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 | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O dólar já vinha em queda neste ano, 22% de março até agora. Mas, nas últimas semanas, veio o tombo: 4,5% desde o início do mês. A moeda, que ficava acima dos R$ 3,20 na maior parte do tempo, agora está quase sempre abaixo dessa linha. E pode até cair outro tantinho. Alguns analistas já falam em dólar a R$ 3, mas não se sabe quando.

Então, quem está pensando em viajar, já deve começar a pesquisar nas casas de câmbio e a fazer as compras, mesmo com repiques de alta, como o desta quarta-feira. Afinal, a moeda não subiu muito – por volta das 15h30, o dólar estava a R$ 3,14.

E, embora a tendência de queda permaneça, não se deve esperar outro tombo tão em breve. Acontece que os motivos para a desvalorização do dólar são vários. Mas foi o movimento de repatriação de recursos que fez a moeda americana derreter nos últimos tempos, e esse processo tem data para acabar: no dia 31 deste mês, termina o prazo.

“É melhor não postergar essa compra e correr o risco da variação cambial estragar sua viagem, caso algo excepcional aconteça e a moeda suba de verdade”, diz Vladimir Timerman, gestor da Samba Investimentos. “O mesmo vale para quem vai usar euros. A hora de comprar é agora”, reforça.

Além do mais, os valores que aparecem nas notícias são do dólar comercial, uma referência para o mercado. Quem vai à casa de câmbio não encontra essas cotações. É melhor verificar as cotações em ao menos três estabelecimentos confiáveis, especialmente se pretende usar o cartão pré-pago internacional — neles, as cotações são mais altas do que no dólar em espécie.

As casas de câmbio ganham dinheiro comprando no atacado, ao preço do dólar comercial e vendendo no varejo, explica Timerma. É normal que o dólar turismo custe de 4% a 6% mais que o dólar comercial. Só que, quando a demanda é muito grande — ou seja, tem muita gente indo às casas de câmbio comprar dólares —, a cotação sobe.

Investimentos

Muita gente — no mundo todo — gosta de comprar dólares para fazer uma reserva. Só que, se é para ganhar dinheiro, há opções mais eficientes, que hoje em dia estão acessíveis até para quem tem um volume limitado. Com R$ 1.000, por exemplo, já dá para entrar em fundos de investimentos sofisticados, por meio das distribuidoras.

“Acho que opções mais diversificadas, como fundos multimercado, fazem muito mais sentido num momento com o atual, ao invés de comprar algo mais “diretamente” linkado com o dólar. A volatilidade pode aumentar, e uma gestão mais ativa é interessante”, explica Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.

Timerman, da Samba Investimentos, concorda. E faz a conta: se você comprar dólar a R$ 3,10 hoje, só terá lucro razoável se a moeda americana estiver valendo R$ 3,50 daqui a um ano.

“Para comprar US$ 10 mil, o investidor gasta R$ 31 mil. Se colocar este dinheiro em um titulo pré-fixado com vencimento em um ano, terá cerca de R$ 35 mil no fim do período”, diz.

E, quem realmente faz questão de aplicar em câmbio — digamos que pensando num curso no exterior, a ser feito no médio prazo —, pode lançar mão dos fundos cambiais. Neste caso, é importante checar as taxas de administração.

Por que o dólar está caindo

Uma série de fatores explica a queda do dólar. O mercado de câmbio, como todos os outros, vive na lei da oferta e da demanda. Se há muita oferta de alguma coisa, o preço dela cai. Assim acontece com o dólar.

Os juros estão muito baixos nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos e muito altos nos Brasil. Por isso, os investidores internacionais vêm para cá aplicar seu dinheiro, em Bolsa e em títulos públicos, para ganhar com os juros. Em especial, eles optam pelo Brasil, pois aqui os juros são os maiores de mundo, e esta é uma forma segura de lucrar bastante e com segurança.

Em algum momento, os EUA vão aumentar os juros — isso pode começar neste fim de ano —, mas será aos poucos. Aqui no Brasil, os juros começaram a cair, mas também muito lentamente. Por isso, os estrangeiros continuam animados, mandando dólares para cá. Esses são fatores de longo prazo, que explicam porque a tendência das cotações é de queda.

Além disso, mais recente, o programa de repatriação de recursos incentivou muitos brasileiros a trazer de volta recursos que mantinha no exterior. Assim, tem muito dólar entrando no país.

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