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Planta do Rig Thor, na Islândia, que deverá fornecer 10 vezes mais energia do que os processos atuais. | Reprodução/Statoil
Planta do Rig Thor, na Islândia, que deverá fornecer 10 vezes mais energia do que os processos atuais.| Foto: Reprodução/Statoil

Um dos objetos mais famosos da mitologia nórdica, o martelo do deus Thor teria sido uma ferramenta com a capacidade de aplainar montanhas. Por conta dessa função, o instrumento fictício tem sido comparado a uma máquina perfuradora instalada na Islândia. Parte do projeto “Iceland Deep Drilling Project” (IDDP), o mecanismo está “martelando” entre duas placas tectônicas, na região da cordilheira subterrânea conhecida como Dorsal Mesoatlântica. A partir desse processo, a máquina pretende atingir o magma terrestre , de onde obterá energia elétrica de uma maneira até então nunca realizada. As informações são do jornal Daily Mail.

A geração de eletricidade a partir da energia geotérmica já é um método utilizado na Islândia, onde é responsável por 65% do abastecimento do país. O IDDP, no entanto, se diferencia pela intenção de atingir não apenas áreas quentes das profundezas da Terra, mas também o magma. Para isso, a equipe irá escavar quase cinco quilômetros subterrâneos, atingindo os fluxos de magma da Islândia. A essa profundidade, as temperaturas deverão se encontrar entre 400 e 1.000 graus celsius.

Planta do Rig Thor, equipamento de obtenção de energia geotérmica.Reprodução/IDDP

Caso seja bem sucedido, o equipamento poderá levar a uma revolução na eficiência de energia obtida por meio de áreas geotérmicas de alta temperatura ao redor do mundo, conforme o Daily Mail. Isso aconteceria pela diferença de quantidade energética obtida em comparação à produzida pelos processos geotérmicos atuais. Enquanto um poço que atingisse o magma poderia gerar 50 megawatts, um poço geotérmico comum consegue gerar apenas cinco megawatts.

Descoberta acidental

O grupo de pesquisa decidiu investir no projeto depois de ter descoberto acidentalmente, em 2009, uma reserva de magma localizada apenas dois quilômetros abaixo da superfície. Os sensores da máquina perfuradora apontaram que uma área com temperaturas de 1.000ºC havia sido atingida, e estava gerando ventos super quentes de vapor. A descoberta em Krafla, no Nordeste da Islândia, resultou no poço geotérmico mais poderoso já aberto até então.

Agora, o IDDP tem a intenção de produzir resultados em uma escala ainda maior. A quantidade de energia que será produzida pelo poço do IDDP será suficiente para abastecer 50 mil casas – enquanto isso, os modelos atuais conseguem fornecer energia para apenas cinco mil residências.

Na profundidade determinada, a pressão intensa leva a água a atingir um estado chamado de “supercrítico”, cuja forma não é sólida, líquida nem gasosa – e contém muito mais calor do que qualquer um desses estados físicos.

Sistemas geotérmicos

Sistemas geotérmicos são uma tecnologia que utiliza buracos de grande profundidade para atingir camadas quentes do interior da Terra. Em grandes profundidades, as altas temperaturas fazem com que a água termal se torne vapor. Por meio dos buracos produzidos, o vapor sobe à superfície, é purificado e utilizado para movimentar turbinas, que são geradoras de eletricidade.

Para que o sistema funcione, é necessário que haja água subterrânea no local, ou que a água seja conduzida até a perfuração. “Antes do IDDP, já haviam perfurado essas rochas na profundidade que queremos, mas nunca antes o fizeram com um sistema fluído como este”, explicou ao site New Scientist Albert Albertsson, diretor da HS Orka, empresa de energia envolvida no projeto.

Essa foi a segunda vez, em toda a história, que se conseguiu perfurar a Terra até o magma – a primeira vez foi no Havaí, em 2007, quando o buraco foi selado com concreto. Dessa vez, entretanto, cientistas decidiram desenvolver algumas pesquisas geotérmicas na perfuração. O objetivo principal do projeto é descobrir se é viável extrair energia e substâncias químicas de sistemas hidrotérmicos em condições extremas, e aproveitar a água supercrítica.

O IDDP está perfurando a terra desde o início de agosto, e a previsão é que esse processo se encerre no fim de 2016. Depois dessa fase, o projeto entrará em testes por dois anos e meio.

Colaborou: Cecília Tümler

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