.

Consultora

Sua habilidade e domínio de variadas técnicas também a credenciaram como consultora na produção em escala industrial de diferentes materiais e acessórios, além da produção de linhas personalizadas de pincéis com seu nome, hoje trazidas da China. Aos 63 anos, Iára cumpre expediente em diferentes funções na empresa. Ainda dá aulas na loja, agora instalada em uma construção ampla e com estacionamento próprio, bem diferente da acanhada sala de 70 m2 que ocupou por 11 anos no centro da capital.

De mãe para filhos

A vinda dos filhos para a empresa também profissionalizou suas unidades de negócio e canais de venda. Eles são responsáveis pela fábrica de tintas, onde Iára também trabalha e dá consultoria. Já fez inúmeras edições de revistas dirigidas ao artesanato para editoras nacionais e teve até uma publicação própria, feita em parceria com a filha, com quem fotografava as peças, escrevia e diagramava.

A caçula assumiu a produção das vídeos-aulas da mãe, que primeiro foram distribuídas em emissoras de TV e agora invadem a internet em um canal com 64 mil assinaturas e 17 milhões de visualizações.

Recentemente uma vídeo conferência na Rússia reuniu 13 mil alunos on-line para aprender mais sobre artesanato brasileiro.

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