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Para uma inovação sair do papel para o plano da realidade, não basta uma ideia, é preciso romper uma série de barreiras, principalmente financeiras. "Quando um cidadão americano desenvolveu uma máquina de copiar documentos, conseguiu US$ 1 milhão no Bank of America. Foi assim que nasceu a Xerox", conta Ozires Silva, ex-presidente da Varig e da Petrobras, fundador da Embraer e autor do livro Cartas a um Jovem Empreendedor (Editora Elsevier).

"Fico imaginando o que teria ocorrido se esse inventor fosse brasileiro", questiona. Ele considera que o apoio às inovações é papel principalmente da iniciativa privada, já que, para ele, "criatividade anda junto com a liberdade". Mesmo com um invejável currículo de sucesso como empreendedor, Ozires Silva teve imensa dificuldade no Brasil para conseguir investimento para um novo projeto na área de biotecnologia. "Tive que ir buscar dinheiro na França", conta. Silva diz que no Brasil não se percebem as possibilidades de retorno de um produto inovador. "Nos EUA, sabe-se que, de cada dez tentativas, uma dá certo – mas é suficiente para pagar as outras nove."

Para explicar o sucesso do empreendedorismo americano, país responsável por 33,5% das patentes em todo o mundo, segundo dados Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), o economista americano William Baumol, em seu livro Good Capitalism, Bad Capitalism [ainda sem edição brasileira], descreve a existência de quatro tipos de capitalismo. O primeiro seria o capitalismo oligárquico, no qual algumas famílias ricas controlam os meios de produção e barram qualquer inovação – tipo comum em países africanos.

No segundo tipo, característico do Brasil, quem comanda a economia é o governo, que tem dificuldade em identificar os setores mais promissores, fazendo com que o crescimento se esgote. O terceiro tipo de capitalismo seria o de grandes companhias, para Baumol, ilustrado pelo exemplo japonês. O quarto tipo contemplaria o capitalismo empreendedor, no qual inovações são feitas principalmente por pequenas empresas muito criativas, como as empresas do Vale do Silício, nos EUA. A conclusão de Baumol é que o ideal é a combinação dos dois últimos tipos, no qual "David e Golias andariam juntos". (MRS)

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