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O que vem por aí

Conhecimento ampliado

Pessoas serão valorizadas não somente pelo conhecimento em sua área. As empresas desejarão funcionários com interesses em diversos assuntos e que estabeleçam conexões entre temas e áreas diferentes.

Trabalho em grupo

O trabalho individual cederá cada vez mais espaço para o trabalho em grupo.

Troca de ideias, discussões e debates serão mais importantes nas organizações.

Rede de relacionamentos

O bom profissional saberá cultivar e manter uma rede de relacionamentos funcional, abrangendo pessoas de diferentes áreas. O networking será mais valorizado.

Tecnologia para interagir

A tecnologia continuará a evoluir, e no trabalho será crucial ter as ferramentas tecnológicas para unir colaboradores de diferentes locais e setores.

Menos rotina

Hierarquias e horários tendem a se flexibilizar, bem como funções e cargos.

Lançar desafios

Organizações que projetam o futuro lançam desafios internos e não esperam momentos de crise para inovar.

Pessoal e profissional

O limite entre vida pessoal e profissional se diluirá, porque os interesses do indivíduo farão parte do trabalho e vice-versa.

Experiências pessoais

Organizações buscarão colaboradores com riqueza e variedade de experiências pessoais, hobbies e interesses.

Produtividade

A formatação do local de trabalho, o design do mobiliário e a arquitetura das empresas prezarão o trabalho em grupo, interação e produtividade.

Ideias inovadoras

Não basta colocar em prática novos formatos e processos de gestão sem realmente valorizar e acreditar na inovação. As organizações deverão estimular a multiplicação de ideias e novas soluções.

Sustentabilidade

Departamentos de sustentabilidade e meio ambiente terão papel real de destaque e interação com todas as áreas. A demanda por profissionais desse setor será cada vez maior. Conduzir a empresa a permear sustentabilidade em todos os processos será questão de sobrevivência.

Se dos anos 90 para cá a tecnologia e a evolução nos modelos de administração foram peças-chave das transformações, o que provocará as maiores alterações nos próximos 20 anos? Ou como estarão as profissões daqui a pouco, em 2020?

Escritores, consultores e pensadores foram convidados a apresentar respostas. A primeira impressão é que elas não existem. O que não é ruim, pois a diretiva principal dos que se dedicam a projetar os próximos anos é, justamente, questionar e instigar o pensamento, sem concessões a fórmulas prontas.

Logo vem a constatação de que o ponto de interrogação não é tão grande, nem enigmático. Se não existe um guia de viagem rumo ao futuro, há inúmeras ferramentas à disposição. Funcionam como placas no caminho do viajante. A questão é decidir para qual lado seguir – e as escolhas aparecem a todo momento, pois o futuro está sempre à nossa frente.

Autoconhecimento

Quem busca uma profissão de futuro deve começar o processo com uma jornada de autoconhecimento. Assim recomenda o engenheiro e professor da pós-graduação do Centro Universitário FAE, Ruy Sant'Ana. Ele se dedica a pensar o futuro. É consultor do projeto FAE 2020, que prepara a instituição de ensino para evoluir e se manter como organização de ponta nas próximas décadas. Para isso, Sant'Ana pesquisa, lê, viaja e se cerca de pessoas de diferentes áreas do conhecimento. Em um amplo escritório, todos compartilham a curiosidade por descobertas e ideias, e o gosto pelo exercício do pensamento e da criatividade.

"Parece óbvio dizer isso, mas é fundamental: cada ser humano é único. Toda pessoa tem um talento peculiar. Descobri-lo é o primeiro passo. Desenvolvê-lo e trabalhar com ele é a chave para a felicidade, um valor inestimável. Temos que trabalhar felizes."

Alinhar valores

Empregabilidade é item que deve ser levado em conta, mas não como diretriz principal. "Ela é muito valorizada nas instituições de ensino, principalmente em escolas de negócios. Mas, como professor, vejo que somente 30% dos alunos estão fazendo o curso que realmente querem, de acordo com seus talentos. O que mais se vê é a pessoa ser A, estudar B e trabalhar com C", observa Ruy Sant'Ana. "Importante é o indivíduo estar alinhado com seus valores."

O sociólogo italiano Domenico di Masi considera a felicidade fator intrínseco para o sucesso no trabalho. Sant'Ana acrescenta: o trabalho criativo e a capacidade de estabelecer conexões entre diferentes áreas do conhecimento serão habilidades cada vez mais valorizadas. Quem trabalha feliz, ressalva, tem muito mais condições de desenvolver essas qualidades.

Por isso ele identifica para o futuro próximo uma integração cada vez maior entre vida pessoal e profissional. "Quando o trabalho está dentro dos seus interesses, as coisas não se separam. Tudo passa a fazer parte. É uma coisa só, é a sua vida: aprendizado, trabalho e lazer." Para identificar talentos e interesses e projetar a carreira, Sant'Ana propõe um exercício individual: aplicar no plano pessoal o planejamento de uma empresa.

Definir missão

"Descubra e estabeleça sua missão. Assim como uma organização precisa definir seu objetivo, para que ela existe, uma pessoa também pode responder com objetividade a estas perguntas: Qual é minha missão? Para que estou no mundo?", explica Sant'Ana.

Alguns exemplos de missões empresariais citadas por ele: "Aliviar a dor e a doença", da Johnson &Johnson; "Levar ternura e espiritualidade ao próximo", da Ordem Madre Teresa de Calcutá.

Definida a missão, o indivíduo pode estabelecer seus valores e criar visões de futuro. Sobre o qual, aliás, Ruy Sant'Ana tem uma afirmação: não há como prevê-lo. Devemos então construir o futuro, baseados em nossos objetivos.

"Como vai ser? Ninguém sabe. Vamos discutir sobre isso e criar cenários possíveis", aponta.

Sucesso e crise

"Crise de êxito" é como o consultor e escritor espanhol Enric Segarra define o momento em que uma organização questiona sua própria posição. Em outras palavras: a empresa não espera a crise. Ela se lança para a renovação enquanto experimenta sucesso. "Essa é a hora do desafio. É assim que a empresa sobrevive e se fortalece para as próximas décadas: renovando-se constantemente", explica.

Professor associado do Departa-mento de Direção de Operações e Inovação da Esade Business School, na Espanha, ele lançou, em Curitiba, o livro Empresas Ganhadoras – Qual o Segredo? Quais as suas Estratégias?

Na obra, Segarra analisa a história de organizações que, segundo ele, "romperam as regras do jogo" e partiram para o desafio. Entre elas, Hewlett-Packard, Google, Apple e RyanAir.

Ele escreveu o livro depois de passar um ano no Art Center College of Design, na Califórnia, EUA, para onde foi por iniciativa própria: "Estudei artes para desenvolver diferentes habilidades do cérebro e o pensamento criativo, que escolas de administração e negócios não ensinam".

Questão de sobrevivência

Falar em sustentabilidade não é teorizar sobre um futuro distante: virou questão de sobrevivência para as empresas no mundo globalizado. Na COP-15, Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada em março deste ano, em Copenhague, a iniciativa privada mostrou estar mais adiantada no tema do que os governos de diversos países.

No Copenhague Business Day, dedicado a empresas, executivos de corporações globais debatiam seriamente a concentração de carbono na atmosfera – pauta inimaginável na agenda de um CEO até poucos anos atrás.

Negócios, ciência e cultura

Novos líderes precisam conhecer ciência, clima, culturas e comportamento humano para atuar em diversos países. A nova realidade que bate à porta é: para participar do mercado global, sobreviver e crescer nele, as organizações terão de reduzir a emissão de gases poluentes, reportar as iniciativas de sustentabilidade aos órgãos competentes, e também comunicá-las a acionistas, clientes e consumidores de forma transparente.

Atacar a si mesma

"O segredo do sucesso é a empresa ter coragem e ousadia para fazer o ataque a si mesma", explica o professor Enric Segarra. Se ousadia e coragem estão na lista dos adjetivos das empresas bem-sucedidas, a eles se somam outras qualidades para se manter no futuro. As organizações devem apostar em mentes criativas e estimular o pensamento subjetivo. Também precisam incentivar os líderes a cultivar humildade. "O líder do futuro é o que aponta caminhos e convence a equipe. Ele deve ter humildade para participar do grupo de trabalho e não se isolar na liderança." O mesmo se aplica a empresas líderes: não se isolar jamais.

Ideias são coletivas

Steven Johnson, escritor novaiorquino que vem estabelecendo com sucesso conexões inusitadas entre diferentes áreas, como história, ciência e tecnologia, aponta, em seu novo livro, uma questão importante para as empresas do futuro: compreender que as boas ideias não surgem individualmente.

Baseado em diferentes experiências e pesquisas, Johnson afirma que a humanidade acredita erroneamente no mito do "Eureka": ideias surgindo em um momento de inspiração individual, de "insights" solitários. A realidade é oposta. "Boas ideias são coletivas. São fruto de intercâmbios, de pesquisas, de conversas informais e de trabalhos em grupo", apontou em uma palestra recente no evento TED – Ideas Worth Spreading (leia abaixo em Serviço).

Podemos mudar

Otimista, o professor de Sociologia do Trabalho Domenico di Masi – mundialmente famoso pelo livro O Ócio Criativo – diz que o ser humano tem ferramentas e habilidades para mudar a forma como trabalha e vive, aponta Ruy Sant'Ana, fã declarado do pensamento do italiano. A tecnologia deve ser vista como aliada para transformações e conexões, e não como a inimiga que invadiu a vida pessoal e trouxe o trabalho para dentro de casa, resume o consultor.

Di Masi e outros pensadores apostam que no futuro haverá menos corporações gigantescas e mais empresas pequenas, colaborando para resultados e objetivos comuns. O sociólogo italiano também alerta para a importância crescente da qualidade de vida, sustentabilidade, uso inteligente de recursos naturais e preservação do meio ambiente.

Serviço:

A palestra de SteveJohnson sobre sua recém-lançada obra – Where Good Ideas Come From – está disponível no site do TED (www.ted.com), organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos. Dezenas de outras palestras, todas de pessoas com ideias inovadoras, também podem ser vistas no site.

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