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Ilustração: Robson Vilalba | /
Ilustração: Robson Vilalba| Foto: /

Se o ano de 2016 foi considerado desafiador para grandes empresas e no cenário macroeconômico brasileiro, a onda das empresas iniciantes, como startups, correu na contramão desse índice. Segundo Maria Rita Spina Bueno, diretora executiva da Anjos do Brasil, houve uma queda no valor oferecido por investidores-anjo, porém o número de aportes cresceu e amadureceu.

O que justifica o crescimento do número de aplicações feitas por esses investidores são justamente as dificuldades que as grandes companhias encontraram em meio à crise. No momento em que elas fizeram uma revisão de processos e começaram a buscar formas de economizar e otimizar o trabalho, as startups tinham a solução. Assim, elas ganharam mercado, relevância e amadureceram seus processos.

A inovação não veio apenas para grandes empresas. Ela se disseminou entre os usuários que também foram afetados pelo cenário da economia brasileira. “Um estudante que não consiga pagar por melhores condições de estudo pode usar um aplicativo que ajuda na preparação para o vestibular”, explica Bueno. A executiva ressalta que, mesmo que as startups consigam crescer durante o período de dificuldade, é importante que elas encontrem uma boa condição macroeconômica, porque, quando se consolidarem, vão precisar de espaço, incentivo e segurança.

No Paraná, as pequenas empresas que estavam preparadas e com um trabalho bem direcionado conseguiram atender à demanda e se destacaram no mercado. Para isso, segundo Allan Costa, idealizador do grupo de investidores Curitiba Angels, três características foram essenciais: visão para identificar um problema concreto a ser resolvido (e criar uma solução para ele), coragem para se expor no mercado nacional e internacional e consistência dos empreendedores.

Do outro lado, os investidores ficaram mais meticulosos durante a crise, com uma visão positiva, mas fazendo boas análises sobre o potencial das empresas antes de oferecer capital, como explica o co-fundador da Curitiba Angels e da CWB Capital, Leonardo Jianoti. “O que nós fizemos foi uma revisão de estratégias. Tentamos engatar projetos de longo e médio prazo olhando para o negócio, nos certificando sempre de como ele está. Conseguimos prever mais riscos do que antes”.

Os investidores-anjo sempre olham para algo além do retorno financeiro. Eles têm interesse em criar valor para a sociedade.

Maria Rita Spina Bueno diretora executiva da Anjos do Brasil

Para 2017, o caminho continua sendo esse. Segundo os investidores, empresas de inovação que ofereçam praticidade ao usuário têm grandes chances de crescer. Para eles, o segredo é investir em tecnologia para negócios que precisam ser revolucionados, em ideias para fazer com que o mercado tradicional ganhe mais escala e em tudo que possa trazer economia para empresário ou usuário final.

Além disso, eles ressaltam que os investidores-anjo procuram não só ter retorno financeiro, mas também para o ecossistema de startups. “Não basta só oferecer qualidade, tem que gerar impacto positivo social e ecológico. Isso é uma tendência no Brasil e no mundo e não tem motivos para não crescer”, assegura Bueno.

As ideias promissoras

Para os investidores-anjo, alguns setores se destacaram em 2016 e oferecem boas oportunidades de negócio. São eles:

Fintechs

As empresas de tecnologia que trazem soluções para a área de finanças estão crescendo graças à estrutura organizada que facilita alguns serviços para o usuário, como desburocratização e ainda oferece novidades para esse mercado. Nessa tendência, outras áreas podem seguir o mesmo caminho, como a jurídica. Já existe até um termo para esse setor: legaltech.

Saúde

Toda a área que tenha muitos problemas e seja relevante para a comunidade é um bom setor para o desenvolvimento de startups. Ideias para organizar e oferecer novos serviços são bem vindas. Nessa linha, outro setor promissor é o da educação.

Agritech

Segundo os investidores, o agronegócio conseguiu se manter em 2016. O Brasil tem bons projetos nessa área, que é um bom campo para pesquisa e inovação.

Internet das coisas (IoT, da sigla em inglês)

Essa área ainda estava no campo das ideias, mas começou a ganhar força com o aumento do número de pesquisas sobre o setor. Agora, é preciso crescer em oferta de produto, oferecer serviços para o consumidor.

“Uberização”

São chamadas por esses nomes as plataformas que conectam quem oferece um certo serviço a quem está a procura dele. Já existem ideias para cosméticos, gastronomia e até cuidadores de idosos e crianças.

Mercado tradicional

Nesse setor estão as plataformas que oferecem a democratização de certos serviços. Já existem projetos para que a própria pessoa inicie um projeto de design de interiores e customização de automóveis. A vantagem para quem trabalha com isso é que o serviço vai ficar mais popular e a demanda para executar os projetos vai aumentar.

Negócios que estão em baixa

Alguns setores ainda carecem de pesquisa e de novas ideias para o seu desenvolvimento. Por isso, ainda não têm tanto potencial para investimento. São projetos com mais tempo de maturação, com resultados pouco previsíveis, como os medicamentos, ou com ciclo de criação extensos, como o desenvolvimento de hardwares. O investidor Allan Costa chama atenção para as iniciativas do terceiro setor, que precisam se alivar com o mercado para alavancar os negócios. “É possível desenvolver iniciativas que melhorem a vidas das pessoas e que mesmo assim gerem retorno financeiro. É algo que faz bem, precisa crescer, precisa de investimento”, afirma.

Tem menos glamour e mais trabalho duro nesse processo. O que as empresas que estão tendo sucesso têm em comum são um empreendedor com capacidade de mobilizar o mercado para o público.

Allan Costa idealizador da Curitiba Angels.
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