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| Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O dólar já subiu quase 25% em relação ao real neste ano, com a cotação atualmente oscilando acima de R$ 3,30. O movimento foi influenciado por vários fatores e tem algumas implicações para o brasileiro. Tentamos responder cinco questões para explicar a alta do dólar e seus efeitos.

1. Por que o dólar tem subido nas últimas semanas?

Três fatores estão pressionando as cotações do dólar: a perspectiva de alta nos juros dos Estados Unidos, o esforço fiscal menor no Brasil e a instabilidade no mercado acionário da China. Dos três, o mais importante é o comportamento dos juros nos EUA. A economia americana vem apresentando bons números (cresceu a uma taxa anualizada de 2,3% no segundo trimestre) e isso deve levar o FED (banco central dos EUA) a subir os juros. Com isso, a tendência é que haja um fluxo menor de recursos para países emergentes, como o Brasil. A situação da economia brasileira é mais frágil do que a de outros emergentes porque o país ainda corre o risco de perder o grau de investimento, o que levaria a uma saída maior de recursos de investidores – muitos fundos só podem aplicar em títulos considerados seguros. O fator China adiciona incerteza ao cenário, mas por enquanto a queda das bolsas no país asiático não parece ter afetado seu sistema financeiro.

2. É hora de comprar ou vender?

O câmbio é uma variável muito volátil e com alto grau de especulação. A recomendação de especialistas em finanças pessoais é que a compra de moeda estrangeira seja feita para pagar gastos programados. Para quem vai viajar, por exemplo, o melhor é comprar dólares para se proteger de uma disparada da moeda – pode valer a pena comprar aos poucos, o que permite aproveitar momentos de queda da cotação.

3. O dólar está caro ou barato?

Muita gente vem criticando comparações da cotação do dólar hoje com seu valor passado. O valor nominal, sem descontar a inflação, da moeda americana está em seu maior nível em 12 anos. Seu valor real, no entanto, é mais complexo de se estabelecer. Além de descontar a inflação nos Estados Unidos e no Brasil ao longo dos anos, é preciso levar em conta fatores como mudanças de produtividade e de dispersão da inflação na cesta de produtos. A conta não é consenso nem mesmo entre economistas. A revista The Economist faz uma conta mais simples, em que compara o preço do Big Mac, criando um índice. Por esse critério, o real estaria já subvalorizado cerca de 10% em relação ao dólar. Mesmo assim, é a nona moeda mais valiosa em uma lista de 48 países. Entre 2002 e 2003, quando houve uma crise cambial, a subvalorização chegou a 50%. Eu outras palavras, o real está mais valorizado do que há 12 anos, apesar de o câmbio nominal ser o mesmo.

4. Há risco de haver uma disparada do dólar como em 2002?

A expectativa de mercado é que não haja uma maxidesvalorização, como no período eleitoral de 2002. Apesar dos números ruins da economia, o Brasil tem mais dólares em suas reservas (são mais de US$ 300 bilhões) para evitar uma disparada descontrolada da moeda americana. Além disso, a crise tem feito com que o déficit externo, que beirava os 4% do PIB, caísse no primeiro semestre – em grande parte porque o país está importando menos. Isso não significa que não haverá solavancos e momentos de estresse. A confirmação da alta dos juros nos EUA e o rebaixamento da nota de crédito do Brasil podem levar a disparadas pontuais no dólar.

5. Qual o efeito da alta do dólar no bolso do brasileiro?

Historicamente, desvalorizações cambiais pressionam a inflação. Isso ocorre porque produtos e insumos importados são rapidamente reajustados. Neste momento, a recessão é um impeditivo grande para que o repasse aos preços seja integral. Outro fator positivo é que os preços das commodities (petróleo, minério de ferro, produtos agrícolas) está em baixa, o que minimiza os efeitos do câmbio sobre os preços internos. O impacto maior será nos preços de produtos sem substitutos nacionais e com alto valor agregado, como eletrônicos e bebidas.

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