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Em uma estratégia para tentar ganhar espaço sobre os bancos privados, a Caixa Econômica Federal foca em mais de um milhão de pessoas com direito de sacar altas quantias de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A ofensiva da instituição prevê entrar em contato com trabalhadores que têm valores altos a receber, de R$ 20 mil a R$ 1 milhão, além de oferecer a abertura de conta para todos que ainda não são correntistas.

Esse procedimento, em princípio, não conta com a aprovação da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça. Procurado, o órgão informou, em nota, que cabe ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tratar de temas concorrenciais, mas avaliou que a Caixa não deveria usar dados cadastrais sem consentimento dos clientes: “Entendemos que a CEF não pode se utilizar, sem o prévio consentimento, dos dados cadastrais para oferecer produtos”.

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Já o Cade afirmou que não vê problemas na estratégia: “A atuação da instituição não fere o direito da concorrência por ela usar de um banco de dados que dispõe”.

Mesmo sem ser correntista ou ter caderneta de poupança, quem tem conta do FGTS ou é beneficiário de programas como o Bolsa Família também é considerado “cliente” pela Caixa. Isso significa que o banco tem os dados da pessoa, inclusive o telefone celular. Para ter acesso ao saldo das contas inativas, por exemplo, os clientes preenchem um cadastro com o número de telefone. Com esses dados em mãos, os gerentes da Caixa contatam facilmente os beneficiários das contas mais altas.

Mesmo polêmica dentro do governo, a estratégia começa a dar resultados. No primeiro sábado em que as agências funcionaram apenas para atender pessoas com contas inativas, foram abertas 1.915 cadernetas de poupança e 231 contas correntes. Para integrantes da instituição, esse montante pode ser considerado um sucesso, uma vez que ainda falta bastante tempo para o resgate do dinheiro do Fundo.

Segundo a Caixa, há 18,6 milhões de contas inativas no FGTS, um saldo de R$ 41 bilhões. Do total de pessoas que têm contas inativas, 9,9 milhões já possuem poupança na Caixa e 2,4 milhões, conta corrente. Alguns beneficiários, no entanto, podem ter os dois.

Para quem já tem conta corrente na Caixa, a ordem é segurar o investimento na instituição, oferecendo de caderneta de poupança a aplicações mais rentáveis. Fontes da instituição acreditam, porém, que é possível ganhar espaço no mercado, porque o movimento nas agências do banco começará a aumentar este mês, quando os saldos serão liberados, a partir do dia 10, para pessoas que fazem aniversário em janeiro e fevereiro.

“Há um milhão de clientes com valores altos, de R$ 20 mil a até R$ 1 milhão. Para essas pessoas, temos uma abordagem”, disse uma fonte da instituição, sob a condição de anonimato.

Um dos argumentos da Caixa para atrair novos clientes é a comodidade de não precisar enfrentar filas quando os saques forem liberados. Com uma conta ou uma poupança do banco, o dinheiro será creditado automaticamente. Por isso, os funcionários ofertam a abertura de conta para todos que ainda não são correntistas.

Cada agência da Caixa tem sua linha de corte do saldo que quer atrair. Nas maiores cidades, a ideia é dar preferência a contas acima de R$ 20 mil. Já em municípios menores, os gerentes podem ligar para clientes com saldo, por exemplo, de R$ 5 mil. A ordem é procurar dos maiores para os menores.

“É uma abordagem por cliente: abra conta, receba o cartão em 15 dias e transfira tudo. Não precisa ir na muvuca”, comentou uma fonte. “É um trabalho diferenciado que está sendo feito.”

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