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Rafael e Ângelo Nunes, da Nutrieduc: empresa começa a dar frutos após muita “pivotagem” – jargão que significa adaptar-se | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
Rafael e Ângelo Nunes, da Nutrieduc: empresa começa a dar frutos após muita “pivotagem” – jargão que significa adaptar-se| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Pesquisa

25% das startups fecham no primeiro ano

Segundo a pesquisa "Causas da Mortalidade de Startups Brasileiras", divulgada em outubro pela Fundação Dom Cabral (FDC), 25% das startups morrem antes de completar um ano de vida e metade, em quatro anos. O estudo aponta também três fatores para a alta taxa de descontinuidade: o número de sócios, o volume do capital investido e o local de instalação das empresas. A pesquisa foi realizada com 221 startups brasileiras, sendo que 130 estão em operação e 91 foram desativadas.

Uma das surpresas da pesquisa foi o fator humano, apontado como mais crítico. "Creio que, na prática, muitos empreendedores, investidores e apoiadores já haviam percebido isto e tomavam cuidados para manter um ambiente de diálogo e uma governança entre as partes, mas na literatura de startups se fala relativamente pouco a respeito", explica Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovações da FDC.

Segundo ele, startups sofrem mais riscos por questões tecnológicas. "Uma empresa nova tem como incerteza sua relação com o mercado. Já uma startup traz consigo um alto grau de incerteza tecnológica. É a combinação destes dois fatores que aumenta a chance de mortalidade."

Aceitar que nem sempre a primeira ideia vai dar certo é importante para sobreviver no mundo das startups. Aprender com erros e mudar para se adaptar melhor ao mercado faz parte do negócio. "Muitos projetos não dão certo, mas isso não significa que as empresas não vão funcionar. Aparecem problemas e as startups mudam, se desenvolvem", afirma a coordenadora da Incubadora da Universidade Positivo, Cláudia Abramczuck, mestre em Administração, Tecnologia e Inovação. A incubadora foi criada em 2008 para atender a comunidade da própria universidade e hoje conta com 14 startups graduadas e nove incubadas.

INFOGRÁFICO: Confira os principais erros mortais das startups

Uma startup pode enfrentar vários problemas, desde a parte mais burocrática e de organização empresarial, que deve ser resolvida com mentores ou consultores, até adaptações da ideia original ou do plano de negócios. Essa é a hora de pivotar –jargão da área que significa adaptar ou mudar algo, pensando principalmente no modelo de negócios desenvolvido pela empresa. "As pivotagens são normais. Quer dizer que a empresa está se desenvolvendo e buscando o melhor para o negócio", conta Rodrigo de Alvarenga, diretor nacional da Startup Grind.

A Nutrieduc é um exemplo disso. Foi criada em 2012 para desenvolver um aplicativo de controle de dieta por pontos. "Eu tinha outro trabalho e criei o aplicativo para Android nas horas livres", explica Rafael Nunes, CEO da empresa. Em dois anos registrou cerca de 20 mil downloads do aplicativo.

O bom resultado estimulou os próximos passos, que exigiram adaptações. O jovem deixou o trabalho para se dedicar apenas ao Nutrieduc, que deve se tornar um projeto muito maior. Chamou até o irmão Angelo para ajudar. A ideia é criar uma nova plataforma que envolva contadores para outros tipos de dietas e esportes, com espaço para o usuário compartilhar dados sobre seu estilo de vida com o médico. "Sempre tem problema. Gosto de comentar que existem dias de sol e dias de chuva, que questionam as nossas opções. Mas acreditamos no projeto e enfrentamos tudo", diz Rafael.

Começar de novo

Mesmo depois de pivotar, muitas empresas não conseguem entrar no mercado ou crescer em escala. Por isso, pode ser necessário mudar de ideia ou até terminar uma startup e começar outra. É importante, porém, encarar esse caminho como um aprendizado.

"No exterior essa experiência é muito valorizada. Aqui é visto como uma falha, um problema, mas na realidade gera um crescimento muito grande para o empreendedor. É necessário aprender com tudo", explica Alvarenga.

Vale da morte

Um momento crítico na vida de uma startup é conhecido como vale da morte, período entre o desenvolvimento da ideia e o começo das vendas em maior escala. É nesse período que as empresas precisam ter capital para manter o funcionamento da estrutura. "As startups que não estão preparadas morrem aí", diz Rodrigo de Alvarenga, da Startup Grind.

Redução de risco

Alguns cuidados durante o desenvolvimento de uma startup ajudam a diminuir os riscos:

Mercado

"É importante conhecer muito bem o mercado com o qual a empresa vai se envolver e desenvolver o modelo de negócios a partir disso", explica Cláudia Abramczuck, da Incubadora da Universidade Positivo.

Coworking e networking

Ter uma relação amigável com outros profissionais e um ambiente colaborativo podem ajudar a desenvolver ideias. Além disso, é importante que as pessoas diretamente envolvidas na startup tenham uma relação colaborativa.

Empreender

O perfil de empreendedor é fundamental. Tem que ter disposição para trabalhar muito e mesmo sem obter retorno, principalmente no começo.

Desapego

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