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O futuro do abastecimento elétrico municipal pode residir nos restos de comida gerados pelos seus habitantes. Pelo menos é essa a aposta da cidade de Keynshan, no sudoeste da Inglaterra, que está construindo uma usina que vai utilizar o processo de digestão anaeróbica (sem ar) a partir de resíduos orgânicos que saíram da mesa dos moradores locais.

O projeto realizado pela empresa Resourceful Earth irá transformar o gás metano gerado pelos dejetos alimentares em eletricidade que será usada para aquecimento residencial dos 16 mil habitantes. Com isso, a pequena cidade inglesa vai solucionar dois grandes problemas: o tratamento adequado dos resíduos orgânicos e a geração de energia mais barata, ambos por meio de um processo com baixa emissão de carbono.

A partir do primeiro semestre de 2017, a cidade já poderá contar com a usina para fornecer 80% do consumo elétrico local. A energia que chegará a população por meio desse processo ainda não tem preço definido, mas tudo indica que será mais em conta do que a produzida pelos meios convencionais. A planta custará 8 milhões de libras, aproximadamente US$ 9,8 milhões de dólares – valor que não é considerado tão caro para esse tipo de empreendimento, de acordo com matéria divulgada no site americano CityLab.

A combinação de gerenciamento de resíduos e geração elétrica distribuída promove um ciclo virtuoso de redução de emissões de carbono (um dos gases responsáveis pelo efeito estufa), aterros menores, menor infraestrutura de transmissão de energia e barateamento da eletricidade. A iniciativa que propõe o reaproveitamento sistemático dos dejetos alimentares pretende se tornar a primeira rede de tratamento, geração e distribuição local, com potencial para servir individualmente cidades de porte variados.

Como funciona

A tecnologia para a digestão anaeróbica (sem ar) que transforma resíduos orgânicos (biomassa) em biogás, como o metano, é a mesma usada no tratamento de esgoto para geração de energia. Nesse sistema, o metano – obtido pela quebra da biomassa por bactérias – é captado e queimado para produção de energia.

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Vários países europeus, como a Alemanha, já investiram em centrais elétricas a base de resíduos alimentares, que geralmente possuem rendimento energético superior ao da lama de esgotos, segundo o CityLab. O diferencial da planta de Keynshan está no seu propósito: tornar-se a primeira rede nacional de tratamento de lixo para geração e distribuição local de energia em comunidades de diversos tamanhos.

Ao lidar de maneira sustentável com o desafio da destinação do lixo produzido na cidade, a geração de renda decorrente do processo de energia também é aplicada localmente, trazendo benefícios diretos aos moradores da região. Outra vantagem apresentada por essas usinas é o uso do resíduo principal do processo, chamado de digestate, na produção de fertilizantes para a agricultura.

Caso fossem instaladas em todo o país, essas usinas poderiam auxiliar o Reino Unido a atingir suas metas de emissão de carbono de 80% de redução para o montante emitido entre 1990 e 2050, de acordo o site americano. Isso tudo sem aumentar os custos em energia.

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