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A capital paranaense teve a maior inflação no custo de vida do país em 2011, com os preços dos serviços, principalmente, crescendo bastante | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A capital paranaense teve a maior inflação no custo de vida do país em 2011, com os preços dos serviços, principalmente, crescendo bastante| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

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São José vai criar distrito logístico no Afonso Pena

Terceira maior economia do estado, São José dos Pinhais deve começar neste ano a reformular o plano diretor para permitir a instalação da companhias de serv­­i­ços de transporte em um novo distrito logístico, próximo ao Aero­­porto Internacional Afon­­so Pena.

Para o projeto virar realidade, ainda é necessária a construção de mais uma pista no aeroporto e a ampliação do terminal de cargas. Com a concessão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Vira­copos (SP) e Brasília, a Infraero revelou em dezembro à Gazeta do Povo que pretende se fazer valer do terminal paranaense para concentrar suas ações de transporte de cargas – o que deve acelerar o andamento dos projetos.

A ideia de São José dos Pinhais é atender à demanda dos três estados do Sul e reduzir em pelo me­­nos 30% o volume de cargas da região que hoje vão a Guarulhos e Viracopos, em São Paulo.

A prefeitura também está em negociação com a UTFPR para levar um câmpus da universidade para lá. Além do setor automotivo, São José dos Pinhais tem um parque industrial formado por empresas de alimentos, cosméticos e instrumentos de alta tecnologia que podem se beneficiar de am­­bos os projetos.

Frutas e verduras rendem R$ 1 bilhão

Novas tecnologias e cultivares fortalecem o chamado "Cinturão Verde" de Curitiba, que produz um terço das hortaliças e 23% das frutas do estado.

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Contrastes e oportunidades marcam RMC e Litoral

Enquanto a capital, São José dos Pinhais e Araucária concentram os maiores PIBs do estado, os vizinhos Piraquara, Almirante Tamandaré e Fazenda Rio Grande sofrem com o baixo nível de desenvolvimento econômico.

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Polo automotivo ganha novos investimentos

Renault, Sumitomo e Sinotruck começam a colocar os planos anunciados em 2011 em prática neste ano, reforçando a terceira maior força do setor no país, a RMC.

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Na lanterna, Piraquara "incha" e quer compensação

Com a alta dos preços dos terrenos em Curitiba, a cidade vem recebendo novos empreendimentos, mas que são ocupados com gente que não trabalha ou consome lá.

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Faltam projetos e foco para Curitiba

Economista diz que planejamento da cidade se limita "ao orçamento do próximo ano", sem uma visão de longo prazo.

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A economia de Curitiba mais que dobrou de tamanho em sete anos. Em 2002, o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade era de R$ 20,2 bilhões, montante que cresceu 127% e alcançou R$ 45,8 bi­­lhões em 2009, gerando mais empregos, empresas e negócios. Mas junto com o crescimento econômico cresceram também os problemas na área de infraestrutura urbana e no aumento dos preços de produtos e serviços. Atividades cotidianas, como pegar um táxi em dias de chuva, dirigir do trabalho para casa, conseguir um quarto de hotel ou ir ao restaurante preferido po­­dem se tornar um desafio.

O trânsito se ressente da explosão da frota de veículos, que cresceu 20% desde 2007. A cada dez habitantes da cidade, sete têm automóvel. O boom imobiliário jogou para cima os preços dos imóveis, que acumulam valorização média de 39% em dois anos. Para completar, a compra do supermercado e o serviço de lavanderia estão mais salgados. A cidade teve a maior inflação no custo de vida do país em 2011. "Curitiba vive um ce­­nário típico dos grandes centros urbanos, em que a concentração de renda e de serviços em uma determinada região provoca forte pressão sobre infraestrutura e serviços públicos", afirma o economista Christian Luiz da Silva, professor da Universidade Tecno­­­­lógica Federal do Paraná (UTFPR).

As "dores" do crescimento ocorrem principalmente quando a economia avança mais rápido que a capacidade de planejamento do governo e das empresas. "Não crescemos tanto assim, mas mesmo assim não estamos preparados para isso", diz.

Curitiba está mais cara também em decorrência da escassez de mão de obra e do aumento da renda e do emprego, segundo o economista Fábio Tadeu Araújo, professor da Pontíficia Univer­si­­dade Católica do Paraná (PUCPR). "Isso fica evidente na alta dos preços dos serviços", diz. Para ele, o zoneamento da cidade, que dá prioridade aos grandes eixos de transporte, acaba concentrando a população e o fluxo de veículos em determinadas regiões da cidade. "Com o boom imobiliário, esses dois movimentos se reforçam mutuamente", afirma.

Projeto

Segundo o diretor administrativo e financeiro da Agência Curi­ti­­ba de Desenvolvimento, Ma­­noel Tadeu Barcelos, está sendo desenvolvido, em parceria com o Banco Interamericano de Desen­volvimento (BID), um estudo que vai propor soluções para melhorar o fluxo de mercadorias e serviços em Curitiba e região. "Ele já está 60% pronto e devemos apresentá-lo em meados deste ano", afirma. O BID está colocando US$ 1 milhão a fundo perdido no projeto, que deve ser pioneiro na América Latina.

Curitiba tem potencial para continuar a crescer em ritmo acelerado nos próximos anos – o que deve gerar mais pressões sobre a vida dos moradores da cidade. Segundo Barcelos, o desenvolvimento econômico é transversal a outras áreas, como saúde, segurança e educação, gerando novas demandas.

A solução para os problemas, porém, nem sempre é de fácil aceitação. "A cidade precisa ser repensada. No caso do trânsito, a julgar pelo avanço da frota, talvez se tenha de avaliar propostas como rodízio e pedágio urbano no futuro", afirma Araújo, da PUCPR.

O desenvolvimento nos próximos anos também terá de passar pela integração efetiva com os municípios da região metropolitana, segundo economistas. "Hoje há uma integração de transporte, mas questões como o lixo, a segurança pública e o uso de terras mostram que estamos longe de um caminho para um desenvolvimento alinhado", afirma Silva, da UTFPR. Sem esse alinhamento, os problemas da capital e das cidades vizinhas tendem a se agravar. "Isso depende de gestão política e visão de estado."

Indústria deu lugar ao setor de serviços

Curitiba mudou mais fortemente seu perfil econômico na última década, quando o setor de serviços, em especial o ligado às áreas tecnológica e financeira, ganhou fôlego. Até então predominava o modelo industrial, inaugurado com a criação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) na década de 1970, e a instalação de empresas como Volvo e Case New Holland.

"Hoje há poucas áreas para instalação de indústrias na cidade. O foco passou a ser tecnologia, pesquisa e inovação, principalmente a partir da criação do Tecnopar­­que", diz o diretor administrativo e financeiro da Agência Curitiba de Desenvol­vimento S.A., Ma­­noel Tadeu Bar­­celos. A cidade tem 150 empresas instaladas com incentivos no Tec­­noparque e no Parque de Soft­­ware, pagando um salário mé­­dio de R$ 2,5 mil.

Mas economistas defendem uma maior diversificação. "O risco de deixar de lado o setor industrial e se concentrar em serviços é que esse último apresenta alto índice de mobilidade. É muito fácil, para um banco, por exemplo, deslocar operações administrativas e de comando para outros locais. Diferentemen­­te de uma linha de produção’, afirma Christian Luiz da Silva, da UTFPR.

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